|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VÔLEI
Técnico, que impulsiona suas atletas no grito, tenta evitar título do Osasco
Minas aposta em chilique para respirar na Superliga
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois meses após assumir a equipe, Chico dos Santos reuniu suas
jogadoras e perguntou se queriam
ser campeãs ou se elas se contentavam com um quinto lugar.
O time escolheu buscar o troféu
e teve de arcar com a opção: sete
horas diárias de treinos exaustivos e muito trabalho de defesa.
Dez anos depois, o treinador
tenta repetir o caminho que levou
a Recreativa, de Ribeirão Preto, a
ofuscar os favoritos e conquistar a
Liga Nacional de 1994.
Sob seu comando, o Minas enfrenta hoje, às 20h30, o Osasco,
que pode deixar Belo Horizonte
como bicampeão da Superliga.
Chico dos Santos, 44, emplacou
no time mineiro o estilo que o
consagrou como um dos melhores técnicos do país e que hoje é a
marca registrada de Bernardinho.
O treinador não poupa as atletas. Além dos longos e duros treinamentos e dos minuciosos trabalhos técnicos e táticos, Santos é
histérico à beira da quadra.
"Esse jeito me rendeu muitas
expulsões. Já assustei até meus filhos", diverte-se. "Sou assim no
jogo e sou até pior no treino. Eu
quero sempre tirar o melhor delas
e faço tudo para tentar conseguir
isso. Se precisar, entro e jogo."
Bate-bocas e reclamações já
renderam a Santos a fama de encrenqueiro. Uma de suas inúmeras suspensões, em 1998, serviu
como pena por uma briga com
Bernardinho, então no Rexona.
Um ano depois, ele o convidava
para ser seu auxiliar na seleção.
Seus chiliques durante as partidas também provocaram sustos.
Após uma derrota nos mata-matas do Paulista-1996, ele parecia à
beira de bater em uma jogadora
que havia errado. "Vontade de
bater não faltou", disse à época.
Ao mesmo tempo em que se
mostrava "estourado", Santos
chegou a puxar uma campanha
por paz nos ginásios. Queria diminuir a hostilidade das torcidas.
"O Chico assusta quem não o
conhece, mas é muito bom trabalhar com ele", diz a levantadora
Fabíola, que só entrou nas finais
após a contusão de Gisele. No segundo jogo, ela foi eleita a melhor
em quadra. Comemorou abraçada ao técnico, aos prantos.
Hoje adepto de treinos minuciosos, Santos já usou métodos
bem mais empíricos em sua volta
ao vôlei após um curto exílio. No
Plano Collor, em 90, o time da IAP
fechou. Descontente, ele abriu
uma rotisseria em Piracicaba.
Em 1996, o técnico iniciou as jogadoras da Recreativa na ginástica olímpica. Queria estimular a
autoconfiança e a coragem.
No ano seguinte, com o mesmo
objetivo, transformou suas atletas
em "boleiras". Santos incorporou
o futebol ao dia-a-dia do Minas e,
apesar das torções e escoriações
durante as "peladas", levou a
equipe ao bronze na Superliga.
"Eu não uso mais [ginástica e
futebol]. Era uma tentativa de
melhorar coisas que hoje eu
aprendi que podem ser trabalhadas com treinos específicos e técnicos de vôlei", diz o treinador.
Para aumentar a coragem das
jogadoras, Santos apela agora para um método já difundido: treino com homens. Se precisar, assume a artilharia. "Elas se acostumam a tomar porradas. No jogo,
fica bem mais fácil".
NA TV - Sportv, ao vivo, a
partir das 21h
Texto Anterior: O que ver na TV Próximo Texto: Frase Índice
|