São Paulo, segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CIDA SANTOS

A vitória

EM UM DIA em que a superação foi maior que a inspiração, o Brasil sofreu, venceu a França, de virada, por 3 sets a 2, e conquistou o sexto título da Liga Mundial, o quarto seguido. A vitória teve um grande personagem, Giba, autor de 29 pontos, e um técnico corajoso, que mudou meio time no terceiro set.
Depois de perder os dois primeiros sets para a surpreendente França, dona de um excelente fundo de quadra, Bernardinho tirou o aposto André Nascimento, o ponta Dante e o central André Heller. Entraram Anderson, Murilo e Gustavo. O time mudou a história do jogo: acertou o saque e o bloqueio.
Mas, afinal, o que torna o Brasil, campeão olímpico e mundial, um time tão poderoso nos últimos cinco anos? O diferencial é Ricardinho, levantador corajoso que dá às jogadas uma velocidade nunca antes vista no vôlei. Para isso, conta com Escadinha, mestre em colocar a bola certinha nas suas mãos.
Outro fator é a filosofia da eterna insatisfação de Bernardinho. O time não se acomoda com as glórias, sempre busca novas metas. "O Bernardo sempre fala que não podemos ficar satisfeitos com o que fazemos. E ele tem razão. Temos que buscar sempre mais", diz Giba, a alma do time.
A classificação de Brasil e França para a decisão da Liga também teve um significado especial para os amantes do vôlei: reforça o poder do jogo técnico, com mais habilidade, representado pelas duas seleções finalistas. É a vitória do vôlei bonito. Rússia e Bulgária, que decidiram o bronze, jogam um vôlei mais feio, baseado na força, nas bolas altas e no poder do saque. A Bulgária, que arrasou Brasil, Itália e Sérvia na fase decisiva, viveu o pesadelo nas semifinais quando o saque não entrou. Sem o fundamento, base do seu jogo, foi eliminada pela França por 3 a 0.
A Liga merece reflexões. A federação internacional precisa acabar com a categoria convidado para as finais. Não tem sentido esse procedimento: quatro times classificados, o país-sede e um convidado. A classificação, menos do país-sede, tem que ser por merecimento técnico. A escolha de um convidado tira a credibilidade do torneio. Cuba (22 pontos e 2 derrotas) e Polônia (21 pontos e 3 derrotas) fizeram campanha melhor do que a Itália (19 pontos e 5 derrotas). Por que ela foi a escolhida? Até agora não se sabe o critério. Mais: antes do anúncio oficial, o presidente da federação italiana, Carlo Magri, já havia divulgado que seria a "azurra", e os jogadores já davam entrevistas como classificados. A FIVB ainda desmentiu, mas depois confirmou a Itália. Essa história manchou o torneio.
Para encerrar, um registro da grande vitória da seleção feminina sobre a China, atual campeã olímpica, por 3 a 0 e com grandes atuações de Mari e Fofão. O Brasil agora é o único invicto do Grand Prix. O time está certinho e tem tudo também para conquistar o sexto título.

CENAS DA FINAL
Giba jogou com o tradicional bigode mexicano, seu visual preferido em finais. Campeões, os brasileiros não abriram mão de mergulhar como peixinhos na quadra. A novidade foi a caminhada em direção ao pódio imitando um trenzinho, no ritmo da bandinha local.

AS ESTRELAS
Giba foi eleito, com merecimento, o melhor jogador da Liga. Causou estranheza a escolha do melhor levantador: o búlgaro Andrey Zhekov. Matey Kaziyski, também da Bulgária, foi o melhor atacante.

AS ESTRELAS 2br> André Nascimento teve o melhor saque. Dois jogadores da França também foram premiados: o central Montmeat (bloqueio) e o oposto Ruette, o maior pontuador.

cidasan uol.com.br


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.