São Paulo, quinta, 28 de maio de 1998

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FUTEBOL
Jogadores e comissão técnica divergem sobre forma de marcação
Brasil não define sistema de cobertura dos zagueiros

MARCELO DAMATO
ALEXANDRE GIMENEZ
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
Ozoir-la-Ferrière

Os jogadores da seleção brasileira não se entendem sobre como executar a marcação que deverão utilizar na Copa, daqui a 13 dias.
O problema está na cobertura dos zagueiros, um dos pontos-chave de qualquer sistema de marcação no futebol.
A Folha ouviu quatro titulares envolvidos com a marcação, Cafu, Júnior Baiano, Aldair e César Sampaio, mais o técnico Zagallo e o coordenador técnico Zico.
Perguntou-lhes como funcionava a cobertura dos zagueiros. Embora todos os ouvidos tenham mostrado segurança nas respostas, não houve duas iguais.
O volante César Sampaio chegou a dizer que até o goleiro Taffarel participa dessa função. O zagueiro Júnior Baiano riu ao ser confrontado com essa possibilidade.
Quase todas as equipes do mundo põem pelo menos um jogador na marcação a mais do que o adversário usa para atacar.
A regra é evitar que um jogador do time seja superado pelo inimigo sem que haja um companheiro para tentar o desarme.
Em alguns times e seleções, esse homem a mais é sempre o mesmo, o líbero ou o jogador de sobra.
Em outras, há rodízio entre alguns atletas para a cobertura, como é o caso da seleção. Mas, mesmo nesse sistema, há variações.
A seleção que venceu a Copa dos EUA usava um volante fixo entre os zagueiros, formando um bloco de três defensores. Esse xerife da defesa era Mauro Silva, descartado por Zagallo para esta Copa.
Zagallo quer que a cobertura seja feita pelos laterais, mesmo quando a bola vem pelo meio da defesa.
"Eu tenho muito claro na defesa o tipo de movimentação que quero dos jogadores. Mas ainda não tenho certeza de que eles serão capazes de fazer isso."
Uma das causas dessa decisão é a idade do seu cabeça-de-área titular, o volante Dunga, 34. Considerado pelo técnico como seu braço direito dentro de campo, o volante assumiu essa função a partir da Copa América de 97, porque não aguentava correr como antes.
Mas Dunga continuou a tentar perseguir os adversários pelo campo, deixando atrás de si um buraco na frente dos zagueiros.
Zagallo determinou então que os laterais passassem a fazer a cobertura, extinguindo a fórmula que dera certo da Copa dos EUA. Mas os laterais brasileiros continuam tendo a mesma missão ofensiva, o que complica ainda mais o caso.
Nos jogos em que o adversário usou dois atacantes fixos jogando em cima da dupla Júnior Baiano e Aldair, a defesa encontrou problemas. Para parar a dupla de ataque brasileira, essas seleções usam uma trinca de zagueiros, desobrigando os laterais dessa função.


Colaborou Rogério Simões, enviado especial a Ozoir-la-Ferrière


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