São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

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VÔLEI

Na despedida dos símbolos da era Bernardinho, time tenta repetir dois últimos Jogos

Brasil junta os cacos para dar adeus com bronze a suas principais atletas

DOS ENVIADOS A ATENAS

A seleção feminina entra em quadra hoje, às 12h, contra Cuba, ainda juntando os cacos da semifinal, para tentar coroar com o bronze um grupo montado às pressas há menos de um ano e a carreira de suas principais atletas.
A noite foi maldormida após a derrota dramática para a Rússia, e a comissão técnica iniciou pela manhã o trabalho para tentar reerguer o moral das atletas, principalmente das mais velhas.
Esta é a última Olimpíada de Fernanda Venturini, 33, e Virna, 34, e muito provavelmente, de Fofão, 34. A líbero Arlene, apesar de estreante, tem 34 anos e dificilmente estará em Pequim-2008.
"A frustração foi muito grande. Ainda estamos tentado juntar os cacos", disse o assistente técnico Cacá Bizzochi, em relação aos sete match points desperdiçados na derrota por 3 a 2.
Ele e Paulo Coco, o outro auxiliar do time na Grécia, ajudaram o técnico José Roberto Guimarães na tarefa de conversar com cada jogadora. Individualmente.
Tentaram passar a idéia de que "o bronze agora para nós é ouro".
E contaram na empreitada com o auxílio de parentes das atletas. "Quero ver essa medalha", exigiu de Virna o filho Vitor, 13.
Foi nos braços dele que a mais experiente atacante da seleção chorou após o revés que colocou o time no caminho de Cuba hoje.
"A gente tem de se reestruturar e levar uma medalha olímpica. É obrigação", declarou Virna.
"O Brasil merece sair pelo menos com o bronze. Temos que nos recuperar, tirar forças lá do fundo do baú", fez coro Fernanda.
Apesar das declarações "pra cima" das atletas, Zé Roberto sabe que será muito difícil recuperar o ânimo do time. Ainda não saem da cabeça os sete match points desperdiçados na semifinal.
"A palavra que mais ouvi nos telefonemas foi fatalidade. Ninguém assimilou a derrota. Quando estamos parados, lembramos o tempo todo. Quando treinamos ou jogamos, a coisa muda de figura, conseguimos esquecer", disse ele, que assumiu no fim de 2003 e reergueu um grupo marcado por maus resultados e brigas com o ex-técnico Marco Aurélio Motta.
O próprio treinador vivenciou sua teoria ontem. No último treino antes do duelo pelo bronze, fez levantamentos e até arriscou algumas cortadas. "Eu precisava extravasar", explicou.
Ary Graça Filho, presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, também falou com as jogadoras.
Rival de hoje no Estádio da Paz e Amizade, Cuba viu a derrota para a China matar o sonho do quarto título olímpico seguido.
A equipe foi desmontada há quatro anos. Ao lado de mitos como Regla Torres e Mireya Luis, o time também deixou no passado a marcante rivalidade com as brasileiras. As equipes se enfrentaram nas semifinais de Atlanta-96 e de Sydney-00. Duas vitórias cubanas. Depois do primeiro duelo, houve até briga entre as atletas.
Caso triunfe, o Brasil de Zé Roberto igualará os feitos da era Bernardinho: bronze nos EUA e na Austrália. Nos Jogos de Barcelona-1992, o time de Wadson Lima caiu na disputa do terceiro lugar diante dos EUA. (LUÍS CURRO E GUILHERME ROSEGUINI)


NA TV - Sportv 2, ESPN Brasil, Band, Bandsports, Globo, ao vivo, às 12h


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