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TÊNIS
Para por fim à banalização do posto, entidade impõe corrida por resultados em toda a temporada
ATP troca o nº 1 por "campeão do ano"
ROBERTO DIAS
enviado especial a Hannover
"Esqueça a idéia de líder do ranking. Isso acabou. Agora, só existirá o campeão da temporada."
A frase é de Mark Miles, o principal executivo da ATP (Associação dos Tenistas Profissionais).
Com ela, Miles prenuncia o fim
de mais de 26 anos de história do
ranking mundial, parâmetro que
norteou o tênis profissional durante todo esse tempo.
A classificação conhecida hoje
dará lugar, no ano que vem, ao
que a ATP chama de ""corrida".
Será algo bastante semelhante
ao sistema adotado pela F-1.
Ninguém, durante a temporada, poderá ser chamado de número um do mundo -pelo menos
não no sentido usado hoje. Só o
será quem conseguir estar nessa
posição ao final do ano.
Enfim, assim como se tem
atualmente ""o campeão da F-1", o
tênis passará a conhecer a partir
do ano que vem ""o" campeão.
O novo sistema acarretará uma
importante quebra no sentido
histórico/estatístico do tênis. Por
exemplo: torna-se insuperável o
recorde de Pete Sampras, o homem que mais tempo liderou o
ranking (276 semanas).
""Ele certamente não ficará bravo por não poder aumentar seu
recorde. Deve, sim, ficar contente
porque ninguém jamais poderá
desbancá-lo. Vai se aposentar recordista", disse Miles à Folha.
A mudança ocorre justamente
porque a ATP quer evitar que o
tênis veja, como hoje, a alternância de diversos nomes no topo.
O que, do ponto de vista histórico, faz sentido. Se o ranking tivesse o novo formato desde sua criação, 8 dos 17 líderes que teve em
sua história jamais teriam sido
número um do mundo, entre eles
o alemão Boris Becker.
Essa banalização da posição
máxima chegou ao ápice nesta
temporada, quando cinco jogadores se revezaram na liderança
do ranking, um recorde histórico.
A ATP quer o fim, no ano que
vem, de situações como as ocorridas nesta temporada com o brasileiro Gustavo Kuerten, com o australiano Patrick Rafter ou com o
norte-americano Andre Agassi.
O primeiro chegou à melhor
posição de sua carreira, o terceiro
lugar, justamente na época em
que estava afastado do circuito.
Fato semelhante se passou com
o segundo, que virou líder em julho, após uma sucessão de resultados no máximo medianos, mas
impulsionado por pontos obtidos
em agosto e setembro -de 1998.
Com Agassi, a situação foi ainda
mais curiosa. Ele ultrapassou Pete
Sampras e virou líder um dia depois de perder a final de Wimbledon para o próprio Sampras.
Isso porque o atual sistema leva
em consideração os resultados do
tenista no período de um ano anterior à data do ranking.
Por exemplo: uma classificação
de julho de 1999 é feita com base
no ocorrido desde julho de 1998
(entram os 14 melhores resultados de cada jogador).
Instala-se, com isso, um sistema
de defesa de pontos. Se determinado jogador é campeão em
Wimbledon, ele usufrui desses
pontos até a próxima edição do
torneio, quando os perde. Precisa,
então, reconquistá-los durante a
competição -sob pena de despencar no ranking mundial.
Esse sistema não cessará com a
nova classificação. Continuará
existindo, mas de uma forma ""hibernada". Servirá, sobretudo, para determinar os cabeças-de-chave das competições.
Tanto que a ATP já inicia sua
pregação à mídia para que ela dê
toda a ênfase ao novo ranking. No
qual não será possível a um jogador passar outro sem que tenha
sido melhor do que ele na semana
imediatamente anterior.
E que, paradoxalmente, deverá
ter uma alternância ainda maior
de jogadores na frente. Mas sobre
eles não recairá o rótulo de melhor tenista no momento.
Além da mudança principal, o
novo sistema terá também algumas outras alterações laterais.
Primeira: para a formação do
ranking, serão computados os 18
melhores resultados de cada jogador, quatro a mais do que hoje.
Segunda: dos 18 resultados, 13 já
têm local predeterminado para
serem obtidos. Ou melhor: todos
os que tiverem ranking suficiente
deverão jogar os quatro Grand
Slams e o Super 9 inteiro. Se não o
fizerem, mesmo contundidos, um
dos resultados válidos será zero.
Terceira alteração: não haverá
pontos de bônus (ganhos ao derrotar tenistas bem classificados),
numa mudança que leva em conta o equilíbrio cada vez maior do
circuito profissional.
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