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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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VÔLEI

O nó da questão

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Tudo parecia bem: o Brasil perdeu da Rússia, mas venceu a poderosa China. O que ninguém imaginaria é que na última rodada, a dois sets da classificação, o time perderia por 3 a 0 da Coréia do Sul. Pela primeira vez, a seleção, tricampeã do Grand Prix, ficou fora da fase final.
Esse resultado exige uma reflexão. Estamos em ano pré-olímpico, o país tem jogadoras para formar uma grande seleção e disputar medalhas nos Jogos de Atenas. A responsabilidade pelo atual e também pelos próximos resultados não é só da comissão técnica e do time. É também das jogadoras que estão ausentes.
Está na hora de uma reconciliação no vôlei feminino. Fofão, Érika, Walewska, que deixaram o time por problemas com Marco Aurélio Motta, fazem falta. A levantadora Fernanda Venturini, que tem falado em voltar ao time em 2004, mas que também tem diferenças com o técnico, seria um reforço e tanto.
Talvez seja o maior problema da seleção: depois de um mau resultado, é inevitável não lembrar os conflitos dos últimos dois anos e as atletas que estão fora da equipe. A mesma ladainha volta a ser repetida. Ficam então um lamento e a sensação de que a história poderia ser diferente.
O certo é que a situação de Marco Aurélio Motta também não é nada confortável. Desde que assumiu o cargo, em 2001, não teve paz. Sem contar que substituir Bernardinho já não seria fácil para nenhum técnico. Ele sofreu pressões, teve problemas com algumas jogadoras e está tentando reconstruir o time.
No Mundial de 2002, na Alemanha, o Brasil ficou em sétimo lugar. Em junho, na Volley Masters, a equipe foi bem: reforçada por Virna e Raquel, acabou em terceiro lugar. Mas, agora, o tropeço no Grand Prix preocupa: a seleção precisa retomar o seu caminho de conquistas no vôlei.
Não dá para esquecer que até a última Olimpíada, em 2000, o Brasil estava entre os três melhores do mundo. A luta deve ser para que a equipe volte a ocupar esse lugar no ano que vem, em Atenas. Para isso, o time precisa de suas melhores jogadoras e que todos falem a mesma língua.
O certo é que a questão já virou política. Se a Confederação Brasileira muda o técnico, estaria dando poder às jogadoras rebeladas. Já manter Marco Aurélio significa não contar com algumas das melhores atletas do país. E uma convivência pacífica entre todos parece difícil. Eis o nó da questão.
Sobre o Grand Prix, pelo menos um consolo: no vôlei feminino, os favoritos não são imbatíveis. Quem diria, a Coréia do Sul terminou em primeiro lugar em uma chave que tinha Rússia, China e Brasil. No outro grupo, a Itália, atual campeã do mundo, jogou sem três titulares. Em cinco jogos, o time perdeu três.
Cuba, também com tanta tradição, mas em fase de renovação, conseguiu apenas uma vitória em cinco partidas e acabou em último lugar na chave. A luta pelo título vai reunir agora Coréia do Sul, China, Rússia, Estados Unidos, Holanda e Itália. Se não acontecerem mais surpresas, dá para apostar as fichas na Rússia.

Preparação
O Campeonato Masculino Europeu deste ano promete ser o mais disputado dos últimos tempos. O torneio, que será realizado de 5 a 14 de setembro na Alemanha, é classificatório para a Copa do Mundo, competição que vale três vagas para os Jogos de Atenas, em 2004. Os grandes favoritos ao título são Itália, Sérvia e Montenegro e Rússia.

Mudanças
Depois do decepcionante oitavo lugar na Liga Mundial, o técnico da seleção masculina da Rússia, Guennadi Chipouline, faz mistério e promete mudanças no time para o Campeonato Europeu. A Rússia caiu no grupo mais difícil, ao lado de Sérvia e Montenegro, Polônia, Grécia, Holanda, e Bulgária. Na outra chave estão Itália, República Tcheca, Alemanha, Espanha, França e Eslováquia.

E-mail cidasan@uol.com.br


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