São Paulo, quinta-feira, 28 de maio de 2009

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JUCA KFOURI

"Més que un club"


Sim, em catalão como acima, espanhol ou português, o Barcelona é mais que um clube, é um jeito de ser


SER BARCELONA é ser catalão, embora nem todo catalão seja Barcelona, só a imensa, e orgulhosa, maioria.
Que amanheceu ainda mais orgulhosa com a irrepreensível vitória do Barça sobre o Manchester United, no estádio Olímpico de Roma. Porque só quem é mais que um clube pode tomar um sufoco nos dez minutos iniciais de uma decisão de Copa dos Campeões e fazer gol em seu primeiro ataque, com Samuel Eto'o, ao receber de Iniesta. Lionel Messi ainda fez o segundo, de cabeça, com 1,69 m, para se consagrar como número 1 do mundo.
Só quem é mais que um clube põe o poderoso MU na roda e o tira do sério a ponto de o time inglês distribuir pontapés como se fosse um Arranca Toco FC qualquer. A pergunta que se impõe agora é: qual será, se for, o representante brasileiro a enfrentar o Barcelona no Mundial de Clubes da Fifa, em Abu Dabhi, em dezembro?
Bem, o São Paulo já teve tamanha honra, em Tóquio, em 1992. E, com Telê no banco e Raí em campo, foi melhor. Como o Inter teve em 2006. Até que se saiba se, de fato, teremos um brasileiro campeão da Libertadores, resta curtir este Barcelona de Valdés, Xavi, Iniesta, Eto'o, Henry e, sobretudo, Messi.

Entre os vândalos
O intertítulo acima é, também, o título de belíssimo livro editado pela Companhia das Letras e de autoria do jornalista americano Bill Bufford, que foi fazer uma reportagem sobre os hooligans em Londres e quase virou um deles. O episódio acontecido nas Laranjeiras anteontem é revelador não só da bestialidade dos ditos torcedores organizados como da cumplicidade dos cartolas que alimentam essa gente até que esta se volte contra eles.
Tão responsável como o mastodonte irracional que agrediu um jogador do Fluminense é o presidente do clube, que, aliás, é membro da Fifa e cardiologista, imagine, do presidente da CBF.
Em bom português, cartolas e organizados são as duas faces da mesma moeda podre de nosso futebol, sem que autoridades ajam para valer no sentido de puni-los, ao contrário, confraternizam e com eles vivem em franca promiscuidade. O fenômeno não é muito diferente do regime de concentração imposto aos atletas que, em regra, serve para ser driblado. E não só pelos que o impõe, os tais técnicos muito "rigorosos", como, é claro, pelas vítimas, ainda mais depois que inventaram a internet. O futebol anda infestado por raposas, gorilas, felinas e ratazanas, na mídia, inclusive.

Olho no "Lance!"
Com o direito adquirido por ter escrito a quarta capa do livro de Maurício Stycer sobre a história do diário "Lance!", reforço a dica dada ontem na "Ilustrada" pelo companheiro José Geraldo Couto e faço um reparo: Walter de Mattos Junior, seu editor, de "outsider" da imprensa não tem nem teve nada.
Antes de lançar o diário, com todo o risco de suas economias pessoais e contra a opinião de muitos, deste colunista inclusive, ele tinha sido o maior responsável pela formidável reforma do jornal "O Dia", no Rio.

blogdojuca@uol.com.br


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