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FUTEBOL
Só Love
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O clássico paulista do domingo teve gols, teve brigas,
teve drama. Só faltou uma coisa:
público. Doze mil torcedores para
um confronto como esse é ridículo. No sábado, para ver Santos 2 x
1 Guarani, havia mais de 20 mil
pessoas no mesmo Pacaembu,
santistas em sua grande maioria.
Mas voltemos ao "Choque Rei".
O Palmeiras mereceu vencer porque foi um time mais organizado,
solidário e aguerrido que o São
Paulo. No duelo particular entre
os dois artilheiros, deu Vágner
Love, e não foi por acaso.
Vágner e Luis Fabiano são os
dois melhores atacantes em atividade no futebol brasileiro. Infelizmente, ambos estão de malas
prontas para deixar o país. Ontem, no Pacaembu, o que fez a diferença entre eles -e aliás vem
fazendo nos últimos tempos- foi
um fato muito simples: o Palmeiras sabe utilizar muito bem seu
artilheiro, enquanto o São Paulo
subaproveita o seu.
Quem primeiro me chamou a
atenção para o desperdício de
Luis Fabiano pelo tricolor foi o
companheiro Luís Curro, aqui da
Folha, alguns meses atrás. Depois
disso, vários leitores são-paulinos
confirmaram a impressão. A dúvida que persiste é quanto à causa
desse subaproveitamento: incompetência ou sabotagem.
Para alguns, o esquema de jogo
tricolor, com pouca criatividade
no meio-campo, deixa o atacante
isolado. Para outros, são os próprios companheiros do astro que,
deliberadamente, o boicotam, por
estarem cansados de ouvir a crônica esportiva dizer que "o time é
só Rogério e Luis Fabiano".
Na partida de ontem, além de
enfrentar um Palmeiras decidido
e bem postado em campo, os jogadores são-paulinos tiveram de enfrentar também a hostilidade de
sua própria torcida -pouco justificada, aliás, para um time que
até ontem era um dos líderes do
Brasileirão, além de ter sido a
equipe brasileira que mais longe
chegou na Libertadores.
Era natural que a pressão mais
intensa recaísse sobre as maiores
estrelas do elenco, e elas acusaram
o golpe: Luis Fabiano perdeu um
pênalti, e Rogério Ceni largou
uma bola relativamente fácil nos
pés matadores de Vágner Love.
O estado psicológico de Luis Fabiano se revelou, não tanto na cobrança do pênalti, mas na apatia
que o impediu de aproveitar o rebote de Sérgio.
Os jogadores palmeirenses, ao
contrário, estavam plenamente
concentrados. O alviverde era um
organismo compacto cuja coluna
dorsal, de onde emanava a vibração para a disputa, era formada
por Sérgio, Magrão e Vágner.
O torcedor palmeirense vai sentir saudades de Vágner, mas com
a satisfação de ter usufruído até o
fim o que ele tinha de melhor. Já
os são-paulinos se lembrarão de
Luis Fabiano com um gosto
amargo e talvez um tanto de remorso, como ocorreu com Kaká.
O torcedor do Santos, que compareceu em bom número ao Pacaembu no sábado, sabe que o time tem elenco e técnico para chegar em pouco tempo às primeiras
colocações.
Vitória cabal
O grande feito da rodada foi a
bela vitória do Figueirense sobre o Flamengo em Volta Redonda. Contra um rubro-negro
apático ("Acho que estão pensando na Copa do Brasil", disparou no intervalo o goleiro Júlio César, sobre seus companheiros), o Figueira mostrou
um futebol objetivo e corajoso
na casa postiça do adversário,
fazendo por merecer a liderança isolada do Brasileirão.
Encanto e resultados
A República Tcheca segue sendo a sensação da Eurocopa,
com quatro vitórias em quatro
jogos. Os resultados coroam o
futebol vistoso de Nedved, Baros e companhia. Tanto por
motivos futebolísticos como
sentimentais, torço por uma
final Portugal x República
Tcheca.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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