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Abusado, Tevez desafia Alemanha
Jogador foge do lugar-comum, afirma que Argentina é favorita e conta com o apoio dos corintianos diante dos anfitriões
Messi, outra promessa,
também adere à onda de
provocações e diz que sua
equipe pode garantir a vaga
sem precisar dos pênaltis
GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A HERZOGENAURACH
Um clássico como Alemanha
e Argentina costuma ser precedido por um mar de declarações previsíveis. Sentenças como "vamos respeitar o rival" ou
"um jogo desse não tem favorito" são repetidas à exaustão.
Ontem, contudo, Carlos Tevez e Lionel Messi, dois jovens
prodígios que ainda não têm
vaga assegurada na equipe titular, trataram de apimentar o
confronto com os anfitriões,
que ocorre na sexta, em Berlim.
Durante 18 minutos de conversa com jornalistas em Herzogenaurach, cidade onde está
baseada a seleção sul-americana, a dupla despejou provocações e tiradas bem-humoradas.
Ambos questionaram desde
a qualidade dos jogos que a Alemanha fez até aqui ("Eles vão
ter que mostrar muito mais para ganhar da gente", afirma Tevez) até a pressão que o Estádio
Olímpico lotado pode produzir
("Eu adoro jogar com torcida
contra, pois você pode frustrá-los", declara Messi).
O primeiro era o mais desenvolto. Indagado sobre como bateria um pênalti caso a disputa
terminasse em igualdade no
tempo normal e na prorrogação, arrancou gargalhadas: "Eu
miro na cabeça do goleiro. Se
errar, errei. Ele fica sem alguma
coisa, pelo menos. Sem cabeça,
sem estômago, sei lá".
Jogador do Corinthians desde o ano passado, Tevez, 22,
também não economizou ao
apontar sua popularidade como um trunfo para que esteja
entre os 11 titulares. Nos quatro
jogos da Argentina até aqui,
atuou em três e fez um gol -só
não pisou em campo na estréia.
"Tenho que ser realista. As
pessoas apreciam muito o meu
futebol. Tomara que eu seja
sempre um jogador do povo."
Do povo argentino e também
de parte do brasileiro, diz o jogador. Ele foi questionado se
achava que entusiastas do país
pentacampeão torceriam pela
Argentina por sua causa. "Acho
que os corintianos devem torcer, pelo que eu fiz pelo clube.
Isso é motivo de satisfação."
Já Messi, 19, não quer bater
um pênalti contra a Alemanha.
Afirma não ter receio. Mas acha
que, se for escolhido pelo técnico José Perkerman, pode resolver a partida antes.
"Espero que acabemos com
tudo nos 90 minutos. Nós não
temos medo, porque podemos
ganhar de qualquer um que
cruzar o nosso caminho."
Os discursos fogem da tônica
que guiou o grupo até agora.
Mesmo após exibirem o futebol
vistoso dos 6 a 0 sobre a Sérvia e
Montenegro, os argentinos
continuaram a elencar Brasil e
Alemanha como favoritos.
Tevez, agora, vai no caminho
oposto. "Somos os favoritos para bater a Alemanha pelo que fizemos nos quatro jogos."
O corintiano estava treinando quando a seleção brasileira
bateu Gana por 3 a 0. Mesmo
assim, opinou sobre o Brasil.
"Eles estão crescendo a cada jogo, mostrando-se mais fortes."
Sua idéia também é crescer
nos momentos decisivos. Tevez
lembra que, na Copa América
de 2004, saiu do banco na fase
final e jogou um futebol "de primeiro nível". Naquela ocasião,
contudo, o Brasil acabou campeão na decisão por pênaltis.
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