RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua primeira calmaria no Paulista-04, o Corinthians passará a ser capitaneado por seu jogador mais esquentado. Contra a Ponte Preta, às 16h, Rincón ostentará a braçadeira pela primeira vez desde que Oswaldo de Oliveira o escolheu para a função.
Na sua volta efetiva ao posto de capitão, que ocupava em 2000, quando deixou o clube, o colombiano demonstra estar com o pavio mais curto do que antes.
Desde janeiro, já discutiu em campo com companheiros, quase saiu no braço com um adversário e levou três cartões amarelos em apenas quatro partidas.
"Tomei dois cartões por reclamação. Isso aconteceu porque eu não estava mais acostumado a falar com os juízes e perdi o jeito. Mas, com o tempo, vou voltar ao normal", disse o volante, que ficou parado por dois anos.
Em sua passagem anterior pelo clube, Rincón tornou célebres os seus acertos de contas com companheiros, mas sempre nos vestiários. Os atacantes Edílson, Marcelinho e Mirandinha são alguns dos envolvidos nas brigas.
Agora, em menos de dois meses, ele já bateu boca em público com o atacante Régis, que não gostou de ser repreendido pelo volante no empate com o Barbarense, e com o lateral Moreno, num treino na semana passada.
"Não estou mais nervoso. É que a situação de incerteza do time [que chegou a ser lanterna do Grupo 1] faz com que eu cobre mais dos companheiros."
O colombiano também não tem deixado pendências para resolver com seus desafetos.
Após a derrota para a Portuguesa, chegou a ir até o ônibus do adversário para tirar satisfações com Luciano Souza. Os dois discutiram em campo. Rincón foi atrás do rival após saber de críticas feitas por ele em entrevistas.
"Aprendi que no Brasil as pessoas podem tirar proveito da situação se você deixar para resolver os problemas depois."
Segundo o técnico corintiano, o temperamento de Rincón não interfere em sua missão de comandar o time em campo. "Independente do jeito dele, o Rincón é o homem que tem a minha confiança", afirmou Oliveira.
Substituto do demitido Juninho, ele decidiu trocar Rogério por Rincón como capitão. Porém o colombiano ainda estava suspenso na vitória por 3 a 2 sobre o Juventus, na última quinta-feira, na estréia do técnico. Como Rogério também não jogou, Fábio Costa ficou com a braçadeira.
Rincón havia sido o capitão contra o São Paulo, já que o lateral estava machucado.
Oliveira acredita que o colombiano comandará jogadores mais aliviados após o último triunfo, que fez a equipe terminar a rodada anterior na quarta posição e enfim deu paz ao time.
Os quatro primeiros de cada grupo passam para a segunda fase. Antes do triunfo, os corintianos estavam em penúltimo, bem perto na zona de rebaixamento -o último de cada chave cai.
Rincón assegura que a mudança de ânimo não o fará deixar de cobrar os colegas em campo.
"Mas quem me vê gritando com eles não sabe que não sou assim o tempo inteiro. Antes do trabalho, brinco e dou risadas com todos."
Segundo os amigos, o colombiano é mais descontraído enquanto assiste novelas. Ele não viaja sem levar revistas especializadas no assunto. ""Ver novela é uma das melhores coisas que temos para fazer na concentração."