São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


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BRASIL X URUGUAI
Tudo para dar certo (ou desta vez não tem desculpa)

Juca Varella/Folha Imagem
O técnico da seleção, Wanderley Luxemburgo (à dir.), põe à prova esquema com quatro atacantes


FÁBIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Desta vez será difícil enumerar problemas e apontar culpados. Com todas as condições favoráveis para apresentar, pela primeira vez nas eliminatórias da Copa-2002, um futebol convincente e com gols, o Brasil enfrenta o Uruguai hoje à noite, às 21h40, no estádio do Maracanã.
Diferentemente dos três primeiros confrontos no torneio, quando teve pouco tempo para preparação e dificuldades para convocar alguns jogadores, envolvidos em competições, agora a seleção reúne os ingredientes que o técnico Wanderley Luxemburgo tem usado para justificar as más atuações do seu time.
Em primeiro lugar, o time nacional treinou durante dez dias na Granja Comary, em Teresópolis (RJ), onde ficou isolado do assédio do público.
Contra o Equador, em São Paulo, por exemplo, o Brasil se reuniu três dias antes da partida.
A maioria da equipe titular, que atua na Europa, está de férias, podendo se dedicar integralmente à seleção brasileira.
Com o calendário a favor, Luxemburgo não teve maiores empecilhos por parte dos clubes na hora da convocação --chamou quem quis.
Além disso, o treinador escalou uma equipe superofensiva, com quatro goleadores (os atacantes Sávio, Ronaldinho e França e o meia-atacante Rivaldo).
Segundo Luxemburgo, França centralizará as jogadas na área do Uruguai, enquanto os outros formarão um "ataque em linha".
É mais uma tentativa de melhorar o pífio desempenho do ataque da seleção nas eliminatórias: até agora, os jogadores do setor não marcaram nenhuma vez.
Os quatro gols brasileiros -que resultam na minguada média de 1,3 por jogo- foram marcados pelo zagueiro Antônio Carlos (dois) e por Rivaldo (dois)
Os últimos treinos, que mostraram um bom entrosamento do time titular, e as amplas dimensões do gramado do Maracanã, exaltadas por Luxemburgo, são outros fatores animadores.
Mesmo assim, há quem ainda veja obstáculos a um futebol compatível com a tradição da seleção. "Realmente temos mais tempo, e isso ajuda. Mas futebol não é só tempo para treino, mas também envolvimento, entrevistas, parte emocional", disse Luxemburgo.
"Uma competição como as eliminatórias é diferente, você tem um jogo por mês. Não dá para se entrosar como no clube", completou Rivaldo, lembrando ainda que alguns jogadores, como França, se apresentaram somente no último sábado.
"Queira ou não queira, não existe um time completo taticamente", disse o atleta do Barcelona, que na última semana afirmou que o futebol-arte acabou.
Pelo que se viu ontem, toda a equipe concorda. "Espero primeiro ganhar o jogo. É isso que vale. Depois, comento se a preparação foi boa ou não. Com um ou dez dias de treino, o espírito é esse: o mais importante é vencer", declarou o lateral Roberto Carlos.
O Brasil defende hoje uma invencibilidade de 41 jogos oficiais contra rivais sul-americanos. Não perde desde julho de 93, quando foi derrotado por 2 a 1 pela Bolívia, nas eliminatórias da Copa-94.
Nas eliminatórias sul-americanas, que classificam quatro equipes para a Copa-2002 -o quinto colocado ainda vai disputar uma repescagem- ,o Brasil é o segundo colocado no grupo único, que é liderado pela Argentina.
O jogo de hoje acontece 12 dias depois do aniversário de 50 anos do Maracanã e 18 dias antes do cinquentenário da maior tragédia do futebol nacional -a derrota para o mesmo Uruguai, no mesmo Maracanã, na final da Copa do Mundo de 50.


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