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VÔLEI
Entidade decide acabar com exames de feminilidade em suas competições
Federação extingue "cartão rosa", mas veta transexuais
DA REPORTAGEM LOCAL
As jogadoras de vôlei não precisam mais apresentar o "cartão rosa" para entrar em quadra. A federação internacional decidiu
abolir os testes de feminilidade de
suas principais competições.
Mais do que uma questão médica, a decisão foi motivada pelo dinheiro que tem sido gasto nos
campeonatos internacionais.
"É um custo muito pesado para
os organizadores das competições. E, nos últimos dez anos, não
encontramos mais de um caso",
afirmou Rubén Acosta, presidente da FIVB, que está com seu Conselho Administrativo, reunido em
Acapulco, no México.
O único resultado positivo é o
da brasileira Érika, jogadora do
Osasco e da seleção de José Roberto Guimarães.
A atacante foi submetida ao
exame durante o Mundial juvenil,
em setembro de 1997, e teve detectado excesso de testosterona
(hormônio masculino).
A jogadora possuía uma má formação dos órgãos reprodutores e
teve de ser submetida a uma cirurgia e a tratamento hormonal.
Ela só conseguiu ser liberada
para atuar pela seleção em 1998,
um ano após ser suspensa.
Para pode defender a equipe
adulta no Mundial do Japão, a
atleta teve de viajar a Lyon (França) para entregar o resultado dos
testes que havia feito no Brasil e
fazer um último exame em laboratório licenciado pela federação
internacional de vôlei.
Na época, Acosta foi duro: obrigou o Brasil a tirar Érika do Mundial juvenil, sem tempo para qualquer defesa, sob a ameaça de a
equipe ser eliminada do torneio.
Hoje, minimiza o caso: "O médico comprovou que não era assunto de masculinidade. Ela tinha
certas condições que a faziam
apresentar mais hormônios masculinos, mas foi tratada e seguiu
jogando vôlei normalmente".
O drama vivido por Érika na seleção juvenil, no entanto, ainda
pode ser repetido por outras atletas. A federação internacional pode manter os testes para obtenção
do "cartão rosa" em suas competições de base. A decisão terá de
ser ratificada pelo Conselho da
FIVB, que se reunirá em maio.
Ao anunciar o fim dos exames
de feminilidade, o presidente da
FIVB alertou que a entidade não
seguirá outra medida encampada
pelo COI: abrir as portas das competições para os transexuais.
O anúncio foi feito em novembro do ano passado. Segundo o
comitê, novas regras estão sendo
estudadas para permitir que atletas que mudaram de sexo possam
competir após serem submetidos
a uma série de exames.
"Apesar de estarem insistindo
muito em nome dos direitos humanos e da liberdade individual,
não acredito que devemos permitir [a presença de transexuais em
torneios de vôlei]", declarou
Acosta. "Existem direitos humanos que já são abusos humanos."
Com agências internacionais
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