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FUTEBOL
Um confuso quase tetra
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Carlos Alberto pode ter feito
o gol do título numa tarde
em que Tevez falhou feio.
Que os corintianos venham a
comemorar o tetra do Brasileiro é
tão legítimo como a celebração de
qualquer outro torcedor em qualquer outro título polêmico.
Que se diga, no entanto, que a
parceria Corinthians/MSI não
tem nada a ver com as lambanças
ocorridas no Brasileirão-2005 será, e tem sido, tão leviano como
afirmar, sem provas, o contrário.
Só a política dos avestruzes para garantir lisura em nosso podre
futebol.
Ou quantas vezes não se disse
que o tempo dos árbitros arranjados já tinha acabado? Tinha mesmo? E quem pode garantir que esse tempo não continue em voga,
apenas com motivação diversa
daquela dos anos, digamos assim,
românticos e folclóricos?
Fato é que a parceria corintiana
se desdobra com lances de filmes
de James Bond. A tal ponto que a
última reunião entre Alberto
Dualib e Badri Patarkatsishvili,
íntimo de Boris Berezovski, aconteceu em alto mar, em águas internacionais, porque o poderoso
empresário de mídia teve receio
de entrar em Israel, local originalmente marcado para o encontro.
Aconteceu durante o périplo de
Dualib atrás da cabeça de Kia
Joorabchian, agora envolvido
também com o Flamengo.
É assombroso, por sinal, que a
Globo Esportes, que recebeu a
MSI de braços abertos, não tenha
se dado conta do que pode significar um mesmo esquema com o
controle dos dois clubes mais populares do país, quem sabe, até,
com o domínio do Pacaembu.
Afinal, o M da MSI é de mídia.
E é preocupante a demora do
Ministério Público Federal em
dar conhecimento à opinião pública sobre o inquérito que envolve a MSI, ao que tudo indica parado diante da inação da Polícia
Federal em atender aos pedidos
do MPF. Se somarmos que um
dos advogados da MSI é sobrinho
do ministro da Justiça, sobram
motivos para preocupação, teorias conspiratórias à parte.
Como preocupam as providências tomadas por Dualib para
achar alternativas caso venha a
romper com a MSI se seus comandantes não despedirem KJ, muito
mais popular junto à Fiel que o
presidente do clube.
O Corinthians designou empresários do porte de Renato Duprat
(que faliu a Unicór e traiu a MSI)
para buscar novos investidores
-e ele nem é o pior entre os "alavancadores". Do plano faz parte,
também, a venda de Rosinei, por
R$ 10 milhões à Fiorentina, para
fazer frente aos primeiros meses
sem o dinheiro da MSI.
Resta saber se alguém terá coragem de investir num clube comandado com tamanha irresponsabilidade e que até outro dia
tinha em seu presidente o maior
avalista de KJ.
Está nascendo um movimento
de ex-atletas para lutar, com seu
peso, por um Brasil mais justo. A
idéia é de Raí e já reúne notáveis
como Sócrates, Casagrande, Gustavo Borges, Aurélio Miguel, Kelly
Santos, Ana Moser e Paula.
Inesquecível
O que ocorreu sábado nos Aflitos (jamais um estádio teve nome tão apropriado) é digno de
estar nos anais do futebol. A vitória do Grêmio foi das que só
poderão ser contadas sem correr o risco de ser chamado de
mentiroso porque haverá farta
documentação. Mas se meu pai
me contasse que um dia tinha
visto um jogo como o do Recife
eu, com todo o respeito, admiraria a imaginação do velho.
Dois pênaltis perdidos, 7 atletas
contra 10 e ainda por cima fazer
um gol? Não, não existe. Como
não existem Galatto e Anderson, para sempre tricolores.
2005 tricolor
Paulista, Carioca, Copa do Brasil, Libertadores, Segundona:
São Paulo, Flu, Paulista, São
Paulo e Grêmio. Faltou o Brasileirão, mas o Mundial...
blogdojuca@uol.com.br
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