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MOTOR
Vencedores e vencedores
Postura sóbria de Massa ajuda a explicar o porquê
de o piloto brasileiro liderar
hoje a tabela do Mundial
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
MASSA É líder do Mundial.
Como Schumacher, Senna, Prost, Clark, Fangio,
Alonso, Piquet, Emerson, Stewart...
Mas também como Moss, Taruffi,
González, Collins, Laffite, Von
Trips, Bandini, Regazzoni, Irvine...
Os primeiros transformaram as lideranças em títulos mundiais -assim mesmo, no plural. Os segundos,
alguns deles muito bons, fracassaram, tropeçaram no meio do caminho, não conseguiram encaixar.
Para desgraça pessoal, Moss consagrou-se como o maior especialista
nesses tropeços. Foi tetravice e duas
vezes terceiro do Mundial. Figurinha fácil até hoje nos paddocks,
marqueteiro nato, sorridente por
ofício -vive de contratos de RP-, o
inglês fecha a cara quando questionado sobre os motivos do "recorde".
Uma, porque já respondeu trocentas vezes à pergunta. Outra, porque talvez não imagine a resposta.
(A este colunista, certa vez, em
Mônaco, saiu-se com réplica tão
evasiva que não mereceu registro.)
Até onde a pesquisa alcançou, a
melhor dica de Moss sobre o tema
foi dada em 1989, em uma entrevista
à antiga "Grand Prix Racing". Não,
ele não fala diretamente sobre as
derrotas, mas deixa escapar que, nos
seus anos de F-1, preocupava-se
mais com os outros do que consigo.
"Eu me preocupava com o que os
outros pensavam. O que eu mais
queria é que os outros pilotos me
vissem como o homem a ser batido."
É, deu no que (não) deu.
E ajuda a explicar o porquê de
Massa ser hoje candidato ao título.
O brasileiro passou em branco os
dois primeiros GPs da temporada.
Foi atacado por todos os lados -a
"Autosprint" cravou sua substituição por Vettel. Pressionado, publicou um pedido de desculpas em seu
site. Parecia, sim, estar mais preocupado com o que os outros pensavam.
Mas a postura mudou a partir das
vitórias. A declaração em Magny-Cours, dizendo-se "pequenininho"
diante de Emerson, Senna e Piquet,
mostra que ele está se lixando para o
que pensam dele. Ou, pelo menos,
que não quer se impor no grito. Ufa.
Massa pode ser um mau perdedor.
Mas talvez seja um bom vencedor.
TROCA-TROCA
Ao trocar a Williams pela Honda, a
Petrobras tenta dar novo impulso à
sua empreitada na F-1. A mudança
de ares inclui fornecimento de lubrificante e alia a imagem da estatal
à uma marca que tenta ser "verde".
De quebra (embora isso não esteja
em contrato), pode levar de brinde
o que nunca teve, um piloto brasileiro titular. O saldo é positivo.
COISA ESTRANHA
O anúncio do doping de Paulo Salustiano completa hoje 37 dias e até
agora a CBA não divulgou qual foi a
substância proibida encontrada no
exame do piloto. Enquanto isso, ali
e acolá começam a pipocar versões
e suspeitas. Por que o mistério?
fseixas@folhasp.com.br
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