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Justiça vê chamada oral e valida gol de gandula
Juíza Silvia Regina e assistente mostraram desconhecer regra de arbitragem
Tribunal desportivo paulista
aborda até geometria na
sessão em que discutiu a
anulação de gol irregular
anotado pela Copa FPF
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O que começou com um lance inusitado no jogo que ficou
conhecido pelo "gol do gandula" ganhou contornos surreais
quando uma chamada oral e até
uma discussão sobre geometria
protagonizaram a sessão no
TJD na qual se discutiu a anulação do resultado da partida.
O Atlético Sorocaba, que empatou no dia 10 por 1 a 1 com o
Santacruzense, pela Copa FPF,
reclamava de gol inexistente,
marcado com participação do
gandula. O jogo ganhou notoriedade após imagens de um cinegrafista amador mostrarem
o gandula chutando a bola para
o gol e a confusão que sucedeu a
irregular jogada, validada pela
juíza Silvia Regina de Oliveira.
A confirmação do gol, a poucos minutos do fim da partida,
decretou o empate final.
Inicialmente, Silvia Regina
disse que achou que se tratava
de tiro de meta, mas mudou de
idéia após consultar o auxiliar
Marco Antonio Andrade Motta
Junior. Com isso, quis mostrar
que sua decisão nada teve a ver
com a hora em que o gandula
empurrou a bola para a rede
-teria sido anterior, quando a
bola chutada pelo time da casa
saiu pela linha de fundo e bateu
na rede, mas pelo lado de fora.
Heraldo Panhoca, advogado
do Atlético Sorocaba, reagiu de
forma exacerbada depois de
questionar a árbitra sobre se
ela conhecia a regra número 9
do futebol, que trata do tiro de
meta e também da bola fora, e
de ouvir ""não" como resposta.
""Ela [Silvia Regina] desconhece as regras da arbitragem.
Como é que pode ser árbitra Fifa?", questionou o advogado.
Após a saída da juíza da sala,
foi a vez de o auxiliar ser sabatinado por Panhoca. ""Você conhece a regra número 9 da arbitragem?", questionou o advogado, que ouviu uma resposta
afirmativa de Motta Junior.
""Você pode dizer qual é?",
prosseguiu o advogado. Pressionado, o assistente disse que
não seria capaz de repetir a lei
exatamente como ela foi redigida. ""Se você conseguisse, seria
um gênio", intercedeu, irônico,
o presidente do TJD da federação paulista, Naief Saad Neto.
O assistente ainda teve mais
uma chance de mostrar seu conhecimento quando Panhoca
pediu, então, que ele citasse o
conceito da regra. Motta Junior,
então, admitiu que não sabia.
Com a chamada oral, o advogado quis argumentar que houvera erro de direito, e não de fato, para anular a partida.
O bandeirinha também assumiu a responsabilidade na validação do gol. ""Coloquei a interrogação na cabeça da Silvia.
Não tenho nenhum problema
em assumir, todo mundo erra."
Em clima quase estudantil, a
sessão contou ainda com uma
"aula" de geometria. Panhoca
iniciou longa discussão sobre a
angulação do chute polêmico.
A questão era se a trajetória
do chute foi transversal ou se
foi desferido de frente para o
gol. Houve muita divergência.
Ao final, o resultado da partida foi mantido por 5 a 1. ""Quem
saiu perdendo foi o futebol", reclamou Waldir Cipriani, diretor de futebol do Atlético Sorocaba, que, antes de deixar o tribunal, foi advertido ao usar o
termo ""cartas marcadas" para
classificar a decisão.
""O Maradona fez aquele gol
de mão [em 86, no México] e
ninguém pediu para anular a
Copa. [Se todos os jogos começarem a ser anulados,] seria o
fim do futebol", disse Saad Neto, sobre a decisão.
Visivelmente irritado, o cartola do clube de Sorocaba
orientou o advogado a recorrer
da decisão do tribunal.
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