São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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Sob pressão, Hamilton se prepara para andar atrás

Com carro que o deixa frustrado, mais jovem campeão da F-1 busca novo feito

Se repetir a boa campanha do ano passado, piloto da McLaren pode se tornar o primeiro britânico a levar dois campeonatos seguidos

Roland Weihrauch/Efe
O piloto inglês Lewis Hamilton no cockpit do seu McLaren no primeiro dia de treinos para o GP da Austrália, abertura do Mundial

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MELBOURNE

A cena parece uma repetição daquela de dois anos atrás. Boné, uniforme da McLaren e garrafa de água nas mãos, Lewis Hamilton chega para sua primeira entrevista no final de semana que abre o Mundial de F-1. No escritório da equipe em Melbourne, apenas meia dúzia de jornalistas aguarda o piloto. A diferença é que, na ocasião, Hamilton era enorme incógnita no paddock e se apresentava para a corrida de estreia na categoria como companheiro do bicampeão Fernando Alonso. Agora, coroado o mais jovem campeão da F-1, enfrenta seu maior desafio na categoria. A partir das 3h de amanhã (de Brasília), quando ocorrer a largada para o GP da Austrália, o piloto dará início à busca para ser o primeiro piloto britânico a faturar dois títulos seguidos, algo que nem ícones como Graham Hill, Jim Clark ou Jackie Stewart conseguiram.
A julgar pelo cenário da pré--temporada, Hamilton não terá vida fácil na tentativa de defender seu título. Se nos últimos dois anos a McLaren desembarcou em Melbourne com pinta de favorita, em 2009 a história parece ser diferente.
Tanto que não só o piloto como dirigentes da escuderia inglesa já davam explicações para eventual mau desempenho na Austrália antes do treino que definiria o grid da primeira das 17 etapas do Mundial, sessão que seria nesta madrugada.
"Se pensarmos de forma otimista, sairemos daqui com um ponto", falou Hamilton, que não deixou de notar o número reduzido de interessados em lhe ouvir. "Está calmo aqui", soltou, antes de começar. "Eu, por algum motivo, não creio que marcaremos pontos, mas temos que pensar positivo e saber que tudo pode acontecer", completou, citando a corrida de 2008. Naquela prova, só sete pilotos cruzaram a linha de chegada na prova vencida por ele, com extrema facilidade. Para piorar a situação, em suas duas temporadas na F-1, Hamilton nunca repetiu boas exibições quando correu pressionado ou no pelotão de trás. Em 2007, errou nas corridas que podiam lhe dar o título em sua temporada de estreia -na China, atolou seu McLaren na caixa de brita e, no Brasil, apertou botões errados no volante. Em 2008, os erros continuaram, como no Bahrein, quando largou mal, perdeu posições e se envolveu em acidentes. A batida em Kimi Raikkonen na saída dos boxes em Montréal e as punições por cortar chicanes em Magny-Cours e Spa-Francorchamps e por tirar Felipe Massa da pista em Fuji também estão frescas na memória.
"Andar atrás não será novidade para mim porque tenho a experiência de ter feito isso em outras categorias que disputei." O que mais preocupa o inglês é a falta de velocidade de seu MP4-24. "É frustrante começar a temporada sem saber se teremos condições de lutar pelo título de novo e isso não só me afeta como abala a equipe", falou o inglês, voz baixa. "Mas, desde que estou aqui, passamos por altos e baixos e temos que manter a cabeça erguida porque não há nada que não possamos conseguir. Certamente teremos alguns maus resultados. Até acredito que iremos alcançar os outros, mas não será neste segundo." Depois de nove vitórias em 35 GPs, um vice-campeonato e um título em dois anos de F-1, Hamilton está preparado para estes maus resultados? Ele balança a cabeça afirmativamente e sorri. "Sim."



NA TV - GP da Austrália Globo, ao vivo, às 3h de amanhã Saiba como ficou o grid do GP da Austrália www.folha.com.br/090866


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