São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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entrevista

Antecessor, Robinho faz rota inversa

ANTONIO TORRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

Desde meados de 2005 longe da Vila Belmiro, onde reinava absoluto, Robinho é hoje, no Real Madrid, um bom jogador que não consegue emplacar.
Fez o caminho inverso ao de Zé Roberto, seu sucessor como ídolo santista e que, bom jogador na Alemanha, hoje reina absoluto no meio do Santos.
Também como seu "herdeiro" na Vila, Robinho tem como principal restrição ao Brasil a falta de segurança e a violência.
Em 2004, sua mãe, Marina, ficou 41 dias seqüestrada, um dos motivos que o fizeram sair do país. Hoje, adaptado à vida na Europa, diz ter vontade de voltar. "Aqui somos estrangeiros e estamos de passagem. Tenho vontade de voltar, mas com a violência é complicado."

 

FOLHA - Hoje na Espanha, como você vê o Brasil?
ROBINHO -
As notícias que vêm são as piores possíveis. Fico chateado. Penso em voltar ao Brasil daqui a alguns anos, mas quando ouço estas notícias fico um pouco triste. Violência, seqüestro... A desigualdade é muito grande.

FOLHA - Pensa em voltar?
ROBINHO -
Eu quero muito voltar até porque aqui somos estrangeiros e estamos de passagem. No Brasil é diferente, todo mundo gostava de mim. Eu sentia uma energia muito positiva antes de entrar em campo. O torcedor gritava o meu nome, mas com essa violência é complicado... Prefiro o Brasil para morar, mas a Europa tem coisas primordiais: emprego e segurança.

FOLHA - Está com a mentalidade européia?
ROBINHO -
Acho que não. Apenas alguns hábitos, como jantar fora à noite. De resto, fico mais em casa mesmo. Lá, saia com meus amigos para jogar pelada.

FOLHA - É mais difícil do que pensava jogar no Real Madrid?
ROBINHO -
Sabia que não seria fácil. A adaptação fora de campo foi legal, aqui há muitos brasileiros e Madri como cidade é ótima. Em campo, se o time está mal, como no começo, a cobrança é para todos.

FOLHA - O que você sente quando fica no banco?
ROBINHO -
Não gosto de ficar no banco, dou o máximo e luto para ser titular. Vou mostrar aqui o futebol que mostrei no Santos.

FOLHA - Faz tanta pedalada aqui quanto no Brasil?
ROBINHO -
Dá para fazer. É normal que as pessoas fiquem bravas no começo, até verem que é meu jeito de jogar. Não vou mudar.

FOLHA - E o Santos?
ROBINHO -
É o melhor time do Brasil. O Zé Roberto vive um grande momento e é o melhor jogador de lá.


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