Duplista mineiro, que foi auxiliar treino de colegas, ganha vaga após desistência e estreará em Grand Slam

FERNANDO ITOKAZU
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Um médico brasileiro entra em quadra hoje em Roland Garros. Ao lado de Thiago Alves, Marcio Fantoni Torres, 29, estreia em duplas ante Guillaume Rufin/Alexandre Sidorenko, da França.
Torres é apenas o 231º no ranking de duplas e só teve a confirmação de que jogaria seu primeiro Grand Slam às 14h (de Paris) de ontem.
Ao lado de Alves, o mineiro assinou a lista de "alternates" (reservas), e, como o tcheco Jaroslav Levinsky (49º do mundo) desistiu por lesão, a dupla brasileira herdou um lugar no Grand Slam.
Torres tem trajetória atípica no tênis. Aos 17 anos, sua mãe, que é médica, foi para os EUA com a família.
"Meus pais insistiram que eu estudasse. Na época, eu não gostei muito, mas hoje eu agradeço", disse ele, que se formou em medicina esportiva na Carolina do Norte.
Nos EUA, jogou no circuito universitário, e sua estreia no circuito profissional só ocorreu aos 22 anos. "Passei a ter resultados melhores em duplas. Foi o caminho natural", falou ele, cujo melhor ranking em simples foi 712º -nas duplas, chegou a 132º.
Na semana passada, Torres caiu na estreia no Challenger de Cremona (Itália). Por ser amigo dos brasileiros que estão em Roland Garros, decidiu ajudar nos treinos.
Como Alves chegou à chave de simples, eles decidiram esticar a estadia e arriscar, já que o interessado em entrar na chave como substituto no torneio deve assinar todo dia uma lista e esperar por desistência. Ela ocorreu ontem.
"Um Grand Slam tem mais glamour, as quadras estão lotadas", disse Torres à Folha.
Destro e com 1,85 m, Torres já pensa em atuar fora da quadra, devido aos resultados. "Não tinha certeza se continuaria jogando. Agora [jogar um Grand Slam] é uma motivação a mais. Tudo pode mudar", declarou ele, que joga hoje por volta das 7h.
Torres disse que não pensa em atuar na medicina e cursa MBA em business, pois deseja ser agente de tenistas.


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