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Futebol na Espanha é front de nacionalistas
Regiões do país criam seleções próprias para jogos amistosos e geram polêmica
Atletas bascos vetam jogo por causa de nome do time; catalães fazem propaganda para promover uma partida que termina na Justiça
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O futebol é mais um "campo
de batalha" dos movimentos
nacionalistas na Espanha.
Depois das tradicionais seleções do País Basco e da Catalunha, outras regiões do país, como Andaluzia, Murcia, Canarias, Galícia e Extremadura
montaram times e convidaram
outros países para amistosos
-hoje, por exemplo, a Colômbia desafia o time catalão no
Camp Nou, em Barcelona.
Mas, em boa parte dos casos,
esses jogos festivos viraram tema para acaloradas disputas,
que vão do campo esportivo até
a política espanhola, passando
por uma guerra de propaganda
contra e a favor das regiões do
país que pedem mais autonomia ou até querem criar um Estado independente.
A mais grave do momento
ocorreu no País Basco, que cancelou o amistoso que sua seleção faria contra o Irã no último
dia 23. Isso por decisão dos próprios jogadores, incluindo todo
o elenco do Atlético de Bilbao, o
mais tradicional clube da região, a mais radical no separatismo do Estado espanhol.
Os atletas queriam jogar sob
a denominação Euskal Herria,
o que na língua local significa as
províncias do País Basco espanhol e também do lado francês
e de Navarra, outra região espanhola. Mas os próprios cartolas, pressionados por políticos
mais moderados na questão separatista, optaram por Euskadi, termo que só engloba as províncias bascas da Espanha, o
que gerou o fim do amistoso
contra os iranianos e um manifesto assinado pelos atletas.
"Não estamos dispostos a
voltar atrás. Queremos representar uma nação de sete territórios, 21 mil quilômetros quadrados, cujo nome hoje é Euskal Herria", escreveram os jogadores, que, segundo o governo central espanhol, foram usados pelos nacionalistas.
O governo espanhol, aliás, é
acusado pelos nacionalistas, ao
lado da federação de futebol, de
sabotarem os planos de as seleções regionais disputarem
competições oficiais -o que só
pode acontecer com Estados
independentes, segundo normas da Fifa, ou com autorização do país de que fazem parte.
"É impossível pensar numa
competição internacional,
num confronto entre uma seleção de uma região autônoma e
o resto da Espanha", já disse o
presidente do governo espanhol, José Luiz Zapatero.
Calendário
A tentativa de trocar os amistosos por campeonatos importantes já rendeu outra grande
polêmica no país europeu.
Uma propaganda catalã promoveu um amistoso da seleção
local com um filme publicitário
em que um menino com a camisa da equipe era impedido de
participar de um jogo por outro
com a camisa vermelha da Espanha. Junto, o slogan "uma
nação, uma seleção".
O Partido Popular, de oposição a Zapatero, conseguiu na
Justiça vetar a propaganda.
Mas, segundo os cartolas da
federação catalã, logo sua seleção terá mais espaço para jogar,
incluindo a promoção de torneio com a várias seleções.
Isso por um acordo que também já é motivo de polêmica.
Em troca de apoio dos clubes
e cartolas catalães (que quase
sempre antes fizeram oposição
a ele) para a sua última reeleição, Angel Villar, o presidente
da federação espanhola, prometeu deixar 3 das 15 datas no
calendário da Fifa para a temporada 2009/2010 para as seleções regionais jogarem em detrimento da seleção nacional.
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