São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010

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Um improvável homem de ferro

Franzino e num clube cheio de contusões, meia Conca pode ser o 2º jogador de linha a disputar todos os jogos de um Brasileiro nos pontos corridos

DE SÃO PAULO

O corpo é frágil e tratado num clube em que o departamento médico vive em crise.
Mas o argentino Conca, 27 anos e apenas 58 kg, está próximo de fazer história em termos de resistência no Campeonato Brasileiro, indo na contramão da fama do futebol carioca, muitas vezes injusta, de pátria dos "chinelinhos", atletas que manobram de diferentes maneiras para ficar fora da equipe.
O meia disputou todos os 31 jogos do Fluminense até agora -hoje faz o 32º, quando o time carioca, que começou a rodada na liderança, recebe o Grêmio.
Se conseguir entrar em campo nas seis rodadas restantes, será o segundo jogador de linha a participar de 100% das partidas no Nacional com o sistema de pontos corridos -o outro foi o atacante Wagner, na edição de estreia da regra, em 2003.
Desde então só goleiros, menos expostos a lesões e cartões, conseguiram atravessar um Brasileiro inteiro sem desfalcar seus clubes -agora, fazem companhia a Conca justamente dois camisas 1, o são-paulino Rogério e o vascaíno Fernando Prass.
De acordo com o Datafolha, sete goleiros, sendo que Harlei, do Goiás, conseguiu fazer isso por três vezes, disputaram Nacionais inteiros.
Se resistir até a última rodada, a façanha de Conca exibirá contornos épicos.
A começar por seu próprio histórico de contusões -no ano passado, já pelo Fluminense, o argentino jogou em apenas 18 das 38 rodadas.
E também pelo estilo de jogo apresentado pelo meia. Habilidoso, ele insiste nos dribles, e muitas vezes é parado com violência
O meia, pelo menos até agora, também conseguiu escapar do conturbado e contestado departamento médico do Fluminense.
Vários jogadores, como Belletti, Emerson, Deco e Fred, passaram ou passam por longos períodos de tratamento. A demora na recuperação até criou crise.
Em setembro, Fred disse que descobriu uma lesão na panturrilha após exame feito por conta própria. E acusou o médico Michel Simoni de liberá-lo para jogar sem que ele estivesse curado. Simoni acabou pedindo demissão, em episódio nada bom para um clube que é patrocinado por uma empresa de assistência médica (Unimed).
"Não há segredo [para sua resistência no Brasileiro- -2010], apenas trabalho. E eu tive a sorte de não me machucar. Preciso agradecer a toda comissão técnica pelo excelente trabalho", declarou o tímido meio-campista argentino, em rara entrevista.
Conca, que vem jogando pendurado com dois cartões amarelos, revelou na mesma entrevista que enfrenta um problema no joelho, mas que isso só será tratado ao fim do Campeonato Brasileiro.
"Todos sentem dor, todo mundo entra em campo assim, mas temos 90 minutos do jogo para esquecermos os problemas pessoais. Estou com esta lesão no joelho, mas não está me atrapalhando. Vou ser submetido a uma cirurgia, mas tenho de jogar bem até o fim da competição", disse o argentino.


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