São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Irregular, Zidane faz 1º gol na Copa e ressuscita França

"A aventura continua", diz ex-melhor do mundo, que elogia seus colegas e agora promete ir mais longe na Copa antes de se aposentar

Meia tem atuação discreta, mas participa dos dois gols que colocam o campeão de 1998 no mata-mata contra o Brasil


MARIANA BASTOS
MARIO HUGO MONKEN
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Aposentadoria? Lamento dizer que não será após este jogo. A aventura continua." Campeões do mundo merecem, acima de tudo, respeito. Se, com todos os serviços prestados ao futebol, o autor da frase acima, Zinedine Zidane, escolheu a Copa do Mundo para seu canto de cisne aos 34 anos, a Espanha tinha razão ao se referir ao meia com temor. Ontem, o capitão da França, eleito melhor do mundo três vezes (1998, 2000 e 2003), voltou a marcar em Copas. Não fazia isso desde Paris, 12 de julho de 1998, quando fuzilou Taffarel duas vezes de cabeça, no 3 a 0 que pôs a estrela de campeão sobre o galo da camisa azul, branca e vermelha. Foram três jogos em branco -um em 2002 e dois na Alemanha. Da elegância econômica do primeiro tempo, em que apenas um passe para Henry foi notável, Zidane virou o fator decisivo para que a França consolidasse a vitória por 3 a 1 ontem, em Hannover. Se não foi vibrante e perfeccionista, teve sorte, frieza e pontaria. Errou os sete cruzamentos que tentou -inclusive o que gerou o segundo gol, aos 38min do segundo tempo. Xabi Alonso o desviou de cabeça, e a sorte deu a bola a Vieira, que cabeceou para as redes. Foi o segundo jogador a dar mais passes errados de toda a França -seis, um a menos que Makelele-, mas foi também o que mais deu passes certos, com 27. Tentou apenas um lançamento. E errou. Finalizou só duas vezes contra Casillas e errou 50%. Mas teve calma para driblar Puyol e pontaria para não errar aos 47min do segundo tempo. Seu gol não lhe deu o prêmio de "homem do jogo". A honra coube a Vieira, talvez pelo terceiro amarelo de Zidane em três jogos nesta Copa. Ele entra pendurado contra o Brasil. Mesmo com tantos erros, o treinador da França, Raymond Domenech, não se furtou de elogiá-lo. "Ele manteve o ritmo a partida inteira. Fez um gol aos 47min -e ainda acelerava." O meia calvo, porém, não quis se gabar. "Nunca penso apenas em mim. E, agora, o time está forte. Acho que podemos ir mais longe." Segundo Domenech, os jogadores da França disseram nos vestiários que estava por vir "um jogo excepcional" contra o Brasil. "Como eles disseram, é para jogos como esse que nós vivemos no mundo do futebol, para esse tipo de excitação." Empolgado com o resultado contra a Espanha, Henry ignorou o provável favoritismo brasileiro. "É, Brasil. Penso que podemos vencer." Já Zidane, recordado da final da Copa de 1998, mostrou outra expressão: apenas esboçou seu sorriso curto antes da resposta. Sabia que, se perder do Brasil, será um adeus derrotado. Se ganhar em Frankfurt, ainda poderá dar o último polimento numa carreira brilhante. Preferiu responder comedido: "Aquela é uma grande memória para o povo francês." E disse isso como se subentendesse que campeões do mundo merecem respeito -principalmente dos que se diplomaram vices no mesmo dia.


Colaboraram PAULO GALDIERI , da Reportagem Local, e UIRÁ MACHADO, enviado especial a Hannover

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