São Paulo, segunda-feira, 28 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Um confuso quase tetra

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Carlos Alberto pode ter feito o gol do título numa tarde em que Tevez falhou feio.
Que os corintianos venham a comemorar o tetra do Brasileiro é tão legítimo como a celebração de qualquer outro torcedor em qualquer outro título polêmico.
Que se diga, no entanto, que a parceria Corinthians/MSI não tem nada a ver com as lambanças ocorridas no Brasileirão-2005 será, e tem sido, tão leviano como afirmar, sem provas, o contrário.
Só a política dos avestruzes para garantir lisura em nosso podre futebol.
Ou quantas vezes não se disse que o tempo dos árbitros arranjados já tinha acabado? Tinha mesmo? E quem pode garantir que esse tempo não continue em voga, apenas com motivação diversa daquela dos anos, digamos assim, românticos e folclóricos?
Fato é que a parceria corintiana se desdobra com lances de filmes de James Bond. A tal ponto que a última reunião entre Alberto Dualib e Badri Patarkatsishvili, íntimo de Boris Berezovski, aconteceu em alto mar, em águas internacionais, porque o poderoso empresário de mídia teve receio de entrar em Israel, local originalmente marcado para o encontro. Aconteceu durante o périplo de Dualib atrás da cabeça de Kia Joorabchian, agora envolvido também com o Flamengo.
É assombroso, por sinal, que a Globo Esportes, que recebeu a MSI de braços abertos, não tenha se dado conta do que pode significar um mesmo esquema com o controle dos dois clubes mais populares do país, quem sabe, até, com o domínio do Pacaembu. Afinal, o M da MSI é de mídia.
E é preocupante a demora do Ministério Público Federal em dar conhecimento à opinião pública sobre o inquérito que envolve a MSI, ao que tudo indica parado diante da inação da Polícia Federal em atender aos pedidos do MPF. Se somarmos que um dos advogados da MSI é sobrinho do ministro da Justiça, sobram motivos para preocupação, teorias conspiratórias à parte.
Como preocupam as providências tomadas por Dualib para achar alternativas caso venha a romper com a MSI se seus comandantes não despedirem KJ, muito mais popular junto à Fiel que o presidente do clube.
O Corinthians designou empresários do porte de Renato Duprat (que faliu a Unicór e traiu a MSI) para buscar novos investidores -e ele nem é o pior entre os "alavancadores". Do plano faz parte, também, a venda de Rosinei, por R$ 10 milhões à Fiorentina, para fazer frente aos primeiros meses sem o dinheiro da MSI.
Resta saber se alguém terá coragem de investir num clube comandado com tamanha irresponsabilidade e que até outro dia tinha em seu presidente o maior avalista de KJ.
Está nascendo um movimento de ex-atletas para lutar, com seu peso, por um Brasil mais justo. A idéia é de Raí e já reúne notáveis como Sócrates, Casagrande, Gustavo Borges, Aurélio Miguel, Kelly Santos, Ana Moser e Paula.

Inesquecível
O que ocorreu sábado nos Aflitos (jamais um estádio teve nome tão apropriado) é digno de estar nos anais do futebol. A vitória do Grêmio foi das que só poderão ser contadas sem correr o risco de ser chamado de mentiroso porque haverá farta documentação. Mas se meu pai me contasse que um dia tinha visto um jogo como o do Recife eu, com todo o respeito, admiraria a imaginação do velho. Dois pênaltis perdidos, 7 atletas contra 10 e ainda por cima fazer um gol? Não, não existe. Como não existem Galatto e Anderson, para sempre tricolores.

2005 tricolor
Paulista, Carioca, Copa do Brasil, Libertadores, Segundona: São Paulo, Flu, Paulista, São Paulo e Grêmio. Faltou o Brasileirão, mas o Mundial...
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