São Paulo, segunda-feira, 28 de maio de 2007

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McLaren escolhe dar vitória a Alonso

Time chama Lewis Hamilton antes da hora para os boxes em Mônaco e deixa espanhol, agora líder da F-1, em vantagem

Depois de ser ofuscado pelo colega de equipe até então, bicampeão se surpreende com sua superioridade em relação a Massa, o terceiro


TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MÔNACO

A imagem de Fernando Alonso ao final GP de Mônaco resumiu seu final de semana.
Sorrindo, o espanhol sentou no carro da organização da prova e respirou fundo. Depois, levou as mãos ao rosto com a nítida expressão de alívio.
Alívio porque a chuva não deu as caras no principado, alívio porque obteve a pole, a melhor volta e a vitória, alívio porque venceu pela segunda vez na temporada, alívio porque se redimiu do terceiro lugar em casa há duas semanas e ainda retomou a liderança do Mundial.
Mas o espanhol estava mais aliviado porque, após ser ofuscado pelo companheiro de equipe, Lewis Hamilton, nas quatro primeiras etapas e estar atrás dele na classificação, ontem, enfim, viu a McLaren dizer com todas as letras que ele é o primeiro piloto da escuderia.
"A vitória significa muito, tanto psicologicamente como na disputa do Mundial", falou.
É bem verdade que na classificação o espanhol tem o mesmo número de pontos de Hamilton, segundo colocado na prova de ontem. Mas o companheiro perde no critério de desempate, já que ainda não ganhou em seu ano de estréia.
Ontem, porém, o inglês poderia ter conseguido a vitória, não fosse a influência das ordens da equipe, expediente que a McLaren sempre se gabou de não utilizar, diferentemente da Ferrari, que ontem pôs Felipe Massa em terceiro no pódio.
Com seus dois pilotos nos primeiros lugares do grid, seguidos por Massa, a McLaren admitiu que mudou a estratégia de Hamilton, o segundo, para que "deixasse Montecarlo com o maior número possível de pontos", nas palavras de Ron Dennis, chefe da equipe.
Hamilton começou a prova mais pesado que Alonso para ficar na pista por cinco voltas a mais que o espanhol, o que lhe daria tempo para abrir vantagem antes de seu pit stop e, quem sabe, voltar à frente.
Foi aí que a McLaren resolveu agir. Chamou o novato apenas três voltas após a parada de Alonso. Mais: trocou sua estratégia de uma parada para duas.
"Fiquei surpreso porque tinha combustível para ficar quase seis voltas a mais que o Fernando na pista, e eles me chamaram após três. Mas é assim que funciona", falou Hamilton, cinco pódios em seus cinco primeiros GPs na F-1 e melhor estreante da categoria.
A justificativa do time para mudar a tática era o medo da entrada do safety car. "Qualquer um que tenha um grau de sofisticação na sua habilidade de analisar as corridas anteriores em Mônaco e entender a estratégia de que você precisa, sabe que uma única parada é arriscada se o safety car for para a pista, algo que aconteceu em quatro dos últimos cinco GPs", tentou explicar Dennis.
Mas suas palavras não deixam a menor margem para dúvida. O time fez sua escolha. "Tivemos que adotar estratégias diferentes. E, conseqüentemente, você virtualmente tem que escolher antes qual de seus pilotos fica com a vitória."
Mas o safety car não apareceu na prova mais monótona do ano, que nem viu os acidentes comuns em Mônaco. Algo tão raro que 19 carros se classificaram ao fim da prova, o maior número em 54 edições.
Pole, Alonso pulou na frente na largada, seguido por Hamilton e Massa, que mantiveram seus postos. O espanhol só perdeu a liderança para o companheiro nas suas duas paradas. De resto não houve troca de posições entre os três primeiros.
Mas a folga que o bicampeão abriu sobre Massa, último piloto a permanecer na volta do líder, surpreendeu até a ele.
"Tenho 16 ou 17 vitórias na carreira e acho que nunca venci com mais de um minuto de vantagem para o terceiro colocado. Esta foi a mais fácil e talvez a mais gostosa vitória", falou Alonso, que chegou ao seu 17º triunfo na categoria e já havia, sim, vencido com tamanha folga para o terceiro -na França, em 2005, pôs 1min21s914 sobre Michael Schumacher.
Já Hamilton, 22, não escondeu a frustração. "No fim das contas, sou só um novato. Fui segundo no meu primeiro GP de Mônaco, não tenho do que reclamar. Tenho o número 2 no carro. Sou o segundo piloto."


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