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Pelo Pan, carioca abre sua casa
Renda extra e contato cultural são motivações de quem se dispõe a acolher visitantes estrangeiros
Programa de hospedagem domiciliar, apoiado pela Prefeitura do Rio, já recebeu mais de 500 inscrições
nos últimos seis meses
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Um modelo de turismo basicamente desconhecido na cidade está sendo descoberto pelos
cariocas, que aproveitam a fama de hospitaleiros para aumentar o orçamento familiar.
Incentivados por um programa da Prefeitura do Rio, com
vistas para o Pan, 500 famílias
já se cadastraram com a intenção de abrir as portas de casa
para receber estrangeiros.
O programa Hospedagem
Domiciliar, apesar de apoiado
pelo governo, é mantido por
agências particulares. Segundo
o secretário de Turismo da cidade, Rubem Medina, a idéia
surgiu da necessidade de abrir
vagas para os turistas, já que a
expectativa é que a rede hoteleira não seja suficiente para
abrigar o turismo gerado com o
Pan, a partir do início de julho.
"Nos picos de demanda, como Carnaval e Réveillon, a ocupação dos hotéis é de 100%.
Imaginamos que vai acontecer
o mesmo no Pan. Apoiamos a
idéia porque a hospedagem é
boa para as duas partes: para
quem oferece sua residência,
porque pode conviver com o turista e ter receita extra, e para
quem vem, pelo conforto e convívio com a cultura do país."
O apoio da prefeitura passa
também pela formação das
agências e dos candidatos a receber os turistas. Além disso,
elas já estão começando a receber visitantes, para que até o
Pan se tornem anfitriões experientes. "A preocupação é que
haja uma qualificação mínima", disse Medina.
Os bairros inscritos na pesquisa vão desde os "tradicionalmente turísticos", como Copacabana, Ipanema e Leblon, até
aqueles localizados próximo
aos locais de competições, como Marechal Hermes, Realengo (próximo à Vila Militar) e
Engenho de Dentro.
De acordo com a ABIH (Associação Brasileira da Indústria
de Hotéis), a taxa de ocupação
para o Pan-Americano já está
em 54%. A média história para
junho e julho é de 55%.
Agências
Existem padrões de qualidade já definidos que o anfitrião
pode adotar. Na Bed & Breakfast Brasil, uma das agências associadas ao programa, há uma
"Carta de Hospitalidade", que
determina desde o tamanho do
quarto (no mínimo 10 metros
quadrados) até a forma de agir
do anfitrião, segundo o diretor
da rede, André Carneiro.
"Conforto, higiene e hospitalidade são os pontos principais.
Mas não pode ter preconceito.
Se vou entrevistar uma pessoa
que quer alugar o quarto de sua
casa e ela diz que não recebe
gente de uma cor tal, já é eliminada na hora. Já tivemos isso",
lembrou Carneiro.
O que a agência passa, nas
primeiras entrevistas com o
candidatos a anfitriões, é a possibilidade de troca de culturas.
"O que acontece muito é que o
café da manhã se torna o momento da integração. A rede
exige excelência na hospitalidade, mas claro que o hóspede
tem que ter limites", explica.
As consultas para o Pan, apesar de ainda faltar quase seis
meses para os Jogos, já começaram. "Um grupo de velejadores está procurando hospedagem na Urca porque fica perto
da Marina", disse Carneiro.
Além de atletas, turistas também já começaram a entrar em
contato com as agências. Um
grupo de argentinos procurou
outra rede, a Favela Receptiva,
que hospeda turistas em duas
comunidades de São Conrado,
segundo a idealizadora da
agência, Eneida Santos, 35.
A propaganda não é preocupação para ela. "A gente confia
no boca-a-boca porque quem
vem e gosta acaba dando a dica
para os amigos depois. Pelo menos tem sido assim com a gente", completou Eneida, confiante no serviço que oferece.
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