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FUTEBOL
São Paulo mudou de cara
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Nos últimos anos, o São
Paulo jogou com quatro defensores, três no meio e o Kaká livre, próximo dos dois atacantes.
Kaká recuava para receber a bola, tentava desarmar, mas nunca
se posicionou como jogador de
meio-campo.
Como Maldonado ou seu substituto era um volante que atuava
na frente ou entre os dois zagueiros, sobravam apenas dois no
meio-campo. Os adversários tinham muita facilidade para tocar a bola e chegar ao gol do São
Paulo. Para não piorar ainda
mais a marcação, Ricardinho
pouco aparecia no ataque, prejudicando as suas atuações.
Essa deficiência de marcação
no meio-campo foi mais negativa
do que a pouca qualidade dos defensores. Mesmo assim, o São
Paulo fez belíssimas partidas.
Não venceu, mas chegou à final
de vários campeonatos graças,
principalmente, à excelente qualidade de jogadores como Rogério, Kaká, Luis Fabiano e França.
Estava na hora de mudar a maneira de jogar da equipe. Foi o
que fez o técnico interino, Roberto
Rojas. Ele escalou o time na maneira tradicional, a mais utilizada pelas principais equipes e seleções do mundo, inclusive a atual
brasileira, com dois volantes, um
meia de cada lado (Júlio Baptista
e Ricardinho) e dois atacantes.
Júlio Baptista é um volante,
mas jogou contra o Grêmio na
meia direita. Atacou mais do que
o Ricardinho. Kaká seguiu na sua
posição. A diferença é que em vez
de dois atacantes à sua frente ou
ao lado (Luis Fabiano e Reinaldo) tem agora só um (Luis Fabiano). Isso dificulta para o Kaká.
Neste esquema, melhora muito
a marcação no meio-campo, na
defesa, e o time fica mais equilibrado. Para o ataque funcionar
bem e o Kaká não ser prejudicado, é preciso que o Júlio Baptista e
o Ricardinho cheguem mais na
frente, pelo meio ou pelos lados,
fazendo dupla com o lateral.
Júlio Baptista corre muito, defende, ataca, mas é muito confuso
quando avança. Deveria jogar de
volante. Se o São Paulo quiser formar um grande time, jogando
desta forma, terá de contratar um
excelente meia-direita, além de
um ótimo zagueiro.
O Cruzeiro, líder do campeonato e que estava invicto havia 36
jogos, joga no mesmo desenho tático do São Paulo dirigido pelo
Oswaldo de Oliveira, com três no
meio e três no ataque. É um time
bastante ofensivo, os laterais
avançam, mas a defesa não fica
tão desprotegida como era a do
São Paulo. Seria a melhor qualidade dos defensores?
Quando o Cruzeiro perde a bola, os três armadores recuam e
marcam na frente dos defensores
e os três atacantes se posicionam
no meio-campo. Há pouco espaço
para o adversário tocar a bola no
campo do Cruzeiro. Os zagueiros
ficam protegidos. No contra-ataque é que acontecem os melhores
momentos da equipe, com o
avanço dos velozes laterais, a troca rápida de passes e a movimentação dos atacantes.
Há outras maneiras de se organizar o meio-campo e o ataque,
ser ofensivo, sem fragilizar a marcação. O Santos joga com dois volantes, três meias (Elano pela direita, Diego pelo meio e Robinho
pela esquerda) e um atacante fixo. Os meias atacam e defendem.
O Corinthians, dirigido pelo
Parreira, jogava com três no
meio-campo e três no ataque. Os
dois atacantes pelos lados (Deivid
e Gil) marcavam o avanço dos laterais. Com Geninho, Leandro
marca pela direita. Assim, Gil
não se preocupa em recuar. É o
Jorge Wagner quem marca o lateral adversário. Das duas maneiras, é reforçada a marcação no
meio-campo.
As pessoas que não gostam nem
dão importância ao esquema tático, acham, com certa razão, que
tudo isso é teoria, já que os jogadores não param de correr e mudam de posição e de função. Mas
é preciso ter uma boa referência
de posicionamento, seja qual for.
Isso é básico. O mínimo que se
exige de uma boa equipe.
O esquema tático é apenas mais
um detalhe, porém essencial. A
soma dos pequenos detalhes é que
faz um grupo ser eficiente e vencedor, no futebol ou em qualquer
atividade.
Tucanês
O presidente do Flamengo, Helio Ferraz, ao responder uma pergunta na televisão, falou um longo tempo sobre as razões para o
clube (ele não estava presente na
reunião) ter apoiado a tentativa
de paralisação do Campeonato
Brasileiro. Não entendi nada.
Não fiquei sabendo se ele era a favor ou contra e se concordava
com a decisão do clube.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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