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AÇÃO
Brasileiro de snowboard
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Enquanto subia no ski-lift, o
senhor ao meu lado me chamou a atenção para os quatro
surfistas da neve que deslizavam
na pista ao lado. Esquiador, o sr.
Andrew, um nova-iorquino de 74
anos, estava admirado com a velocidade e os saltos deles. A pista
de boardercross ficou para trás e
ele seguiu falando da sua admiração pelo esporte praticado pelos
seus netos, que também estavam
lá em Valle Nevado, no Chile.
A bateria que o americano flagrou era uma fase do Brasileiro
de snowboard. Realizado na semana passada, o campeonato é
organizado há nove anos pela Associação Brasileira de Ski e Snowboard e cresce a cada ano.
O boardercross, modalidade
que combina habilidades alpinas
e de freestyle, ocupou o primeiro
dia de provas. O campeonato foi
dividido nas categorias master,
aspirantes, e pelas provas FIS,
abertas a profissionais de outros
países e que contam pontos para
o ranking mundial. Por combinar
diferentes estilos com a emoção
da corrida, geralmente marcada
por atropelos, o boardercross é a
modalidade na qual os brasileiros
têm mais chances contra atletas
que nascem deslizando na neve.
Nossos dois principais candidatos a uma vaga em Turim-2006
confirmaram o favoritismo. Felipe Motta, 27, obteve um honroso
11º lugar e ficou com o bi brasileiro, e Isabel Clark, 26, iniciava
mais uma sequência de títulos em
grande estilo.
Competindo com européias,
americanas, chilenas e argentinas, Isabel venceu a final, para
conquistar seu quarto título na
modalidade. Foi a primeira vez
que uma brasileira venceu o Brasileiro na categoria FIS.
O feito se repetiria nas provas de
PGS, ou Slalom Gigante Paralelo,
desta vez no masculino. Ricardo
Moruzzi, 24, também defendendo
o título nacional na modalidade,
fez uma sequência precisa de descidas e manteve a hegemonia,
vencendo pela segunda vez a Copa Continental.
Isabel por pouco não chegou à
decisão. Ficou em terceiro e garantiu seu nono título, todos disputados até hoje no PGS.
O último dia de provas foi do
half pipe. Skatista profissional,
André Cywinski finalmente alcançou o título que rondava desde 99 e desbancou o tricampeão
Felipe Motta. André, 25, chegou
embalado vindo do Circuito Europeu de skate e ficou em quinto
na Copa Continental. E Isabel,
competindo pelo segundo ano no
half, ficou em segundo na Copa e
conquistou o bicampeonato brasileiro na modalidade, fechando
sua trilogia no campeonato.
Nos esportes de neve, assim como a maioria dos esportes no
país, os resultados são muito mais
fruto do talento e da dedicação
dos atletas do que da estrutura
técnica e financeira para seu desenvolvimento. Isabel, Felipe, Ricardo e André estão sem patrocínio, têm só apoios e providencial
ajuda do COB, que tem dedicado
especial atenção aos atletas da
neve. O mesmo ocorre à ABSS,
que fez mais um Brasileiro graças
aos esforços de seus integrantes.
Quanto ao sr. Andrew, enquanto fixava minhas botas à prancha, sumiu deslizando "Diablada" abaixo, à procura dos netos.
Mais neve
E nesta semana, também em Valle Nevado, está acontecendo a 18ª
edição do Brasileiro de esqui. Ricardo Kawamura, 18, ficou em sétimo na Copa Continental e garantiu o bicampeonato no Slalom. Ontem seria disputada a prova Giant Slalom e hoje, o Super G.
Roubada
Praticante de vôo livre, Marco Moreira, o Curumim, foi abordado na
alfândega de Jacarta. Com 14 quilos de cocaína no equipamento, fugiu e foi preso após 15 dias. A lei prevê pena de morte para tráfico.
Kitesurfe
O paulista Marc Conrad e a carioca Carol Freitas foram os vencedores da primeira etapa do Brasileiro, encerrado domingo.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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