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TOSTÃO
Continua quase perfeito
Até o Ronaldo parece
mais magro; sem problemas, dúvidas e polêmicas, o
hexa
fica mais difícil
Nas minhas caminhadas por
Weggis, encontro sempre
com crianças indo ou voltando da escola, sozinhas ou em grupos,
de bicicleta ou a pé. Todos com a camisa do Brasil.
A Suíça proporciona um grande
bem-estar à população. O país está
em sétimo lugar no mundo pelo Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH), que mede a qualidade de vida
das pessoas. Só passou a fazer parte
da Organização das Nações Unidas
em 2002, com a condição de não
participar de intervenções militares
em outras nações nem de enviar tropas para missões de paz.
Essa ótima situação da Suíça ocorre em parte pela antiga neutralidade
internacional e pelo seu sigiloso sistema bancário, que facilita a lavagem de dinheiro de todo o mundo. O
país aproveita os lucros do dinheiro
corrupto para distribuí-lo entre a
população. São as contradições humanas, individuais e coletivas.
Ao ver de perto os treinos da seleção, impressiona-me a estrutura física dos jogadores. São todos altos e
fortes.
Na Copa de 1970, no México, todos os meias e atacantes do Brasil tinham menos de 1,75 m. Agora, quase
todos têm mais de 1,80 m.
Apesar de ter somente 1,73 m, Pelé
era exceção, pois era ainda mais forte do que Ronaldinho Gaúcho.
O mais impressionante é o fato de
Pelé ter chegado menino no Santos,
ido direto para o time principal, sem
ter nenhuma preparação especial,
física ou técnica.
Além disso, o Santos viajava por
todo o mundo, jogava três vezes por
semana, muitas vezes em países diferentes. Não havia tempo para treinar. Mesmo assim, Pelé era um touro e um gênio.
Rogério Ceni tem mostrado nos
treinos que é disparado o melhor goleiro do mundo com os pés. Essa sua
virtude não serve apenas nas cobranças de faltas -há na seleção ótimos craques nesse fundamento-,
mas também na função de goleiro-líbero.
Essa qualidade é importante
quando o time pressiona o adversário e adianta os zagueiros. Nessa situação, o goleiro precisa jogar fora
do gol e ficar atento, nos lançamentos longos, para sair na cobertura e
chegar antes do atacante.
Entre os três goleiros (Dida e Júlio
César são os outros), somente Rogério faz isso bem. Porém acho o Dida
melhor debaixo do gol.
Será que a habilidade com os pés
justifica a entrada de Rogério Ceni
no time? Não sei.
Após os treinos, de dois em dois
dias, Parreira e Zagallo dão entrevistas coletivas. As perguntas e as respostas são quase sempre as mesmas.
Ninguém consegue também confundir e emocionar o frio e racional
Parreira.
Já o Zagallo, coordenador técnico
da seleção, cometeu na semana que
passou um grande ato falho, que pode ocorrer em qualquer idade.
Questionado se ele poderia comparar o Ronaldinho Gaúcho com o
Pelé, Zagallo respondeu: "Pelé, Romário e Ronaldo tiveram as suas
épocas, e agora é a do Ronaldinho
Gaúcho". Será que alguém contou
para o Ronaldo?
Mesmo se algum reserva treinar
melhor do que o Pelé, não terá nenhuma chance de jogar na estréia,
pois a seleção está escalada há seis
meses.
Se entrar mais um volante durante a competição, passando o Ronaldinho Gaúcho para o ataque, como
está previsto caso o time não atue
bem nos primeiros jogos independentemente dos fatos, deverá sair o
Adriano.
Mas e se o Adriano estiver muito
melhor do que o Ronaldo? Sai também o Adriano.
A seleção brasileira continua quase perfeita. Até o Ronaldo parece
mais magro. Sem dúvidas, problemas e polêmicas, o hexacampeonato
fica mais difícil.
tostao.folha@uol.com.br
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