UOL


São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

São Paulo mudou de cara

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Nos últimos anos, o São Paulo jogou com quatro defensores, três no meio e o Kaká livre, próximo dos dois atacantes. Kaká recuava para receber a bola, tentava desarmar, mas nunca se posicionou como jogador de meio-campo.
Como Maldonado ou seu substituto era um volante que atuava na frente ou entre os dois zagueiros, sobravam apenas dois no meio-campo. Os adversários tinham muita facilidade para tocar a bola e chegar ao gol do São Paulo. Para não piorar ainda mais a marcação, Ricardinho pouco aparecia no ataque, prejudicando as suas atuações.
Essa deficiência de marcação no meio-campo foi mais negativa do que a pouca qualidade dos defensores. Mesmo assim, o São Paulo fez belíssimas partidas.
Não venceu, mas chegou à final de vários campeonatos graças, principalmente, à excelente qualidade de jogadores como Rogério, Kaká, Luis Fabiano e França.
Estava na hora de mudar a maneira de jogar da equipe. Foi o que fez o técnico interino, Roberto Rojas. Ele escalou o time na maneira tradicional, a mais utilizada pelas principais equipes e seleções do mundo, inclusive a atual brasileira, com dois volantes, um meia de cada lado (Júlio Baptista e Ricardinho) e dois atacantes.
Júlio Baptista é um volante, mas jogou contra o Grêmio na meia direita. Atacou mais do que o Ricardinho. Kaká seguiu na sua posição. A diferença é que em vez de dois atacantes à sua frente ou ao lado (Luis Fabiano e Reinaldo) tem agora só um (Luis Fabiano). Isso dificulta para o Kaká.
Neste esquema, melhora muito a marcação no meio-campo, na defesa, e o time fica mais equilibrado. Para o ataque funcionar bem e o Kaká não ser prejudicado, é preciso que o Júlio Baptista e o Ricardinho cheguem mais na frente, pelo meio ou pelos lados, fazendo dupla com o lateral.
Júlio Baptista corre muito, defende, ataca, mas é muito confuso quando avança. Deveria jogar de volante. Se o São Paulo quiser formar um grande time, jogando desta forma, terá de contratar um excelente meia-direita, além de um ótimo zagueiro.
O Cruzeiro, líder do campeonato e que estava invicto havia 36 jogos, joga no mesmo desenho tático do São Paulo dirigido pelo Oswaldo de Oliveira, com três no meio e três no ataque. É um time bastante ofensivo, os laterais avançam, mas a defesa não fica tão desprotegida como era a do São Paulo. Seria a melhor qualidade dos defensores?
Quando o Cruzeiro perde a bola, os três armadores recuam e marcam na frente dos defensores e os três atacantes se posicionam no meio-campo. Há pouco espaço para o adversário tocar a bola no campo do Cruzeiro. Os zagueiros ficam protegidos. No contra-ataque é que acontecem os melhores momentos da equipe, com o avanço dos velozes laterais, a troca rápida de passes e a movimentação dos atacantes.
Há outras maneiras de se organizar o meio-campo e o ataque, ser ofensivo, sem fragilizar a marcação. O Santos joga com dois volantes, três meias (Elano pela direita, Diego pelo meio e Robinho pela esquerda) e um atacante fixo. Os meias atacam e defendem.
O Corinthians, dirigido pelo Parreira, jogava com três no meio-campo e três no ataque. Os dois atacantes pelos lados (Deivid e Gil) marcavam o avanço dos laterais. Com Geninho, Leandro marca pela direita. Assim, Gil não se preocupa em recuar. É o Jorge Wagner quem marca o lateral adversário. Das duas maneiras, é reforçada a marcação no meio-campo.
As pessoas que não gostam nem dão importância ao esquema tático, acham, com certa razão, que tudo isso é teoria, já que os jogadores não param de correr e mudam de posição e de função. Mas é preciso ter uma boa referência de posicionamento, seja qual for. Isso é básico. O mínimo que se exige de uma boa equipe.
O esquema tático é apenas mais um detalhe, porém essencial. A soma dos pequenos detalhes é que faz um grupo ser eficiente e vencedor, no futebol ou em qualquer atividade.

Tucanês
O presidente do Flamengo, Helio Ferraz, ao responder uma pergunta na televisão, falou um longo tempo sobre as razões para o clube (ele não estava presente na reunião) ter apoiado a tentativa de paralisação do Campeonato Brasileiro. Não entendi nada. Não fiquei sabendo se ele era a favor ou contra e se concordava com a decisão do clube.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Tênis - Régis Andaku: Blablablá do saibro
Próximo Texto: Futebol: Até correio torna prazo inviável, diz CBF
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.