São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

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Pelo Pan, carioca abre sua casa

Renda extra e contato cultural são motivações de quem se dispõe a acolher visitantes estrangeiros

Programa de hospedagem domiciliar, apoiado pela Prefeitura do Rio, já recebeu mais de 500 inscrições nos últimos seis meses

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Um modelo de turismo basicamente desconhecido na cidade está sendo descoberto pelos cariocas, que aproveitam a fama de hospitaleiros para aumentar o orçamento familiar.
Incentivados por um programa da Prefeitura do Rio, com vistas para o Pan, 500 famílias já se cadastraram com a intenção de abrir as portas de casa para receber estrangeiros.
O programa Hospedagem Domiciliar, apesar de apoiado pelo governo, é mantido por agências particulares. Segundo o secretário de Turismo da cidade, Rubem Medina, a idéia surgiu da necessidade de abrir vagas para os turistas, já que a expectativa é que a rede hoteleira não seja suficiente para abrigar o turismo gerado com o Pan, a partir do início de julho.
"Nos picos de demanda, como Carnaval e Réveillon, a ocupação dos hotéis é de 100%. Imaginamos que vai acontecer o mesmo no Pan. Apoiamos a idéia porque a hospedagem é boa para as duas partes: para quem oferece sua residência, porque pode conviver com o turista e ter receita extra, e para quem vem, pelo conforto e convívio com a cultura do país."
O apoio da prefeitura passa também pela formação das agências e dos candidatos a receber os turistas. Além disso, elas já estão começando a receber visitantes, para que até o Pan se tornem anfitriões experientes. "A preocupação é que haja uma qualificação mínima", disse Medina.
Os bairros inscritos na pesquisa vão desde os "tradicionalmente turísticos", como Copacabana, Ipanema e Leblon, até aqueles localizados próximo aos locais de competições, como Marechal Hermes, Realengo (próximo à Vila Militar) e Engenho de Dentro.
De acordo com a ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), a taxa de ocupação para o Pan-Americano já está em 54%. A média história para junho e julho é de 55%.

Agências
Existem padrões de qualidade já definidos que o anfitrião pode adotar. Na Bed & Breakfast Brasil, uma das agências associadas ao programa, há uma "Carta de Hospitalidade", que determina desde o tamanho do quarto (no mínimo 10 metros quadrados) até a forma de agir do anfitrião, segundo o diretor da rede, André Carneiro.
"Conforto, higiene e hospitalidade são os pontos principais. Mas não pode ter preconceito. Se vou entrevistar uma pessoa que quer alugar o quarto de sua casa e ela diz que não recebe gente de uma cor tal, já é eliminada na hora. Já tivemos isso", lembrou Carneiro.
O que a agência passa, nas primeiras entrevistas com o candidatos a anfitriões, é a possibilidade de troca de culturas. "O que acontece muito é que o café da manhã se torna o momento da integração. A rede exige excelência na hospitalidade, mas claro que o hóspede tem que ter limites", explica.
As consultas para o Pan, apesar de ainda faltar quase seis meses para os Jogos, já começaram. "Um grupo de velejadores está procurando hospedagem na Urca porque fica perto da Marina", disse Carneiro.
Além de atletas, turistas também já começaram a entrar em contato com as agências. Um grupo de argentinos procurou outra rede, a Favela Receptiva, que hospeda turistas em duas comunidades de São Conrado, segundo a idealizadora da agência, Eneida Santos, 35.
A propaganda não é preocupação para ela. "A gente confia no boca-a-boca porque quem vem e gosta acaba dando a dica para os amigos depois. Pelo menos tem sido assim com a gente", completou Eneida, confiante no serviço que oferece.


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