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PAN-AMERICANO
Contrato irregular de estádio faz Assembléia Legislativa agir para impedir que "governo faça o que quiser"
Rio cria comissão para vigiar gasto do Pan
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A Assembléia Legislativa do Rio
vai instalar nesta semana uma comissão especial para acompanhar
o uso do dinheiro público na organização do Pan-2007.
A abertura da comissão foi
aprovada pela Alerj por unanimidade. O pedido foi feito pelo deputado estadual Paulo Ramos
(PDT) após a Folha revelar, no
mês passado, que o contrato de
cessão do terreno onde está sendo
erguido o estádio João Havelange
desrespeitou a lei complementar
estadual nº 8 (1977), que dispõe
sobre o regime jurídico dos bens
imóveis do Estado do Rio.
O terreno foi cedido no ano passado ao Comitê Olímpico Brasileiro pelo governo estadual.
""Nossa intenção é acompanhar
a participação do poder público
na preparação do Pan. Não podemos deixar o governo do Estado
fazer o que quer. Decisões como a
da cessão do terreno para a construção do estádio não podem se
repetir", disse Ramos, que vai
presidir a comissão especial.
Amanhã, ele se reunirá com outros parlamentares para definir os
cinco integrantes da comissão,
que tem prazo inicial de trabalho
de 120 dias, mas poderá ser prorrogada até o Pan-2007. ""A intenção não é só ver o que já passou.
Queremos fiscalizar os acordos
que serão assinados no futuro."
No dia 30 de abril de 2003, o Estado repassou ao COB, por 25
anos prorrogáveis por mais 25
anos, o terreno de 175 mil m2 no
Engenho de Dentro (zona norte),
onde será erguido o estádio.
A cessão foi assinada pela governadora Rosinha Matheus
(PMDB), mas o artigo 40 da lei
complementar de 77 não permite
o acordo. O texto do artigo diz
que ""o Poder Executivo poderá
ceder, mediante remuneração ou
encargo, o uso de imóveis do Estado, pelo prazo máximo de dez
anos, a pessoa jurídica de direito
privado de relevante valor social",
caso em que se enquadra o COB.
Para dar aval ao acordo, o governo se baseou na lei estadual ordinária nº 3.984, de 11 de outubro
de 2002. A lei, assinada pela então
governadora Benedita da Silva,
repassava a área por 25 anos ao
COB para abrigar o Centro Olímpico de Desenvolvimento de Talentos -o projeto está arquivado.
Na época da publicação da reportagem, o procurador-geral do
Estado, Francesco Conte, disse
que a cessão do terreno para o comitê foi ""perfeitamente válida".
Mas cinco advogados especializados em direito administrativo
disseram à Folha que a lei criada
em 2002 não tem poder de anular
a lei complementar de 1977.
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