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TÊNIS
Valeu, manezinho
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Você se decepcionou com o
fato de Gustavo Kuerten,
que no ano passado acabou como
número um do mundo, ter fechado 2001 na segunda posição, atrás
do jovem Lleyton Hewitt?
Achou que Kuerten pisou na
bola ao perder de Hewitt em um
jogo de "vida ou morte" para o
Brasil na Copa Davis? E que foi
péssimo isso ter rolado em pleno
saibro em Florianópolis, com a
torcida gritando "Guga! Guga!"?
Ou você foi até a Bahia e se frustrou com a atitude dele contra
Flávio Saretta, achando que entregou aquele jogo?
E, na sua opinião, ele errou feio
ao deixar de ir jogar em Wimbledon, o templo do tênis mundial?
Ou você ficou chateado porque
quando ele retornou de Roland
Garros não quis falar com ninguém, ficou mascarado, nem deu
um "oi" para as câmeras de TV e
ainda mentiu dizendo para onde
ia?
Ah, você não se importa com o
que ele faz fora das quadras e só
ficou mesmo triste com aquele
match point que ele desperdiçou
na rede contra o Max Mirnyi em
Stuttgart? Bobeada feia?
Não? Você acha que ele bobeou
foi perdendo tantos jogos seguidos, como nunca nenhum outro
número um do mundo havia perdido? Que foi duro engolir nosso
campeão perdendo de Julien
Boutter, Ivan Ljubicic, Sjeng
Schalken?
Enfim, o que você tira desta
temporada é que Gustavo Kuerten, quando mais se esperava dele, na reta final, perdeu nove dos
últimos dez jogos e "deixou"
aquele moleque chato e arrogante
levantar o troféu de melhor do
mundo?
Se é isso o que você tem na cabeça (e sei que muita gente tem, pois
todas essas "frustrações" foram
enviadas nas últimas semanas ao
e-mail publicado aqui embaixo),
lamento. É melhor repassar a
temporada do brasileiro e começar a perceber que Kuerten merece muitas palmas pelo ano.
É preciso levar em conta também os seis títulos da temporada,
incluindo aí o terceiro em Roland
Garros e dois Masters Series, em
Cincinnati e Montecarlo (mais
conquistas em Stuttgart, Acapulco e Buenos Aires, mais finais em
Roma e Indianápolis, mais semifinal em Los Angeles...).
No Aberto da França, Kuerten
mostrou que atualmente domina
a quadra como poucos. A temporada como um todo deixou claro
que o brasileiro hoje, inspirado,
coloca a bola onde quiser, dentro
da quadra, a pouco centímetros
da linha, com uma regularidade
impressionante. Melhorou muito
nesse aspecto.
Mais: Kuerten atuou com uma
desenvoltura como nunca havia
exibido, jamais deixando-se intimidar por adversários e/ou situações. Maturidade é a palavra do
ano para Kuerten. Dentro e fora
das quadras, ele cresceu.
É de se tirar o chapéu, por fim,
pela marca de 39 semanas como
líder no ranking mundial, aquele
que leva em conta o desempenho
do tenista ao longo das temporadas. Pouquíssimos são os que ostentaram tal regularidade até hoje. Kuerten se sentiu mais número
um do mundo neste ano, em que
terminou como número dois, do
que no ano em que terminou número um. Faz sentido. Todo o
sentido.
Ainda lá em Sydney, ao fim da
temporada, ele afirmou: "Tenho
de comemorar e agradecer pelo
ano que eu tive".
Comemore você, Guga. Nós é
que agradecemos pelo ano.
Recado
Joana Cortez avisa que está de técnico novo. Aliás, técnicos novos.
Paulo Gusmini e Émerson Gusmini ocupam o posto de Juan Pablo
Etchecoin. Joana faz pré-temporada no Rio e viaja na antevéspera
de Natal para a Oceania. O Aberto da Austrália é o maior objetivo.
Aviso
Depois dessa, só no ano que vem: a Copa Ericsson faz sua última
etapa a partir de segunda-feira, no Jockey Clube do Rio de Janeiro.
Confirmados pelos menos cinco brasileiros: Flávio Saretta, Alexandre Simoni, Ricardo Mello, Daniel Melo e Marcos Daniel.
Lembrança
É neste fim de semana o confronto entre Austrália e França, que
decide o país campeão da Copa Davis. Lleyton Hewitt e Patrick
Rafter têm a faca e o queijo na mão para saírem realmente consagrados (o primeiro, da temporada, e o segundo, da carreira).
E-mail: reandaku@uol.com.br
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