São Paulo, sábado, 28 de março de 2009

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MOTOR

Legal ou ilegal, genial


Como sempre acontece na FIA, decisão sobre legalidade dos difusores revolucionários será política e não técnica


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

ANTHONY COLIN Bruce Chapman deve estar radiante no céu, no inferno ou no Pantanal, onde, reza a lenda, curte sua "morte" desde o princípio dos 80.
Afinal, a maior inovação técnica da F-1 nos últimos tempos, ou pelo menos a mais impactante, é a sua cara, tem seu estilo, poderia muito bem carregar sua grife, seu DNA. Porque é de uma simplicidade pungente, agressiva até. Porque é um tapa na cara dos nerds que não enxergam além de seus AutoCADS e túneis de vento. Porque, como toda invenção revolucionária, como seus carros-asa ou o chassi duplo, estava ali, gritando diante de todo mundo. Mas só alguns viram.
Três, para ser exato. Três escuderias: Toyota, Williams e Brawn. As três equipes que colocaram seus seis pilotos entre os sete melhores no segundo treino livre em Melbourne e que provavelmente fizeram bonito na definição do grid, horas atrás. A sacada de seus engenheiros: utilizar o suporte, a ligação do difusor à caixa de câmbio, como um segundo túnel para passagem do ar. Quanto menor a resistência, melhor o fluxo sob o carro. Nas outras sete equipes, o suporte é uma barreira. Toyota, Williams e Brawn usam estruturas vazadas, com desenhos que ainda dão uma forcinha para grudar os carros ao solo. Genial! Eureca! Um achado valioso, aprovado pela FIA na quinta, capaz de colocar três times que passaram os últimos campeonatos na lama -considerando a Honda, claro- na posição de candidatíssimas a vitórias na Austrália e na Malásia. Mas e depois disso? Bom, depois disso tem a sessão da Corte de Apelações da FIA. E as chances de tudo mudar são grandes.
Os recursos contra os difusores têm a ver com a altura do segundo túnel, superior à dos elementos laterais. Se a Corte interpretar que o suporte é apenas isto, um suporte, os difusores serão definitivamente liberados. Se entendê-lo como extensão do difusor, a proibição é certa. Ou seja, será caso de interpretação. O que, na FIA, tem um sinônimo: política. E entre as reclamantes está a Ferrari. Para tristeza de Chapman, onde quer que o gênio esteja.

BOLA DE CRISTAL-1
Massa corre pelo título. Barrichello dependerá da decisão da FIA e da verba que a Brawn conseguir levantar na temporada. Nelsinho, para convencer de que pode estar lá.

BOLA DE CRISTAL-2
Toyota e Williams também dependem da FIA. Renault e Red Bull podem aprontar. Toro Rosso e Force India farão número. E a McLaren não está morta, longe disso.

BALÃO DE ENSAIO
A Stock dá a largada neste fim de semana, em Interlagos, com carros novos, bonitos, mas ainda inseguros. Fruto da falta de testes, algo impensável em
qualquer categoria. fabio.seixas@grupofolha.com.br


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