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VÔLEI
A geração de prata
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Em 1984, Bernardinho fez parte do time medalha de prata
em Los Angeles. Vinte anos depois, ele quer chegar ao ouro
olímpico com o grupo que foi
campeão mundial em 2002. Ontem, essas duas pontas da história
se juntaram: no intervalo do jogo
entre Brasil e Grécia, a geração de
prata foi homenageada.
Foi emocionante rever o time
reunido e com a camisa da seleção: Renan, Xandó, Montanaro,
Fernandão, William, Amauri,
Bernard, Badalhoca, Rui, Bernardinho, Maracanã e Marcus Vinicíus. Da comissão técnica, Jorge
de Barros, José Carlos Brunoro e
Mathias. O técnico Bebeto de
Freitas foi a grande ausência.
Daquela época, uma das cenas
difíceis de esquecer foi a entrevista do então levantador William
logo depois da derrota na final
para os Estados Unidos por 3 sets
a 0 (15/6, 15/6 e 15/7). Inconformado e em lágrimas, ele dizia que a
sua geração não havia nascido
para ser campeã.
Uma declaração emocionada
que traduzia bem a sensação depois do jogo: o Brasil tinha feito
naquela temporada 12 partidas
contra os Estados Unidos e ganhado todas. Uma delas foi até
na fase de classificação da Olimpíada de Los Angeles, com uma
vitória fácil por 3 sets a 0 (15/10,
15/11 e 15/2).
Por isso, mesmo sendo uma
grande façanha, a medalha de
prata sempre veio acompanhada
da sensação de que o time poderia ter chegado ao ouro. Até hoje,
Renan, um dos jogadores mais
completos da história do vôlei,
afirma que tecnicamente o Brasil
tinha uma equipe superior à dos
Estados Unidos.
Para Renan, os americanos estavam mais bem preparados tática e psicologicamente. Um exemplo: nos Jogos de 84, os Estados
Unidos tinham dois especialistas
em recepção (Kiraly e Berzins),
uma novidade na época, que é
mantida até hoje. No Brasil, os
atletas se revezavam na recepção.
Mas o maior mérito americano
foi ter chegado à final com o time
em harmonia. A seleção brasileira, que surpreendia os adversários com a velocidade e a variação de suas jogadas de ataque,
acabou não conseguindo lidar
com as vaidades e chegou à decisão com muitos conflitos não resolvidos dentro do grupo.
O certo é que as lições do passado também têm ajudado na construção da trilha vitoriosa da
atual seleção. Não por acaso, Bernardinho, integrante da geração
de prata, vive relembrando seus
jogadores dos perigos e das armadilhas que as vaidades e os problemas de relacionamento podem
proporcionar a um time.
O levantador Maurício e o atacante Giovane conhecem bem o
significado disso. Entre 94 e 96, essa história voltou a se repetir com
a geração que conquistou o ouro
olímpico em 92. As vaidades atrapalharam o desempenho do time.
O certo é que a geração de prata
perdeu o ouro, mas deslumbrou
os amantes do vôlei pelo refinamento técnico e pela beleza de
suas jogadas. Mais do que tudo,
foi com essa geração que o vôlei se
popularizou no país. E, por tudo
isso, foi muito bom rever essa turma toda no Mineirinho com os
olhos mareados.
Malas prontas
A seleção brasileira feminina viaja na sexta-feira para Taiwan, onde
disputa a primeira fase do Grand Prix. A estréia será no dia 9 contra a
República Dominicana. No dia 10, as meninas enfrentam a Alemanha. No dia 11, a China. A segunda etapa será nas Filipinas entre os
dias 16 e 18. A terceira fase será na Coréia a partir do dia 22. As finais
serão na Itália entre 27 de julho e 1º de agosto.
Italiano
O Macerata está montando um grande time para a próxima temporada do Italiano. Além do levantador Maurício, o clube contratou
Bernardi, craque da seleção italiana que nos anos 90 ganhou oito títulos da Liga Mundial, e o cubano canhoto Dennis. O iugoslavo Ivan
Miljkovic, atual campeão olímpico, renovou o contrato com o time.
E-mail cidasan@uol.com.br
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