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foco
À base de cafezinho e marchinha, partida às 8h tem olheira e chiadeira
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Tradicional palco de peladas na zona sul do Rio, os
campos do Aterro do Flamengo ainda estavam vazios
quando perto dali a delegação
do Madureira saía, ontem às
6h, do hotel Regina para o primeiro jogo do segundo turno
do Estadual do Rio.
Forçados por uma decisão
da Justiça do Trabalho, Madureira e Boavista abriram o
segundo turno do torneio às
8h, em Madureira (zona norte). No mesmo horário, Bangu e Resende jogaram em Resende (sul do Estado do Rio).
O horário desagradou aos
jogadores. Ainda com olheira
e a voz embargada, o zagueiro
Santiago, do Boavista, disse
que o sono não o abandonara
45 minutos antes do jogo.
"Viemos todos dormindo
no ônibus", informou ele.
Já o meia Alex Oliveira, do
Madureira, foi mais enfático.
"Não joguei nesse horário
nem quando era do infantil.
Quem faz isso não entra em
campo para jogar bola."
Uma liminar da Justiça do
Trabalho, a pedido do Sindicato dos Atletas, proibiu a
realização de jogos no Rio entre as 10h e as 17h com o objetivo de proteger os atletas do
calor. Para não perderem
mando, equipes com estádios
sem refletores decidiram
marcar os jogos às 8h.
As equipes anteciparam o
jantar de sexta para as 18h,
lancharam às 21h e se recolheram às 22h. Foram retirados computadores, celulares
e TVs dos jogadores para que
não se distraíssem e acordassem às 5h. Durante a semana,
treinaram todos os dias no
mesmo horário do jogo.
Na torcida de 629 torcedores (559 pagantes), a banda
acordava torcedores com
marchinhas de Carnaval. No
intervalo, recorreu-se ao cafezinho da birosca do clube.
"Não dá para ter jogo profissional esse horário não.
Tem que tomar um cafezinho
para acordar", disse Paulinho
Zanada, meia-esquerda do
Madureira entre 1953 e 1964.
O Boavista venceu por 2 a 1,
com dois do atacante Léo
Guerreiro, que passara mal
em partida do primeiro turno
e motivou a ação do sindicato.
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