São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2008 |
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JOSÉ ROBERTO TORERO A montanha-russa corintiana
SE HÁ ALGO que invejo dos corintianos, é a falta de monotonia. Sim, porque ser corintiano implica numa vida repleta de emoções, cheia de altos e baixos. Para provar isso ao incréu leitor e à incrível leitora, dei uma olhada nas manchetes dos dias 28 de outubro da última década. A primeira coisa que vi foi que os corintianos, que hoje assobiam na rua, há um ano estavam cabisbaixos. O time passava por uma crise terrível. Tinha que pagar uma fortuna por Nilmar, com quem não ficaria, e estava na zona de rebaixamento. Nelsinho Baptista escalava os jovens Lulinha e Dentinho na esperança de dar mais velocidade à equipe e o clima no Parque São Jorge era plúmbeo (eu sabia que um dia ainda usaria esta palavra). Mas em 2005 era só festa. A equipe tinha acabado de vencer o Paysandu fora de casa, ajudado por dois erros do auxiliar Belmiro da Silva, que validou um gol irregular do Corinthians e anulou um legítimo do Paysandu. Faltavam oito jogos para o fim do campeonato. Tevez dizia que o time jogava como campeão. Já o atacante Rafael Moura, então no Paysandu, reclamava: "Desse jeito pode dar a faixa para o Corinthians". No ano anterior, ventos fúnebres. O time empatava com o Criciúma e estava em oitavo lugar no torneio. Tite era o técnico e, no meio daquele jogo, os jogadores ficaram sabendo da morte do jogador Serginho, do São Caetano. Ensaiou-se um minuto de silêncio, e Fabinho, volante corintiano e amigo do zagueiro, ao fim da partida saiu de campo chorando. Em 2003, um raro ano morno. O Corinthians tinha escapado do rebaixamento e não tinha chances de disputar o título. O capitão Rogério dava entrevista sem entusiasmo, e o técnico Juninho se esforçava para parecer animado com a volta de Vampeta ao time, que acabou o Brasileiro num mediano 15º lugar. Em 2002, risos e aplausos. O time estava bem no campeonato e o técnico Carlos Alberto Parreira, que já tinha ganhado a Copa do Brasil, superando o Brasiliense, falava em conseguir também o título brasileiro. Porém perderia os dois jogos finais para o Santos. No primeiro campeonato do século, o dia 28 de outubro era de caretas e cenhos franzidos. O Corinthians, dirigido por Luxemburgo, enfrentaria o Santos, onde jogava Marcelinho Carioca. Venceria por 2 a 0, mas o Timão acabaria o torneio num reles 18º lugar entre os 28 times. Em 2000, depois da conquista do Mundial da Fifa, o time estava em crise. A notícia de 28 de outubro era a chegada de Roque Citadini como vice-presidente de futebol. Uma de suas primeiras providências foi acabar com os bichos por vitória. O técnico era Candinho, o zagueiro João Carlos estava sendo afastado e era preparada uma grande lista de dispensa. E, em 1999, a Folha noticiava a derrota de 2 a 1 para o San Lorenzo, no Pacaembu, que eliminou o time da Copa Mercosul. Nem as cheerleaders contratadas para animar a torcida conseguiram fazer algo. O Corinthians estava em crise. Grave crise. Mas dali a menos de três meses seria campeão mundial. Enfim, a vida do torcedor comum é cheia de altos e baixos. Mas a do corintiano tem cumes e abismos. torero@uol.com.br
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