São Paulo, Sábado, 28 de Agosto de 1999
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FUTEBOL
Indisciplina faz técnico cortar o goleiro Marcos do jogo com a Ponte Preta e acirrar conflitos no time
Palmeiras de Scolari se afunda na crise

FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

Passados dois meses da conquista da Taça Libertadores, o Palmeiras vive a maior crise da era Scolari, que teve início em 97.
Sem vencer há cinco jogos, ocupando a 19ª colocação no Brasileiro e com problemas de relacionamento entre jogadores, comissão técnica e diretoria, o time tenta se reerguer hoje à tarde, contra a Ponte Preta, em Campinas.
Ontem, um problema envolvendo Scolari e Marcos acabou resultando no corte do goleiro para a partida de hoje.
Marcos saiu do treinamento da tarde reclamando da atitude de Scolari de relacioná-lo para o jogo. Com o tornozelo esquerdo enfaixado, o goleiro mal conseguia andar normalmente.
A contusão ocorreu após um choque com o atacante Alex Alves, no empate de 2 a 2 com o Cruzeiro, anteontem à noite, pela Copa Mercosul.
Visivelmente irritado, o jogador afirmou que queria ficar em São Paulo para fazer treinamento intensivo no fim-de-semana. Na segunda, Marcos se apresenta à seleção brasileira, que enfrenta a Argentina no dia 4 de setembro.
"Queria me cuidar melhor. Não tenho a menor condição de jogar contra a Ponte Preta. Estou todo ferrado. Como vou pôr o pé de apoio no chão para chutar? Vou a Campinas apenas para ser mais um torcedor do Palmeiras", disse Marcos, antes de ser cortado.
Andando devagar e cabisbaixo, o goleiro foi até seu carro pegar o material para a partida. Enquanto isso, os demais jogadores aguardavam no ônibus que levaria a delegação a Campinas.
Nesse intervalo, o teor da entrevista de Marcos chegou aos ouvidos de Scolari. Imediatamente, o treinador ordenou que todos descessem do ônibus para uma reunião nos vestiários do Centro de Treinamento do clube.
Cinco minutos depois, Marcos saiu em direção a seu carro, com a bolsa com material esportivo a tiracolo. Scolari havia cortado o goleiro por indisciplina. Revoltado, o jogador comentou: "O tratamento aqui é diferente."
Scolari e os jogadores palmeirenses entraram no ônibus e partiram rumo a Campinas.
Essa foi a segunda polêmica que envolve Marcos em apenas uma semana. No jogo de domingo passado, diante do Gama, o goleiro reclamou que a união existente na equipe na campanha da Libertadores havia sido perdida. "Alguns estão correndo mais do que outros", dissera o jogador.
A declaração irritou os companheiros de grupo, que o interpelaram. Zinho e Júnior acharam que Marcos havia se referido a uma discussão ocorrida entre o meia e o lateral no último treino para o jogo com o Gama. "Reconheço que falei demais", disse Marcos, na quarta-feira.
Dois dias antes, o técnico Scolari havia convocado uma reunião entre os jogadores para que "a roupa suja" fosse lavada.
A relação entre o técnico palmeirense e os demais jogadores também não anda bem. "Muitas vezes somos mal compreendidos por nossas atitudes. Na hora em que eles (os jogadores) acharem que precisam de alguém gritando, apoiando, cobrando à beira do gramado, vou voltar a ser como era antes", afirmou Scolari ontem, sobre sua mudança de perfil durante os jogos do Palmeiras.
É esse Palmeiras conturbado que entra em campo hoje para reverter a péssima situação no Brasileiro. "Estamos enforcados. Temos que trabalhar muito para voltar a ser o time que conquistou a Libertadores", disse Scolari.
NA TV - Globo e Bandeirantes (menos para as cidades de São Paulo e Santos), ao vivo, às 16h


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