São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


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FUTEBOL
Após sofrer tentativa de agressão, Edílson recebe folga por tempo indeterminado para repensar sua decisão de sair
Corinthians isola atleta para abafar crise

MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A diretoria do Corinthians resolveu manter o atacante Edílson isolado para abafar a crise gerada entre o jogador e o clube, após integrantes da torcida organizada Gaviões da Fiel terem tentado agredi-lo. Ele entrou de folga ontem, sem data para retornar.
Outra medida para tentar acalmar os torcedores foi apressar a apresentação do lateral-esquerdo André Luiz, emprestado ao clube por um ano pelo Tenerife (ESP).
""A princípio, o Edílson deve ficar dois ou três dias de folga, mas não acertamos uma data para o seu retorno. Vamos esperar que ele esfrie a cabeça e desista da idéia de deixar o clube", afirmou o diretor de futebol corintiano, Carlos Nujud, que está com o cargo ameaçado em razão da pressão da torcida pela sua demissão.
A assessoria de imprensa do jogador informou que ele viajou para Salvador sem dizer se voltaria.
A tentativa de agressão a Edílson ocorreu durante protesto dos torcedores na reapresentação do time, anteontem. Cerca de cem integrantes da Gaviões, exibindo faixas pedindo a saída de Nujud, invadiram a área reservada aos jogadores no Parque São Jorge.
Quando saiu do vestiário, Edílson foi cercado pelos torcedores, que ficaram ainda mais irritados após o anúncio da venda do meia Edu ao Arsenal, da Inglaterra, e só não foi agredido porque seguranças e policiais o protegeram.
Depois disso, Edílson afirmou que não colocaria mais os pés no Parque São Jorge nem vestiria mais a camisa do clube. ""Quero ser vendido ou emprestado."
""O Edílson me ligou na noite de ontem (anteontem) e conversamos durante cerca de meia hora. Ele me disse que estava muito chateado e que tinha acertado um período de folga com a diretoria. Entendi a situação pelo constrangimento que o jogador passou", afirmou ontem o novo técnico corintiano, Oswaldo Alvarez.
Segundo o treinador, esse período vai servir para o atacante repensar a situação. ""Acredito que o Edílson vá voltar atrás em sua decisão porque todos os seus companheiros de clube estão pedindo a sua volta", completou Alvarez.
Apesar da afirmação do treinador, as palavras dos jogadores ontem eram de apoio à decisão de Edílson de abandonar o clube.
""O Edílson precisa refletir muito porque ele foi exposto a todo o Brasil. Passou por uma situação muito chata. Ele é um jogador de personalidade forte, e vamos respeitar a sua decisão", afirmou o meia-atacante Marcelinho.
""Aqui no Corinthians é assim mesmo. Há dois meses, os torcedores queriam me pegar. Agora, me aplaudem. Não vi o que aconteceu com o Edílson, mas, se foi mesmo aquilo que estão falando, ele tem todo o direito de pedir para ser vendido ou emprestado", disse o atacante Luizão.
Alvarez lembrou que Edílson foi um dos responsáveis por evitar o rebaixamento do clube no Campeonato Brasileiro de 1997 e disse que, por isso, tem que ser respeitado pelos torcedores.
""A torcida exagerou. Não dá para trabalhar sob pressão. As coisas têm de ser dosadas. A Gaviões tem de pensar que não existe só o Corinthians. Outros atletas podem querer sair se isso continuar ocorrendo. Daqui a pouco, ninguém mais vai querer jogar aqui", afirmou o treinador.
O promotor de Justiça Fernando Capez, que apresentou em 1998 ao Tribunal de Justiça de São Paulo pedido de extinção da Gaviões, disse que o episódio de anteontem vai contribuir para o julgamento que pode determinar o encerramento das atividades da torcida organizada.
O pedido de extinção havia sido feito após uma emboscada de torcedores ao ônibus do time em 15 de outubro de 1997, no km 45 da rodovia Imigrantes, quando o time retornava a São Paulo após perder do Santos por 1 a 0. O volante Rincón ficou ferido.


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