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FUTEBOL
Após sofrer tentativa de agressão, Edílson recebe folga por tempo indeterminado para repensar sua decisão de sair
Corinthians isola atleta para abafar crise
MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A diretoria do Corinthians resolveu manter o atacante Edílson
isolado para abafar a crise gerada
entre o jogador e o clube, após integrantes da torcida organizada
Gaviões da Fiel terem tentado
agredi-lo. Ele entrou de folga ontem, sem data para retornar.
Outra medida para tentar acalmar os torcedores foi apressar a
apresentação do lateral-esquerdo
André Luiz, emprestado ao clube
por um ano pelo Tenerife (ESP).
""A princípio, o Edílson deve ficar dois ou três dias de folga, mas
não acertamos uma data para o
seu retorno. Vamos esperar que
ele esfrie a cabeça e desista da
idéia de deixar o clube", afirmou
o diretor de futebol corintiano,
Carlos Nujud, que está com o cargo ameaçado em razão da pressão
da torcida pela sua demissão.
A assessoria de imprensa do jogador informou que ele viajou para Salvador sem dizer se voltaria.
A tentativa de agressão a Edílson ocorreu durante protesto dos
torcedores na reapresentação do
time, anteontem. Cerca de cem
integrantes da Gaviões, exibindo
faixas pedindo a saída de Nujud,
invadiram a área reservada aos jogadores no Parque São Jorge.
Quando saiu do vestiário, Edílson foi cercado pelos torcedores,
que ficaram ainda mais irritados
após o anúncio da venda do meia
Edu ao Arsenal, da Inglaterra, e só
não foi agredido porque seguranças e policiais o protegeram.
Depois disso, Edílson afirmou
que não colocaria mais os pés no
Parque São Jorge nem vestiria
mais a camisa do clube. ""Quero
ser vendido ou emprestado."
""O Edílson me ligou na noite de
ontem (anteontem) e conversamos durante cerca de meia hora.
Ele me disse que estava muito
chateado e que tinha acertado um
período de folga com a diretoria.
Entendi a situação pelo constrangimento que o jogador passou",
afirmou ontem o novo técnico corintiano, Oswaldo Alvarez.
Segundo o treinador, esse período vai servir para o atacante repensar a situação. ""Acredito que o
Edílson vá voltar atrás em sua decisão porque todos os seus companheiros de clube estão pedindo
a sua volta", completou Alvarez.
Apesar da afirmação do treinador, as palavras dos jogadores ontem eram de apoio à decisão de
Edílson de abandonar o clube.
""O Edílson precisa refletir muito porque ele foi exposto a todo o
Brasil. Passou por uma situação
muito chata. Ele é um jogador de
personalidade forte, e vamos respeitar a sua decisão", afirmou o
meia-atacante Marcelinho.
""Aqui no Corinthians é assim
mesmo. Há dois meses, os torcedores queriam me pegar. Agora,
me aplaudem. Não vi o que aconteceu com o Edílson, mas, se foi
mesmo aquilo que estão falando,
ele tem todo o direito de pedir para ser vendido ou emprestado",
disse o atacante Luizão.
Alvarez lembrou que Edílson foi
um dos responsáveis por evitar o
rebaixamento do clube no Campeonato Brasileiro de 1997 e disse
que, por isso, tem que ser respeitado pelos torcedores.
""A torcida exagerou. Não dá para trabalhar sob pressão. As coisas
têm de ser dosadas. A Gaviões
tem de pensar que não existe só o
Corinthians. Outros atletas podem querer sair se isso continuar
ocorrendo. Daqui a pouco, ninguém mais vai querer jogar aqui",
afirmou o treinador.
O promotor de Justiça Fernando Capez, que apresentou em
1998 ao Tribunal de Justiça de São
Paulo pedido de extinção da Gaviões, disse que o episódio de anteontem vai contribuir para o julgamento que pode determinar o
encerramento das atividades da
torcida organizada.
O pedido de extinção havia sido
feito após uma emboscada de torcedores ao ônibus do time em 15
de outubro de 1997, no km 45 da
rodovia Imigrantes, quando o time retornava a São Paulo após
perder do Santos por 1 a 0. O volante Rincón ficou ferido.
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