São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 2008

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JUCA KFOURI

Uma semana de festa


Agora é só preparar a comemoração do 22º título paulista, sem esquecer o papo de que nada está ganho

A PONTE Preta, mais inteira, pode ganhar do Palmeiras, no Palestra Itália, por mais de um gol de diferença, no domingo que vem?
É claro que pode, porque o nome do jogo é futebol.
E porque o Palmeiras terá um jogo desgastante neste meio de semana contra o forte Sport, tricampeão pernambucano, na Ilha do Retiro.
Mas sabe quando a Ponte Preta ganhará do Palmeiras, por mais de um gol de diferença, no Palestra Itália, mesmo completa, no domingo que vem?
Nunca!
Poderá ganhar depois deste domingo, muito depois deste domingo, como já ganhou antes deste domingo, em 2001, por exemplo, por 2 a 0, pelo Campeonato Brasileiro.
Mas, repita-se, não ganhará neste domingo. Não ganhará.
Como não pôde ganhar ontem, quando revelou-se um time muito nervoso no começo do jogo e permitiu ao Palmeiras, seguro, calmo, organizado e tecnicamente muito superior, não só fazer seu gol em cabeçada de Kléber, como, também, criar as melhores chances no primeiro tempo. Aliás, o Palmeiras só não fez o segundo gol no fim do primeiro tempo porque o árbitro inventou uma falta de Kléber, que a sofrera.
Alguém dirá que o gol solitário foi fruto de bola parada, argumento que virou moda, e que gol de bola parada é falha da defesa (aliás, alguém disse, claro, disse sim...).
Pois pareceu muito mais mérito de Leandro, que bateu o escanteio pela direita, e do baixinho Kléber, pela agilidade e impulsão, além, é verdade, e que ironia, de uma bobeada do estupendo Aranha, ou bola na pequena área não é mais do goleiro como era antes?
A resposta, bem sei, é não, porque isso é conversa de antigamente.
Então tá e combinamos que não foi mesmo falha de ninguém, só mérito de quem treinou a jogada e a realizou na perfeição.
O segundo tempo da Ponte Preta foi bem melhor, mesmo que os desfalques continuassem a fazer muita falta, e então o goleiro Marcos pôde dar o ar de sua graça, sempre com defesas firmes, dignas de um campeão acima de qualquer suspeita.
A verdade é que a diferença entre os times é a maior em todas as decisões de que a Ponte já jogou. Porque a Ponte tinha mais time que o Corinthians, em 1977, e era só um pouco inferior ao mesmo Corinthians, em 1979, e ao São Paulo, em 1981.
Hoje não. O Palmeiras é bastante melhor e jogará em sua casa, razão pela qual pode preparar a festa, a cerveja, os doces e os balões (sem gás, por favor...).
E você pode preparar os ouvidos para o velho discurso de que nada está ganho, o futebol faz surpresas inimagináveis, ninguém ganha na véspera, o jogo se resolve em campo, a Ponte vem reforçada e sem responsabilidade, como franco-atiradora, blablablá. Nada disso é mentira, diga-se, ao contrário, tudo isso é verdade.
Mas o Palmeiras, com toda justiça deste e do outro mundo, será campeão paulista pela 22ª vez, ficará a apenas três títulos do Corinthians, porque gastou para tanto e não precisou de erros de arbitragem para chegar ao seu objetivo.
Melhor ainda será se chegar vivo na Copa do Brasil.

blogdojuca@uol.com.br


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