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FUTEBOL
Amadores x Profissional
JORGE KAJURU
ESPECIAL PARA A FOLHA
O nosso amor morreu. Mas,
cá prá nós, antes ele do que
eu. Rei morto, rei posto.
Assim deveria reagir qualquer
torcedor da equipe do Corinthians. E ainda mais quem dirige
essa nação.
Lembro-me de uma entrevista
dada por Hailê Pinheiro, o "dono" do Goiás, clube em que manda há 20 anos.
Nenhum outro cartola domina
um time durante duas décadas.
Na entrevista, Pinheiro compara
o futebol com um prostíbulo, onde não tem espaço para virgem.
Outros homens do meio concordam com a chula definição.
Do Bangu para o Palmeiras.
Ademir da Guia nunca mais. No
Parque São Jorge, talvez sirva de
exemplo o pequeno polegar Luisinho. Para chegar, então, até a novela envolvendo Ricardinho-Corinthians-São Paulo, recomenda-se neutralidade e imaginação de
cada lado, tendo passado tudo o
que já passou.
O São Paulo, como todos os envolvidos, não é mais virgem.
A diretoria do Corinthians cometeu erros primários: estipular
uma multa de R$ 2 milhões para
a rescisão do contrato é de apelar
ou de entregar o Timão nas mãos
de Deus. Para ter uma idéia, eu
valho mais do que um jogador
pentacampeão mundial, no contrato da RedeTV!.
O Ricardinho não é santo. Foi e
será sempre um atleta profissional. Amador, só o Aguiar (banqueiro) e agora o Dualib.
Lanço uma dúvida: se o clube
estivesse precisando de caixa imediato, teria o Corinthians jogado
da forma como jogou, culpado o
adversário e, depois, o próprio jogador e, entre quatro paredes,
realizado comemoração?
De minha parte, se eu fosse o Ricardinho, tivesse diversos motivos, francamente, esgotaria tudo.
Me mudaria para Minas Gerais,
Rio... Turquia.
Uma só pergunta a fazer: Ricardinho, se nesse caso o São Paulo
fosse o Palmeiras, você também
fecharia a negociação?
Se a resposta for SIM, salve o
prostíbulo do futebol.
Se a opção for pelo NÃO, será a
certeza da maior goleada da história corintiana. A partida foi
disputada entre um profissional
contra alguns amadores.
A mim, cabe outra boa convicção: de que vale a pena manter
uma distância cética em relação
às paixões clubísticas.
Do contrário, aceite, xingue, esqueça. Por quê?
Porque faz parte!
Doutor Rivaldo
E como ficam os colegas que acusaram Rivaldo por falta de personalidade? Ninguém mostrou mais dignidade do que o craque pernambucano, ao recusar encontro político (jabá) no jogo do Ceará.
Quando Rivaldo desabafa sobre discriminação, tem razão. Imaginem os doutores Tostão e Sócrates! Eles certamente tomariam a
mesma atitude no "pedido" da CBF. Ganhariam repercussão de
página inteira. Quanto ao amistoso, é melhor concluir de pés no
chão. As eliminatórias sul-americanas para 2006 já começaram.
Nove
O privilégio foi triplo. Escrevi o que quis e ainda fui pago por esse
prazer sensorial. E, por fim, FOLHA e TOSTÃO (maiúsculos -reservas morais) me permitiram errar, ousar, eternizar nove artigos.
"Nove" que hoje tem tanta intimidade com as palavras como tinha
com a bola. Para mim, Tostão é o caso clássico de uma licença matemática em que o 9 vale mais que o 10. Fora de campo, então...
E-mail kajuru@terra.com.br
Tostão volta a escrever neste espaço
no próximo domingo
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