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Na Antártida, brasileiros veêm Copa por satélite e querem Ronaldinho fora
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Zero grau, "calor africano"
para os padrões locais, muitas
risadas e comemoração. Assim foi o clima que embalou a
torcida brasileira que ocupa a
Estação Comandante Ferraz,
na ilha Rei George, Antártida.
A quase 15 mil quilômetros
de onde a seleção bateu Gana
por 3 a 0 está a baía do Almirantado, onde os módulos de
metal verde abrigam marinheiros e pesquisadores desde 1984. A capacidade é de 45
pessoas, mas atualmente há
23 no local -todos homens,
confinados em meio ao gelo
há mais de quatro meses.
Ferraz, mais uma vez, está
em reformas, e os rapazes
têm trabalhado às pampas
nos últimos dias. Mas, na hora dos jogos do Brasil, as camisas amarelas saem do armário, e os torcedores se alinham diante de um telão que
exibe os jogos via Globosat.
A impressão geral? Ronaldinho não está rendendo o
que poderia e deveria ir com
Adriano para o banco. Em
campo, para os homens do
frio, Ronaldo e Fred fariam
uma dupla melhor.
Quem mais xinga? "É o
chefe", admite o capitão-de-fragata Athila de Faria Oliveira, 42, de longe o mais aficcionado por futebol. Na hora do
jogo, contudo, o pessoal está
mesmo de olho é no que vai
fazer o 3º Sargento Moacir
Luís Mascarenhas, 44. "Mumu", como é conhecido, é o
cozinheiro oficial. Na partida
de ontem, com saudades de
mulher e filhos, serviu panqueca de bacalhau. Agradou.
Os brasileiros têm recebido
visitas dos cientistas poloneses. Sem TV, eles remam até a
baía do Almirantado para dar
uma olhadela no telão. O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Armando Hadano, especialista em diagnósticos de anomalias no meio geoespacial, é o
fotógrafo oficial do grupo.
Se eles têm programa para
hoje à noite? Claro. Vão comemorar a vitória com uma
dose de uísque. A bebida foi
feita há 12 anos. O gelo, saído
direto dos icebergs, tem
1.200. "Temos de comemorar
com estilo, não é?", resume o
capitão Athila. Com certeza.
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