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FUTEBOL
Time é traído por seu próprio espírito de disciplina no Brasileiro
Lealdade põe Corinthians em xeque-mate nas finais
MAÉRCIO SANTAMARINA
da Reportagem Local
O espírito de time leal, disciplinado, que o Corinthians manteve
desde o início do Brasileiro-99
acabou se transformando no
principal inimigo da equipe nesta
fase decisiva do campeonato.
Com um regulamento que aumentou de três para cinco o número de cartões amarelos necessários para que um jogador seja
suspenso, o Corinthians estaria
mais tranquilo se seus atletas tivessem abusado da indisciplina.
A equipe, que ficou em sétimo
lugar no ranking dos times com
menos cartões na primeira fase,
entra nas semifinais com cinco jogadores ""pendurados" com quatro cartões amarelos, enquanto o
São Paulo, a terceira mais indisciplinada, começa a fase livre da
ameaça de suspensões.
O Corinthians somou 46 cartões
amarelos e dois vermelhos na primeira fase. O São Paulo teve 53
amarelos e cinco vermelhos, atrás
apenas do Juventude e do Vasco.
Jogadores considerados fundamentais nos mais diferentes setores da equipe corintiana, como o
meia-atacante Marcelinho, o goleiro Dida, o atacante Edílson e o
zagueiro João Carlos, além do
meia reserva Edu, terão de cumprir suspensão, caso recebam
mais um cartão amarelo, no momento em que o time mais estará
precisando deles.
No São Paulo, o único problema
de cartão amarelo era com o lateral-direito Ânderson, que vai
cumprir suspensão hoje, juntamente com Vágner, que recebeu
vermelho na última partida.
Prejuízo
""Acabamos sendo prejudicados
por essa regra de cinco cartões. Se
fossem três, nossos jogadores já
teriam cumprido suspensão e estariam livres para esta fase decisiva. Vamos tentar administrar a situação até o ponto em que for
possível", disse o técnico Oswaldo
de Oliveira, do Corinthians.
Ele foi contra a possibilidade de
a CBF (Confederação Brasileira
de Futebol) zerar os cartões ao final da primeira fase achando que
a disciplina beneficiaria seu time.
O treinador começou a perceber que sua equipe estava sendo
traído pelo espírito de lealdade
nas quartas-de-final, quando viu
que a defesa melhorava na medida em que cometia mais faltas.
A média de 24,7 faltas por jogo
na fase de classificação -abaixo
da média de 28 por equipe- subiu para 31,3 na etapa seguinte. O
São Paulo teve média de 28,9 na
primeira fase e de 35 na segunda,
de acordo com o Datafolha.
Aumentando as faltas, o Corinthians, com 31 gols sofridos nos 21
jogos iniciais (quase 1,5 por partida), tomou apenas um gol nos
três jogos das quartas-de-final.
Agora, no entanto, devido à
ameaça dos cartões, até para usar
essa arma os jogadores terão de
manter uma precaução maior, vivendo uma espécie de xeque-mate, conforme admite Oliveira.
""Não há como pensar em eliminar cartões nesta fase, provocando, por exemplo, um terceiro jogo
para isso. Em decisões, a idéia é
um absurdo. Temos de buscar a
vaga o quanto antes, se possível
em dois jogos apenas."
Oliveira ainda completou: ""Se
quisermos chegar ao título, não
podemos pensar em poupar nada. O jogador não pode ficar
preocupado com cartão. Vale a
força máxima em campo. Temos
de acreditar que o nosso grupo é
forte para suprir a possível ausência de titulares no futuro".
""Vamos ter que marcar forte,
sem pensar em nada. A recomendação é essa, e vamos seguir à risca", confirmou o zagueiro Márcio
Costa, que vai substituir João Carlos, que está contundido.
A marcação nos são-paulinos
em cobranças de escanteio foi
uma das jogadas mais repetidas
pela defesa corintiana nos últimos
treinos. Foi dessa forma que o São
Paulo conseguiu chegar ao gol
contra a Ponte Preta que valeu sua
classificação nas quartas-de-final.
Oliveira, que deve optar pelos
laterais mais aplicados na marcação -Índio, na direita, e Kléber,
na esquerda-, pensa até em colocar durante o jogo o volante Gilmar, que participou das jogadas
de defesa ensaiadas, no lugar de
Vampeta, mais ofensivo, para
tentar assegurar um empate.
O jogo de precaução, defendido
pelo treinador, pode ser um risco,
na visão do meia-atacante Marcelinho. ""Temos que entrar com o
pensamento de vitória, jogando
para frente, com ousadia. Sempre
que quisemos nos defender, acabamos nos prejudicando."
Uma vitória, afinal, além de ampliar a desvantagem do São Paulo
-o Corinthians, por ser líder na
primeira fase, joga por três empates-, colocaria o time na frente
no tira-teima dos duelos de 1999.
As duas equipes já se enfrentaram seis vezes este ano, incluindo
as semifinais do Campeonato
Paulista. Foram duas vitórias para
cada lado e dois empates.
""É melhor não pensar dessa forma. Retrospecto não quer dizer
nada nem prova nada. O que vale
é o atual título em disputa", disse
o meia Ricardinho.
Ambição
Numa década marcada por
conquistas de técnicos de larga
experiência, Oswaldo de Oliveira
quer ultrapassar o obstáculo do
São Paulo para provar que não é
preciso fama para ganhar um dos
campeonatos mais importantes.
No Corinthians, as semifinais
são encaradas como antecipação
das finais do Brasileiro-99.
Embora evitem declarações
nesse sentido, diretores e integrantes da comissão técnica acreditam que se passarem pelo São
Paulo nesta fase praticamente estarão com o título nas mãos.
Os últimos campeonatos foram
conquistados por técnicos já consagrados: Wanderley Luxemburgo, em 1993 e 1994, pelo Palmeiras, e em 1998, pelo Corinthians,
Luiz Felipe Scolari, em 1996, pelo
Grêmio, e Antônio Lopes, em
1997, pelo Vasco. Mesmo Paulo
Autuori, quando foi campeão pelo Botafogo-RJ, em 1995, já tinha
conquistado o título português
pelo Benfica.
Este seria o segundo título de
Oliveira em um ano como treinador. O primeiro foi o paulista.
NA TV - Bandeirantes e Globo
(menos para a cidade de SP e
BA) e Sportv (menos para a cidade
de SP e PR), às 18h30
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