São Paulo, segunda-feira, 28 de junho de 2004

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VÔLEI

A geração de prata

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Em 1984, Bernardinho fez parte do time medalha de prata em Los Angeles. Vinte anos depois, ele quer chegar ao ouro olímpico com o grupo que foi campeão mundial em 2002. Ontem, essas duas pontas da história se juntaram: no intervalo do jogo entre Brasil e Grécia, a geração de prata foi homenageada.
Foi emocionante rever o time reunido e com a camisa da seleção: Renan, Xandó, Montanaro, Fernandão, William, Amauri, Bernard, Badalhoca, Rui, Bernardinho, Maracanã e Marcus Vinicíus. Da comissão técnica, Jorge de Barros, José Carlos Brunoro e Mathias. O técnico Bebeto de Freitas foi a grande ausência.
Daquela época, uma das cenas difíceis de esquecer foi a entrevista do então levantador William logo depois da derrota na final para os Estados Unidos por 3 sets a 0 (15/6, 15/6 e 15/7). Inconformado e em lágrimas, ele dizia que a sua geração não havia nascido para ser campeã.
Uma declaração emocionada que traduzia bem a sensação depois do jogo: o Brasil tinha feito naquela temporada 12 partidas contra os Estados Unidos e ganhado todas. Uma delas foi até na fase de classificação da Olimpíada de Los Angeles, com uma vitória fácil por 3 sets a 0 (15/10, 15/11 e 15/2).
Por isso, mesmo sendo uma grande façanha, a medalha de prata sempre veio acompanhada da sensação de que o time poderia ter chegado ao ouro. Até hoje, Renan, um dos jogadores mais completos da história do vôlei, afirma que tecnicamente o Brasil tinha uma equipe superior à dos Estados Unidos.
Para Renan, os americanos estavam mais bem preparados tática e psicologicamente. Um exemplo: nos Jogos de 84, os Estados Unidos tinham dois especialistas em recepção (Kiraly e Berzins), uma novidade na época, que é mantida até hoje. No Brasil, os atletas se revezavam na recepção.
Mas o maior mérito americano foi ter chegado à final com o time em harmonia. A seleção brasileira, que surpreendia os adversários com a velocidade e a variação de suas jogadas de ataque, acabou não conseguindo lidar com as vaidades e chegou à decisão com muitos conflitos não resolvidos dentro do grupo.
O certo é que as lições do passado também têm ajudado na construção da trilha vitoriosa da atual seleção. Não por acaso, Bernardinho, integrante da geração de prata, vive relembrando seus jogadores dos perigos e das armadilhas que as vaidades e os problemas de relacionamento podem proporcionar a um time.
O levantador Maurício e o atacante Giovane conhecem bem o significado disso. Entre 94 e 96, essa história voltou a se repetir com a geração que conquistou o ouro olímpico em 92. As vaidades atrapalharam o desempenho do time.
O certo é que a geração de prata perdeu o ouro, mas deslumbrou os amantes do vôlei pelo refinamento técnico e pela beleza de suas jogadas. Mais do que tudo, foi com essa geração que o vôlei se popularizou no país. E, por tudo isso, foi muito bom rever essa turma toda no Mineirinho com os olhos mareados.

Malas prontas
A seleção brasileira feminina viaja na sexta-feira para Taiwan, onde disputa a primeira fase do Grand Prix. A estréia será no dia 9 contra a República Dominicana. No dia 10, as meninas enfrentam a Alemanha. No dia 11, a China. A segunda etapa será nas Filipinas entre os dias 16 e 18. A terceira fase será na Coréia a partir do dia 22. As finais serão na Itália entre 27 de julho e 1º de agosto.

Italiano
O Macerata está montando um grande time para a próxima temporada do Italiano. Além do levantador Maurício, o clube contratou Bernardi, craque da seleção italiana que nos anos 90 ganhou oito títulos da Liga Mundial, e o cubano canhoto Dennis. O iugoslavo Ivan Miljkovic, atual campeão olímpico, renovou o contrato com o time.

E-mail cidasan@uol.com.br


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