São Paulo, domingo, 28 de março de 2010

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JUCA KFOURI

Teixeira mira a Fifa


Ao apoiar Kléber Leite para presidir o Clube dos 13, Ricardo Teixeira inicia seu projeto pós-Copa 2014

DA CARTOLA da CBF, e com o apoio da parceira de sempre, a Traffic, e da Globo Esportes, o ex-presidente do Flamengo Kléber Leite emerge como candidato ao Clube dos 13, com eleição prevista para dezembro.
O atual mandarim da entidade, o gaúcho Fábio Koff, sente nas costas a dor por também ter traído o ideal que norteou a fundação da entidade, em 1987, qual seja o de ser a Liga dos clubes brasileiros.
Com a ajuda de Koff, o Clube dos 13 virou apenas uma agência que intermedeia os negócios com a TV. Agora, no entanto, ele não é mais confiável. Cuspa-se.
Teixeira precisa de alguém em quem possa confiar plenamente e por muitos anos, porque, depois que comandar a Copa no Brasil, quer ser presidente da Fifa, com eleição prevista para 2015.
Leite tem um discurso moderno e uma prática antiga, como já demonstrou sobejamente sempre que esteve no poder.
É dono de empresa de marketing esportivo, já foi sócio de J. Hawilla, assim como ambos são velhos parceiros de Teixeira, mais velhos até do que Marcelo Campos Pinto, da Globo Esportes.
Ocupado com a Copa do Mundo e com a melhor grife do futebol mundial, a seleção brasileira, cuja camisa se encontra, diferentemente das dos nossos clubes, em qualquer loja de material esportivo do planeta, Teixeira sabe que a CBF não tem mais como cuidar das diversas divisões do Brasileiro e da Copa do Brasil.
E precisa de alguém, de absoluta confiança, para fazê-lo.
Leite é uma dessas pessoas, tantas já foram as demonstrações de fidelidade numa caminhada em que Teixeira, Leite e Hawilla construíram enormes fortunas pessoais graças à militância no futebol.
Verdade que ele não conta com o apoio do Flamengo, pois fez oposição à presidenta Patrícia Amorim.
Mas ter Teixeira como cabo eleitoral parece, diante da fragilidade dos presidentes dos nossos clubes, suficiente para se eleger, embora haja quem pense em reagir.
Até as pazes com Alexandre Kalil, o presidente do Galo e um de seus principais desafetos, Teixeira tratou de fazer, tudo em nome de pavimentar o caminho para o mais importante, a presidência da Fifa.
Sim, Teixeira, que era fã de Collor, que afrontou Itamar no voo da muamba, foi tratado a pão e água por FHC e virou amigo de infância de Lula, também é um pragmático.
Se seu ex-sogro, João Havelange, chegou à Fifa depois de presidir a CBD e do tricampeonato, ele também pode na CBF, já bi, quem sabe tetra depois de mais duas Copas.
O jogo é esse e pode até ficar pesado, porque, se Koff não capitular mais uma vez em nome de alguma conveniência como é de seu feitio, o veremos com um discurso novamente radical, como aquele que fazia antes de assumir o Clube dos 13, lá se vão longos, e penosos, 14 anos -menos apenas do que os 21 de Teixeira na CBF, que serão, se nada mais grave acontecer, 26 até 2015.
Curiosamente, uma das bandeiras de Leite é mudar o estatuto para impedir mais de uma reeleição...
Jogo tão pesado que Koff foi buscar um especialista em baixar o nível para assessorá-lo, o ex-presidente do Vasco Eurico Miranda.

blogdojuca@uol.com.br


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