São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Rejeitado por clubes, Engenhão será privatizado depois do Pan

"Isto não pode virar um cabide de emprego", diz secretário de Obras do Rio

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Após gastar R$ 380 milhões para erguer o Estádio Olímpico João Havelange, a Prefeitura do Rio vai repassar para a iniciativa privada a principal arena esportiva do Pan-2007. A licitação municipal para a concessão do estádio será lançada no segundo semestre, logo após o término do evento, em julho.
O anúncio foi feito ontem à tarde pelo secretário municipal de Obras, Eider Dantas, responsável pela construção.
""Não podemos transformar isto aqui no que é o Maracanã hoje, um cabide de emprego e de roubo. Ele é o maior exemplo de que o Estado não deve se meter nesse tipo de administração"", disse Dantas. O principal estádio da cidade é gerenciado pelo governo estadual.
De acordo com o secretário, a prefeitura pretende ceder o João Havelange por cerca de 30 anos ao vencedor da licitação. Na negociação, o município receberia uma ""luva" e uma verba mensal da empresa que gerenciaria o estádio, localizado no Engenho de Dentro.
Dantas declarou que optou pela licitação depois de os clubes do Rio não terem se interessado em administrar o local.
""Chegamos a nos ajoelhar para eles pegarem, mas nenhum aceitou", disse Dantas.
Apesar do alto investimento da prefeitura na obra, ele admitiu que é ""impossível" o município ter o retorno na licitação.
""Mas não é mau negócio. Vamos deixar de ter a despesa para sustentá-lo, que será de cerca de R$ 250 mil mensais."
O Engenhão, como é chamado o estádio, receberá provas de atletismo e partidas de futebol no Pan-Americano. Será o mais moderno do país, com cerca de 50 lojas e 92 camarotes.
Sua construção é cercada de polêmica. A arena, que gerou custo milionário à prefeitura, já deveria estar pronta. Em 2003, quando foi lançada, a obra foi orçada em R$ 60 milhões, conforme publicado no "Diário Oficial" do município.
Segundo Dantas, o estádio estará pronto no final de maio.
No início do mês, cerca de 200 operários fecharam uma rua vizinha ao estádio para protestar contra as condições precárias de trabalho na obra.
Reclamaram da má qualidade da comida, da constante falta de água e de focos de dengue espalhados pelos canteiros. Também reivindicavam um aumento salarial de cerca de 15%, obtido após a manifestação.
Ontem, cerca de 2.000 homens trabalhavam no local.


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