São Paulo, sábado, 28 de junho de 2008

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MOTOR

Vencedores e vencedores

Postura sóbria de Massa ajuda a explicar o porquê de o piloto brasileiro liderar hoje a tabela do Mundial

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

MASSA É líder do Mundial.
Como Schumacher, Senna, Prost, Clark, Fangio, Alonso, Piquet, Emerson, Stewart...
Mas também como Moss, Taruffi, González, Collins, Laffite, Von Trips, Bandini, Regazzoni, Irvine...
Os primeiros transformaram as lideranças em títulos mundiais -assim mesmo, no plural. Os segundos, alguns deles muito bons, fracassaram, tropeçaram no meio do caminho, não conseguiram encaixar.
Para desgraça pessoal, Moss consagrou-se como o maior especialista nesses tropeços. Foi tetravice e duas vezes terceiro do Mundial. Figurinha fácil até hoje nos paddocks, marqueteiro nato, sorridente por ofício -vive de contratos de RP-, o inglês fecha a cara quando questionado sobre os motivos do "recorde".
Uma, porque já respondeu trocentas vezes à pergunta. Outra, porque talvez não imagine a resposta.
(A este colunista, certa vez, em Mônaco, saiu-se com réplica tão evasiva que não mereceu registro.)
Até onde a pesquisa alcançou, a melhor dica de Moss sobre o tema foi dada em 1989, em uma entrevista à antiga "Grand Prix Racing". Não, ele não fala diretamente sobre as derrotas, mas deixa escapar que, nos seus anos de F-1, preocupava-se mais com os outros do que consigo.
"Eu me preocupava com o que os outros pensavam. O que eu mais queria é que os outros pilotos me vissem como o homem a ser batido."
É, deu no que (não) deu. E ajuda a explicar o porquê de Massa ser hoje candidato ao título.
O brasileiro passou em branco os dois primeiros GPs da temporada. Foi atacado por todos os lados -a "Autosprint" cravou sua substituição por Vettel. Pressionado, publicou um pedido de desculpas em seu site. Parecia, sim, estar mais preocupado com o que os outros pensavam.
Mas a postura mudou a partir das vitórias. A declaração em Magny-Cours, dizendo-se "pequenininho" diante de Emerson, Senna e Piquet, mostra que ele está se lixando para o que pensam dele. Ou, pelo menos, que não quer se impor no grito. Ufa.
Massa pode ser um mau perdedor.
Mas talvez seja um bom vencedor.

TROCA-TROCA
Ao trocar a Williams pela Honda, a Petrobras tenta dar novo impulso à sua empreitada na F-1. A mudança de ares inclui fornecimento de lubrificante e alia a imagem da estatal
à uma marca que tenta ser "verde". De quebra (embora isso não esteja em contrato), pode levar de brinde o que nunca teve, um piloto brasileiro titular. O saldo é positivo.

COISA ESTRANHA
O anúncio do doping de Paulo Salustiano completa hoje 37 dias e até agora a CBA não divulgou qual foi a substância proibida encontrada no exame do piloto. Enquanto isso, ali e acolá começam a pipocar versões e suspeitas. Por que o mistério?


fseixas@folhasp.com.br

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