São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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JUCA KFOURI

Eleição sem ataque


A eleição dos melhores da Fifa revela uma incômoda fragilidade do futebol brasileiro

A VIGÉSIMA eleição do melhor jogador do mundo pela Fifa não tem nenhum atacante brasileiro entre os candidatos. Verdade que em 1991/1992 foi ainda pior, porque não havia nenhum jogador brasileiro concorrendo e agora temos três: o goleiro Júlio César e os laterais Maicon e Daniel Alves.
As chances de algum deles ganhar é quase como a de José Serra ser eleito presidente, entre outras razões porque nem mesmo o arqueiro honrou, na Copa do Mundo, a fama que chegou a ter de melhor de todos na posição. E, se Maicon fez a Copa que dele se esperava, Daniel Alves ficou devendo.
Mas o ponto não é nem esse. A questão está em não haver nenhum atacante do futebol do país que já teve como o número um não só o Rei Pelé, numa época que este tipo de eleição nem cabia devido à obviedade do resultado, como teve Romário, Rivaldo, os Ronaldos e até Kaká, além de concorrentes como Bebeto e Adriano. Fato é que desde 1993, em 18 edições portanto, sempre houve jogadores brasileiros de frente na disputa. E por que não em 2010?
Talvez pela herança de Dunga à frente da seleção brasileira, aquela que, segundo ele mesmo acaba de informar numa entrevista concedida em Mônaco, perdeu também por causa do "inverno, da altitude e da bola".
Claro que o pleito fifal é viciado, porque só lista jogadores que atuam na Europa de maneira tão descabida que um artilheiro do campeonato mais disputado do mundo, o Brasileirão, nunca nem é mencionado, mesmo numa lista de 23 jogadores, como a que acaba de ser anunciada.
Jonas, por exemplo, que tem feito gols de todos os jeitos, pode não ser melhor que o Eto'o, que está na relação, mas não é inferior ao alemão Klose ou ao espanhol Villa, que também estão.
Mas o pior não é nem isso. Jonas, se tivesse feito no Brasileirão-09 o que está fazendo agora, também não estaria na seleção brasileira de Dunga, porque não tem o carimbo do sucesso na Europa, o que, é lamentável, até reforça os critérios da Fifa.
Se assim não fosse, alguém como Ganso não teria ficado fora da Copa, como Özil não ficou e está entre os candidatos a melhor do mundo.
Amanhã Mano Menezes convoca para o amistoso contra a Argentina e a ausência de Jonas só se justificará se for para não desfalcar o Grêmio.
Aliás, tomara que o técnico revele tal bom senso, assim como revelou ao decretar o fim do merchandising religioso na seleção.
Afinal, já bastou o que vimos nestas eleições presidenciais, ocupada por Edires e Malafaias.

blogdojuca@uol.com.br


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