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TOSTÃO
Quatro melhores
Das quatro equipes que tinham a vantagem, apenas o
Corinthians se classificou para
as semifinais. Vasco e Ponte
Preta, que eram mais fortes nas
apostas, caíram fora. No futebol, os mistérios e o imprevisível continuam sendo mais importantes que a lógica. E não aprendemos.
O Vasco novamente perdeu um
importante título.
Tudo por causa de
seus antigos erros
técnicos e táticos,
pelo menosprezo ao
Vitória simbolizado
nas palavras do Eurico Miranda -que
declarou, após a primeira partida no São Januário, que o Vitória tinha perdido sua chance- e, principalmente, pela
qualidade técnica, juventude e
garra da equipe baiana, muito
bem comandada pelo Toninho
Cerezo. Além da contratação
do Romário, está na hora de o
Antônio Lopes mudar de tática
e de camisa.
Se o Atlético-MG se iludir de
que tem um excepcional time,
por causa da vitória sobre o
Cruzeiro, e não ter garra e humildade, dança como o Vasco.
O São Paulo, ferido pelos pontos perdidos no tribunal e
com dez jogadores,
despachou heroicamente a Ponte Preta. O Corinthians
tem maior número
de excelentes atletas
(João Carlos deve
fazer falta), a vantagem do empate, mas não
passa por um bom momento,
ao contrário do São Paulo, que
está inflamado e unido
Hoje, não há favoritos. Aposto no resultado triplo nos dois
jogos, sem vacilar.
Decisão mundial
Nesta terça-feira, o Palmeiras
disputa o título do Mundial interclubes, o mais importante de
sua história.
O Manchester United tem
mais chances, não porque tem
uma equipe maravilhosa, mas
porque o Palmeiras não encanta há muito tempo, mesmo
com a conquista da Libertadores. As grandes vitórias foram
no Parque Antarctica, mais
por entusiasmo e superação do
que por um belo futebol.
O time inglês joga com uma
linha de quatro zagueiros, outra de quatro armadores que
recuam e avançam e dois atacantes. O ponto forte é o ataque. Os quatro armadores chegam à frente e os dois atacantes são muito bons. A principal
jogada (anulada pela Fiorentina na última semana pela Copa dos Campeões) são os cruzamentos de curva, do lado direito, feitos por Beckham, na
cabeça dos atacantes Cole e
Yorke e do armador Sholes.
Os pontos fracos são a lentidão e pouca habilidade dos zagueiros, a falta de um jogador
na cobertura da defesa e os espaços deixados entre o meio
campo e a zaga.
O Palmeiras precisa anular
os cruzamentos do Beckham,
torcer para que Alex esteja inspirado e jogue nas costas dos
armadores ingleses, que os atacantes não se coloquem em impedimento ao receber os lançamentos atrás dos adiantados
zagueiros e que Marcos continue agarrando até pensamento. Importante é rezar para que
Júnior Baiano não cometa
mais um pênalti desnecessário.
Luiz Felipe tem sua segunda
chance em Tóquio e não quer
desperdiçá-la. Se o Palmeiras
vencer, será o campeão do
mundo com todos os méritos,
independentemente do outro
torneio (oficial da Fifa) que
acontece em janeiro, no Brasil.
Errado está certo
Kafunga, ex-goleiro do Atlético-MG depois cronista esportivo, dizia que, no Brasil, o errado é que estava certo. Era
sua crítica social à esperteza,
aos conchavos e ao jeitinho
brasileiro.
No futebol, em que dezenas
de fatores são responsáveis pelas derrotas e vitórias, frequentemente o errado dá certo. A
nova diretoria do Galo, que faz
um ótimo trabalho de reestruturação, estranhamente despediu o treinador na última rodada. Foi um tiro no escuro,
que deu certo. Provavelmente,
a equipe estaria hoje na mesma situação com Dario Pereyra. No entanto, talvez a saída
do treinador tenha dado chances para que surgisse um técnico brilhante. O futuro vai dizer,
pois um profissional só deve ser
analisado pela média de suas
atuações, num longo período.
O Cruzeiro planejou tudo,
tem ótimos jogadores e uma
das melhores estruturas de
treinamento e concentração do
mundo, além de fisiologistas,
nutricionistas, calistas etc. etc.,
mas perdeu para o Galo, que só
agora se organiza e não tem
nem campo fixo de treino.
O Guarani, que nada planejou, não tinha técnico nem
bons jogadores antes de iniciar
o campeonato, classificou-se
entre os oitos melhores e quase
derruba o Corinthians.
Frequentemente o técnico faz
uma substituição errada que
dá certo. Depois da partida, ele
é elogiado e, diante dos microfones, conta detalhes de sua jogada de mestre. Aproveita para exaltar os lances decisivos
que aconteceram na partida e
para lembrar que todos eles foram treinados e exigidos dos
jogadores. Nós, comentaristas,
fazemos o mesmo após a partida: ""Eu tinha previsto que tudo
isso aconteceria". Vaidades!
Não quero desvalorizar o que
é certo nem incentivar o errado, mas no futebol eles andam
muito próximos. Se o certo der
errado, resta o consolo de que
se tentou fazer o certo, mesmo
que ele esteja errado.
Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras
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