São Paulo, segunda-feira, 28 de outubro de 2002

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Com três times ameaçados de rebaixamento, Rio fecha um dos piores anos da sua história na bola

O pesadelo do futebol carioca

Ari Ferreira/Lancepress
Flamenguista é expulso no jogo com o Santos, que deixou o time carioca em situação complicada


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No Campeonato Brasileiro-2002, com a agonia de três de seus quatro representantes, o futebol do Rio fecha um dos anos mais tristes da sua história.
Tudo que poderia dar errado para um dos mais gloriosos Estados do país na modalidade aconteceu. O capítulo mais dramático acontece agora, com Flamengo, Vasco e Botafogo roçando o rebaixamento à segunda divisão -o Fluminense é o único com boas chances de classificação.
Só com seu quarteto mais famoso, o futebol do Rio já acumula 101 derrotas em jogos oficiais no ano. No período, os quatro grandes de São Paulo perderam 50 vezes.
Nenhum carioca consegue ter no Brasileiro saldo positivo de gols, incluindo o Fluminense, que ocupa a décima colocação -os oito primeiros passam para as quartas-de-final do torneio. Somados, os quatro representantes do Estado sofreram 20 gols a mais do que marcaram.
Mas a derrocada do Rio em 2002 começou bem antes do Nacional. Na Copa São Paulo de juniores, que tem o Fluminense como recordista de títulos, cinco das seis equipes cariocas caíram na primeira fase. O Flamengo, que caiu nas oitavas-de-final, foi o melhor de seu Estado.
O segundo vexame do ano aconteceu no Torneio Rio-SP. Os paulistas exerceram domínio absoluto na competição, fazendo seus quatro semifinalistas.
Já os fluminenses ocuparam os quatro últimos lugares da classificação. O América foi o pior -conseguiu a "façanha" de perder 11 jogos consecutivos.
Na Copa do Brasil, nenhum time do Rio passou das quartas-de-final, quando o Fluminense perdeu duas vezes para o Brasiliense, time que ficaria com o vice-campeonato ao perder a decisão para o Corinthians.
Ainda no primeiro semestre, o Flamengo fez papel pífio na Libertadores. Eliminado na primeira fase, o time, que sonhava repetir o título de 1981, teve o quinto pior desempenho entre os 32 participantes do torneio -perdeu quatro das seis partidas que realizou.
No primeiro semestre, depois do fracasso nas competições com times de outras localidades, o Rio ainda teve o Estadual mais desmoralizado da sua história.
Disputado junto com o Rio-SP e até durante a Copa do Mundo, o torneio teve clássicos disputados com menos de cem pagantes e até jogos com portões abertos.
Na Copa dos Campeões, que teve o Flamengo como campeão no ano passado, novamente nenhum carioca logrou chegar à final.
No segundo semestre, o vexame do Rio não é restrito ao que acontece na primeira divisão.
Único representante do Estado na Série B, o Americano de Campos, com apenas mais cinco jogos por fazer, está hoje na zona de rebaixamento.
Na terceira divisão, todos os times do Rio já foram eliminados. Na competição, nenhum deles conseguiu uma vitória contra rivais de outros Estados.
Quando reuniu seus atletas, o Rio também foi mal. No campeonato brasileiro de seleções estaduais sub-17, o time não passou da primeira fase. No sub-19, caiu nas semifinais.

Sem astros
Com o péssimo desempenho de seus clubes, o Rio foi praticamente alijado da formação do grupo que conquistou o pentacampeonato mundial na Ásia.
O único jogador do Estado convocado por Luiz Felipe Scolari foi o meia flamenguista Juninho.
Logo depois da conquista, entretanto, ele foi para o futebol inglês e deixou o futebol carioca sem um pentacampeão sequer para a disputa do Nacional.
Para alguns dirigentes, o momento ruim de seus clubes acabaram custando muito caro.
No Flamengo, Edmundo Santos Silva, acusado de improbidade administrativa, sofreu um processo de impeachment e acabou afastado da presidência da agremiação, que recentemente escolheu novo presidente, em julho.
Já com o vascaíno Eurico Miranda o castigo chegou na sua tentativa de conseguir um novo mandato de deputado federal.
Ele recebeu pouco mais de 25 mil votos e não foi eleito. Em 1998, com mais de 100 mil votos, ele foi o sétimo deputado federal mais votado no Estado do Rio.


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