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entrevista
Antecessor, Robinho faz rota inversa
ANTONIO TORRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI
Desde meados de 2005
longe da Vila Belmiro, onde reinava absoluto, Robinho é hoje, no Real Madrid, um bom jogador que
não consegue emplacar.
Fez o caminho inverso
ao de Zé Roberto, seu sucessor como ídolo santista
e que, bom jogador na Alemanha, hoje reina absoluto no meio do Santos.
Também como seu
"herdeiro" na Vila, Robinho tem como principal
restrição ao Brasil a falta
de segurança e a violência.
Em 2004, sua mãe, Marina, ficou 41 dias seqüestrada, um dos motivos que
o fizeram sair do país.
Hoje, adaptado à vida na
Europa, diz ter vontade de
voltar. "Aqui somos estrangeiros e estamos de
passagem. Tenho vontade
de voltar, mas com a violência é complicado."
FOLHA - Hoje na Espanha, como você vê o Brasil?
ROBINHO - As notícias que
vêm são as piores possíveis. Fico chateado. Penso
em voltar ao Brasil daqui a
alguns anos, mas quando
ouço estas notícias fico um
pouco triste. Violência, seqüestro... A desigualdade é
muito grande.
FOLHA - Pensa em voltar?
ROBINHO - Eu quero muito
voltar até porque aqui somos estrangeiros e estamos de passagem. No Brasil é diferente, todo mundo gostava de mim. Eu
sentia uma energia muito
positiva antes de entrar
em campo. O torcedor gritava o meu nome, mas
com essa violência é complicado... Prefiro o Brasil
para morar, mas a Europa
tem coisas primordiais:
emprego e segurança.
FOLHA - Está com a mentalidade européia?
ROBINHO - Acho que não.
Apenas alguns hábitos, como jantar fora à noite. De
resto, fico mais em casa
mesmo. Lá, saia com meus
amigos para jogar pelada.
FOLHA - É mais difícil do que
pensava jogar no Real Madrid?
ROBINHO - Sabia que não
seria fácil. A adaptação fora de campo foi legal, aqui
há muitos brasileiros e
Madri como cidade é ótima. Em campo, se o time
está mal, como no começo,
a cobrança é para todos.
FOLHA - O que você sente
quando fica no banco?
ROBINHO - Não gosto de ficar no banco, dou o máximo e luto para ser titular.
Vou mostrar aqui o futebol que mostrei no Santos.
FOLHA - Faz tanta pedalada
aqui quanto no Brasil?
ROBINHO - Dá para fazer. É
normal que as pessoas fiquem bravas no começo,
até verem que é meu jeito
de jogar. Não vou mudar.
FOLHA - E o Santos?
ROBINHO - É o melhor time do Brasil. O Zé Roberto
vive um grande momento
e é o melhor jogador de lá.
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