São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Na Antártida, brasileiros veêm Copa por satélite e querem Ronaldinho fora

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Zero grau, "calor africano" para os padrões locais, muitas risadas e comemoração. Assim foi o clima que embalou a torcida brasileira que ocupa a Estação Comandante Ferraz, na ilha Rei George, Antártida.
A quase 15 mil quilômetros de onde a seleção bateu Gana por 3 a 0 está a baía do Almirantado, onde os módulos de metal verde abrigam marinheiros e pesquisadores desde 1984. A capacidade é de 45 pessoas, mas atualmente há 23 no local -todos homens, confinados em meio ao gelo há mais de quatro meses.
Ferraz, mais uma vez, está em reformas, e os rapazes têm trabalhado às pampas nos últimos dias. Mas, na hora dos jogos do Brasil, as camisas amarelas saem do armário, e os torcedores se alinham diante de um telão que exibe os jogos via Globosat.
A impressão geral? Ronaldinho não está rendendo o que poderia e deveria ir com Adriano para o banco. Em campo, para os homens do frio, Ronaldo e Fred fariam uma dupla melhor.
Quem mais xinga? "É o chefe", admite o capitão-de-fragata Athila de Faria Oliveira, 42, de longe o mais aficcionado por futebol. Na hora do jogo, contudo, o pessoal está mesmo de olho é no que vai fazer o 3º Sargento Moacir Luís Mascarenhas, 44. "Mumu", como é conhecido, é o cozinheiro oficial. Na partida de ontem, com saudades de mulher e filhos, serviu panqueca de bacalhau. Agradou.
Os brasileiros têm recebido visitas dos cientistas poloneses. Sem TV, eles remam até a baía do Almirantado para dar uma olhadela no telão. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Armando Hadano, especialista em diagnósticos de anomalias no meio geoespacial, é o fotógrafo oficial do grupo.
Se eles têm programa para hoje à noite? Claro. Vão comemorar a vitória com uma dose de uísque. A bebida foi feita há 12 anos. O gelo, saído direto dos icebergs, tem 1.200. "Temos de comemorar com estilo, não é?", resume o capitão Athila. Com certeza.


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