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Confederação de judô paga viagem de cartolas ao país
Encontro da federação internacional à revelia de entidade continental ameaçava tirar Brasil do tatame na Olimpíada
E-mails comprovam que confederação nacional fez contato com dirigentes, a fim de viabilizar presenças em evento no Rio de Janeiro
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em encontro marcado com
jornalistas nesta manhã para
falar sobre a reunião de dirigentes do judô pan-americano
no Rio, o presidente da confederação brasileira, Paulo Wanderley, deverá também tratar
de quem bancou as viagens dos
presidentes de federações.
Desde que a reunião foi revelada pela Folha na segunda-feira, o comandante do judô brasileiro insistia que a viagem dos
cartolas para o encontro de ontem e hoje não tem custo para a
entidade -versão repetida a
seus colaboradores. Mas troca
de e-mails a que a reportagem
teve acesso revela o contrário.
Em mensagem pela qual
convidou um presidente de federação, Ingrid Camara, uma
funcionária da CBJ , afirma
que mandará a passagem aérea
para ele assim que receber algumas informações.
Além de pedir o envio ao fax
da entidade de dados como número do passaporte, uma das
demandas é que o viajante seja
membro da federação nacional
de seu país e que venha com
uma procuração para representar legalmente a entidade.
No convite, a reunião não é
citada como "encontro particular", como definiu o presidente
da CBJ ao longo da semana.
Mas como "Reunião da Federação Internacional de Judô".
Em outra série de mensagens recebidas pela reportagem, o presidente da federação
uruguaia, Ignacio Aloise, trata
com outro presidente de federação do assunto. Depois de receber uma pergunta do convidado sobre a possibilidade de
ajuda de custo, "uma vez que
nossa entidade tem orçamento
raquítico para isso", ele tranqüiliza o cartola. Informa que
Paulo Wanderley fará contato
para enviar a passagem e que a
estadia será coberta pela Federação Internacional de Judô.
Um bilhete eletrônico também teve cópia enviada à reportagem. Para acessá-lo, o
contemplado com a viagem clicava num link remetido na segunda-feira. "Seguem as informações sobre sua passagem aérea para o Rio de Janeiro. Atenciosamente, Paulo Wanderley"
é o texto da mensagem.
Antes de o encontro, no hotel
Copacabana Palace, ser revelado, com a ameaça de desfiliação
do Brasil da União Pan-Americana de Judô, a CBJ não havia
se manifestado sobre o assunto, uma vez que não pretendia
dar publicidade à reunião.
Mesmo após ser amplamente comentado na mídia (inclusive após o anúncio do apoio da
federação internacional, com a
presença de Marius Vizer, seu
presidente), o evento continuou sem merecer uma linha
no site oficial da confederação.
O caso veio a público graças a
uma carta de advertência da
UPJ contra a entidade nacional. No texto, Jaime Casanova
Martinez, presidente da união
continental, ameaça o Brasil de
desfiliação e acusa o país de orquestrar "um golpe de Estado"
contra sua entidade.
Anteontem, o dominicano
descartou o risco de os brasileiros não competirem em Pequim -o que poderia decorrer
da desfiliação, já que a UPJ é
quem indica as vagas para a
Olimpíada e a filiação à entidade continental é condição para
o país ser membro da FIJ.
Mas criticou a forma como a
CBJ conduziu o episódio. Casanova foi procurado para comentar as mensagens recebidas ontem pela Folha, mas não
respondeu a e-mails enviados.
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