São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2006

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Abusado, Tevez desafia Alemanha

Jogador foge do lugar-comum, afirma que Argentina é favorita e conta com o apoio dos corintianos diante dos anfitriões

Messi, outra promessa, também adere à onda de provocações e diz que sua equipe pode garantir a vaga sem precisar dos pênaltis


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A HERZOGENAURACH

Um clássico como Alemanha e Argentina costuma ser precedido por um mar de declarações previsíveis. Sentenças como "vamos respeitar o rival" ou "um jogo desse não tem favorito" são repetidas à exaustão.
Ontem, contudo, Carlos Tevez e Lionel Messi, dois jovens prodígios que ainda não têm vaga assegurada na equipe titular, trataram de apimentar o confronto com os anfitriões, que ocorre na sexta, em Berlim.
Durante 18 minutos de conversa com jornalistas em Herzogenaurach, cidade onde está baseada a seleção sul-americana, a dupla despejou provocações e tiradas bem-humoradas.
Ambos questionaram desde a qualidade dos jogos que a Alemanha fez até aqui ("Eles vão ter que mostrar muito mais para ganhar da gente", afirma Tevez) até a pressão que o Estádio Olímpico lotado pode produzir ("Eu adoro jogar com torcida contra, pois você pode frustrá-los", declara Messi).
O primeiro era o mais desenvolto. Indagado sobre como bateria um pênalti caso a disputa terminasse em igualdade no tempo normal e na prorrogação, arrancou gargalhadas: "Eu miro na cabeça do goleiro. Se errar, errei. Ele fica sem alguma coisa, pelo menos. Sem cabeça, sem estômago, sei lá".
Jogador do Corinthians desde o ano passado, Tevez, 22, também não economizou ao apontar sua popularidade como um trunfo para que esteja entre os 11 titulares. Nos quatro jogos da Argentina até aqui, atuou em três e fez um gol -só não pisou em campo na estréia.
"Tenho que ser realista. As pessoas apreciam muito o meu futebol. Tomara que eu seja sempre um jogador do povo."
Do povo argentino e também de parte do brasileiro, diz o jogador. Ele foi questionado se achava que entusiastas do país pentacampeão torceriam pela Argentina por sua causa. "Acho que os corintianos devem torcer, pelo que eu fiz pelo clube. Isso é motivo de satisfação."
Já Messi, 19, não quer bater um pênalti contra a Alemanha. Afirma não ter receio. Mas acha que, se for escolhido pelo técnico José Perkerman, pode resolver a partida antes.
"Espero que acabemos com tudo nos 90 minutos. Nós não temos medo, porque podemos ganhar de qualquer um que cruzar o nosso caminho."
Os discursos fogem da tônica que guiou o grupo até agora. Mesmo após exibirem o futebol vistoso dos 6 a 0 sobre a Sérvia e Montenegro, os argentinos continuaram a elencar Brasil e Alemanha como favoritos.
Tevez, agora, vai no caminho oposto. "Somos os favoritos para bater a Alemanha pelo que fizemos nos quatro jogos."
O corintiano estava treinando quando a seleção brasileira bateu Gana por 3 a 0. Mesmo assim, opinou sobre o Brasil. "Eles estão crescendo a cada jogo, mostrando-se mais fortes."
Sua idéia também é crescer nos momentos decisivos. Tevez lembra que, na Copa América de 2004, saiu do banco na fase final e jogou um futebol "de primeiro nível". Naquela ocasião, contudo, o Brasil acabou campeão na decisão por pênaltis.


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