São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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TOSTÃO

Entregadinhas


As pessoas se acostumam com certas coisas e passam a achar tudo normal e permitido


FLUMINENSE, CORINTHIANS e Cruzeiro estão no mesmo nível técnico. O Fluminense, por ter mais pontos, tem mais chance.
Bastou Ronaldo dar dois excelentes passes contra o Vitória -em um saiu o gol- para exaltarem o jogador e diminuírem o time, como se o Corinthians fosse um timinho sem ele. Nos outros jogos, Ronaldo quase não pegou na bola.
Como ele foi um dos maiores atacantes da história, ainda é melhor do que a maioria para bater pênaltis e para colocar a bola no canto quando a recebe livre dentro da área. Romário também fazia isso com quase 40 anos.
Ouço muito que o Cruzeiro é o time que mais encanta. Isso na era de Adilson Batista. Em compensação, a equipe era mais irregular e mais frágil na defesa. O mesmo ocorreu com o Corinthians, dirigido por Adilson. Com Cuca, o Cruzeiro é mais pragmático e seguro. O time marcou 49 gols, dez a menos do que o Fluminense e 14 a menos do que o Corinthians. Por outro lado, sofreu 36 gols, um a mais do que o Fluminense, que tem a melhor defesa.
Contra o São Paulo, o Fluminense já jogava muito melhor quando estava 1 a 1, e o adversário tinha 11 jogadores. Com Deco um pouco mais recuado, participando da marcação, e Conca mais próximo dos dois atacantes, o Fluminense ficou mais bem distribuído.
Continuam as discussões sobre se existe ou não marmelada no futebol. Se há tanta corrupção no mundo, por que não há no esporte? Deve ser raro, mas, se for comprovado que um jogador recebeu dinheiro para perder, é caso de polícia.
Entre entregar ou não um jogo, há muitas outras possibilidades concretas e subliminares. A vida se passa muito mais nas entrelinhas, nas subjetividades, no que não é dito, no querer não querendo, do que no é isso ou aquilo.
Quando um dirigente coloca os reservas para não beneficiar o rival, jogadores não se preparam nem se empenham como deveriam para ganhar a partida, mesmo dizendo que vão jogar para vencer, seria uma entregadinha, como disse Roger, do Cruzeiro? Ou seria apenas, como afirma a maioria, diferença de motivação, do time que luta por um título e o outro não?
Em outras épocas, as pessoas sofriam por desejar algo proibido, mesmo se não fizessem nada. No atual mundo narcisista, sofrem se não fizerem tudo o que desejam.
As pessoas se acostumam com certas coisas e passam a achar que tudo é normal e permitido, e ainda justificam, ao dizerem que futebol é paixão. Para elas, entregadinha pode.


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