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McLaren escolhe dar vitória a Alonso
Time chama Lewis Hamilton antes da hora para os boxes em Mônaco e deixa espanhol, agora líder da F-1, em vantagem
Depois de ser ofuscado pelo colega de equipe até então, bicampeão se surpreende
com sua superioridade em relação a Massa, o terceiro
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MÔNACO
A imagem de Fernando
Alonso ao final GP de Mônaco
resumiu seu final de semana.
Sorrindo, o espanhol sentou
no carro da organização da prova e respirou fundo. Depois, levou as mãos ao rosto com a nítida expressão de alívio.
Alívio porque a chuva não
deu as caras no principado, alívio porque obteve a pole, a melhor volta e a vitória, alívio porque venceu pela segunda vez na
temporada, alívio porque se redimiu do terceiro lugar em casa
há duas semanas e ainda retomou a liderança do Mundial.
Mas o espanhol estava mais
aliviado porque, após ser ofuscado pelo companheiro de
equipe, Lewis Hamilton, nas
quatro primeiras etapas e estar
atrás dele na classificação, ontem, enfim, viu a McLaren dizer com todas as letras que ele é
o primeiro piloto da escuderia.
"A vitória significa muito,
tanto psicologicamente como
na disputa do Mundial", falou.
É bem verdade que na classificação o espanhol tem o mesmo número de pontos de Hamilton, segundo colocado na
prova de ontem. Mas o companheiro perde no critério de desempate, já que ainda não ganhou em seu ano de estréia.
Ontem, porém, o inglês poderia ter conseguido a vitória,
não fosse a influência das ordens da equipe, expediente que
a McLaren sempre se gabou de
não utilizar, diferentemente da
Ferrari, que ontem pôs Felipe
Massa em terceiro no pódio.
Com seus dois pilotos nos
primeiros lugares do grid, seguidos por Massa, a McLaren
admitiu que mudou a estratégia de Hamilton, o segundo, para que "deixasse Montecarlo
com o maior número possível
de pontos", nas palavras de Ron
Dennis, chefe da equipe.
Hamilton começou a prova
mais pesado que Alonso para ficar na pista por cinco voltas a
mais que o espanhol, o que lhe
daria tempo para abrir vantagem antes de seu pit stop e,
quem sabe, voltar à frente.
Foi aí que a McLaren resolveu agir. Chamou o novato apenas três voltas após a parada de
Alonso. Mais: trocou sua estratégia de uma parada para duas.
"Fiquei surpreso porque tinha combustível para ficar quase seis voltas a mais que o Fernando na pista, e eles me chamaram após três. Mas é assim
que funciona", falou Hamilton,
cinco pódios em seus cinco primeiros GPs na F-1 e melhor estreante da categoria.
A justificativa do time para
mudar a tática era o medo da
entrada do safety car. "Qualquer um que tenha um grau de
sofisticação na sua habilidade
de analisar as corridas anteriores em Mônaco e entender a estratégia de que você precisa, sabe que uma única parada é arriscada se o safety car for para a
pista, algo que aconteceu em
quatro dos últimos cinco GPs",
tentou explicar Dennis.
Mas suas palavras não deixam a menor margem para dúvida. O time fez sua escolha.
"Tivemos que adotar estratégias diferentes. E, conseqüentemente, você virtualmente
tem que escolher antes qual de
seus pilotos fica com a vitória."
Mas o safety car não apareceu na prova mais monótona
do ano, que nem viu os acidentes comuns em Mônaco. Algo
tão raro que 19 carros se classificaram ao fim da prova, o
maior número em 54 edições.
Pole, Alonso pulou na frente
na largada, seguido por Hamilton e Massa, que mantiveram
seus postos. O espanhol só perdeu a liderança para o companheiro nas suas duas paradas.
De resto não houve troca de posições entre os três primeiros.
Mas a folga que o bicampeão
abriu sobre Massa, último piloto a permanecer na volta do líder, surpreendeu até a ele.
"Tenho 16 ou 17 vitórias na
carreira e acho que nunca venci
com mais de um minuto de
vantagem para o terceiro colocado. Esta foi a mais fácil e talvez a mais gostosa vitória", falou Alonso, que chegou ao seu
17º triunfo na categoria e já havia, sim, vencido com tamanha
folga para o terceiro -na França, em 2005, pôs 1min21s914
sobre Michael Schumacher.
Já Hamilton, 22, não escondeu a frustração. "No fim das
contas, sou só um novato. Fui
segundo no meu primeiro GP
de Mônaco, não tenho do que
reclamar. Tenho o número 2 no
carro. Sou o segundo piloto."
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