São Paulo, quinta-feira, 28 de setembro de 2006

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CARLOS SARLI

O vôo da pipa


Kitesurfe não pára de crescer e agora corre, com a ajuda do Brasil, atrás da meta maior: tornar-se esporte olímpico


O KITESURFE não completou uma década de vida no país, mas seu rápido crescimento já permite que organizadores e praticantes sonhem com vôos mais altos. A ambição é torná-lo esporte olímpico. Para isso, além das burocracias e políticas que envolvem a formação de associações e confederações, tornar o esporte compreensível para o público leigo e formatá-lo para a TV estão entre os desafios.
O Brasil é grande interessado nesse processo e vem contribuindo para seu avanço. Temos o maior circuito regional do mundo, a etapa decisiva do Mundial ocorre aqui e já contamos com atletas disputando a ponta do ranking. Não por acaso as regiões Norte e Nordeste, que abrigam essas provas, têm condições privilegiadas.
E, arrastada por esse vento, pela água quente, pelas praias desertas, pela proximidade (seis horas de vôo) da Europa e pelo custo acessível, a exploração turística em torno do esporte já é realidade nessas regiões.
Nas últimas semanas, a movimentação foi intensa. Primeiro, foi a terceira etapa do Oi Kitesurfe, realizada numa das regiões mais preservadas do litoral brasileiro, o delta do Parnaíba, a seis horas de carro de Teresina (PI). Com a natureza oferecendo seus melhores ativos, ocorreu a penúltima etapa do circuito.
Na categoria waves, os maiores campeões nacionais não tiveram dificuldade. A carioca Carol Freitas, tetracampeã brasileira, venceu a catarinense Xanda Amim, e o paulista Guilly Brandão, tricampeão brasileiro e campeão mundial de waves da PKRA (Professional Kiteboarding Riders Association), bateu o conterrâneo Miller Moraes. No freestyle, os principais brasileiros no Mundial confirmaram o favoritismo: o carioca Reno Romeu, 16, acabou com a invencibilidade de dois anos de Guilly, e a paulista Bruna Kajyia, 19, usou sua experiência no Tour e derrotou Xanda na final.
Aquecidos pela prova nacional, os brasileiros seguiram para João Pessoa (PB), para a decisiva prova do Mundial da PKRA. Reno chegou ao Brasil ocupando o nono lugar no ranking. Caiu na bateria de estréia e não se recuperou na repescagem, fechando o ano em 12º.
Já Bruna deu show. Há pouco mais de um mês, ela venceu sua primeira prova no Mundial, na Alemanha. No início deste mês, voltou a vencer, em Tarifa, Espanha, e, na capital paraibana, chegou à sua terceira vitória e ao vice-campeonato mundial. O título ficou com alemã Kristin Boese. No masculino, o inglês Aaron Hadlow, 17, conquistou o tri mundial. No Brasil, ficou apenas em sétimo, mas pôde comemorar a vitória da namorada, Bruna.
A PKRA estuda criar em 2007 um circuito só de waves. E a caminhada rumo à Olimpíada segue, entre outros caminhos, pela experiência com novas categorias, como a hang time, na qual os atletas voam mais que velejam, e a boardercross, uma regata num circuito sinuoso e com obstáculos. A pipa vai longe.

MAIS KITESURFE
Inédita competição por equipes acontece na próxima semana no Ceará. Os times, com três atletas cada um, têm que ser mistos e ter ao menos um com mais de 21 anos. Os campeões mundiais confirmaram presença.

BRASILEIRO DE ESCALADA
Embalados pelo bom desempenho na etapa espanhola do Mundial, Janine Cardoso e André Berezoski, respectivamente tri e tetracampeões nacionais, venceram a segunda etapa disputada em Caxias do Sul (RS).
SKATE - BARRIGA DA VELHA
Tradicional ladeira da ZN paulistana, a rua Eduardo V. Nasser sediou a prova amadora de downhill organizada pela Ação Concreta ONG. Mais velha: a revista "Tribo Skate" completa 15 anos de vida.

sarli@trip.com.br


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