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São-paulino pode mover ação contra cartola rival
Cyrillo Jr., do Palmeiras, citou Richarlyson na TV em resposta sobre atleta gay
Segundo advogado, atleta recomendou que fita do programa da Record fosse analisada para se estudar
as possíveis providências
JULYANA TRAVAGLIA
MÁRVIO DOS ANJOS
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Declarações dadas na TV pelo diretor administrativo do
Palmeiras, José Cyrillo Jr., devem levar Richarlyson, do São
Paulo, a mover ações cível e criminal contra o cartola.
Indagado anteontem no programa "Debate Bola", da Record, sobre a possibilidade de
haver um atleta homossexual
no elenco palmeirense disposto a assumir publicamente sua
opção, Cyrillo começou a responder dizendo: "O Richarlyson quase foi do Palmeiras".
A pergunta surgiu depois que
a coluna Zapping, do "Agora",
informou, sem citar nomes,
que um jogador de um grande
clube paulistano estava em negociação com a TV Globo para
assumir a homossexualidade.
Ao tomar conhecimento das
declarações de Cyrillo, o jogador pediu ao seu advogado, Renato Prata Salge, que analisasse
a fita e verificasse se há providências a serem tomadas.
"Ele me autorizou a ver a fita
e a defender os seus direitos caso haja necessidade, porque
quem falou não tem competência para falar da intimidade dele. Ainda não vi a fita, que pedimos à Record, mas essas declarações infelizes podem dar motivo a uma ação cível e a outra
criminal", disse Salge, sem definir que acusações haveria.
Salge afirma que, no início da
próxima semana, o são-paulino
assinará a procuração para iniciar as ações que achar cabíveis.
A reportagem procurou ouvir Richarlyson, mas ele não
atendeu aos telefonemas. O jogador está em Florianópolis,
onde enfrenta o Figueirense.
Seu empresário, Julio Fressato, negou que o volante seja o
atleta na mira da Globo. "Quem
não deve não teme. Não existe a
mínima possibilidade de esse
jogador ser o Richarlyson. Conheço a família dele, sua índole
e seu caráter há 11 anos, desde
que ele começou a jogar."
O agente afastou inclusive a
hipótese de o jogador ser poupado contra o Figueirense.
"Nenhuma chance. Acho até
que ele vai entrar em campo
mais motivado", declarou.
José Cyrillo Jr. afirmou ontem à Folha que não deveria
ter citado o atleta no programa.
Mas diz não crer que seja preciso pedir desculpas.
"Errei. Talvez não devesse
ter dito o nome dele. Mas foi
um ato falho. Em nenhum momento quis ser maldoso", afirmou o diretor palmeirense.
Cyrillo Jr. disse, inclusive,
não ser preconceituoso e justificou-se dizendo "ser amigo e
ter conhecidos homossexuais".
Ele acredita que o fato ganhou
uma proporção desnecessária.
Mas prefere esperar o desdobramento do caso para saber
qual atitude tomar.
Para o advogado Kalil Rocha
Abdalla, do departamento jurídico do São Paulo, a questão
não cabe ao clube do Morumbi.
"O São Paulo não foi ofendido, então não pode fazer nada.
Quem pode entrar com alguma
ação é o atleta, que teria sido
ofendido, atacado. Agora eu
acho que, se alguém acusa alguém, tem de ter provas. Se eu
falo que alguém é homossexual
e essa pessoa se ofende, eu preciso provar. Agora, como provar, isso eu não sei. Cabe a ele
[Cyrillo Jr.] provar."
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