São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Temor de apagão volta a preocupar África do Sul

Falha técnica deixa principal sede da Copa-2010 sem luz

FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO

A pouco mais de 40 dias do início da Copa do Mundo, o fantasma dos apagões voltou a rondar Johannesburgo, principal palco da competição.
Um problema técnico numa linha de transmissão deixou partes do centro da cidade e do bairro do Soweto sem luz durante boa parte do dia de anteontem, feriado no país. Em alguns pontos, o problema perdurou até a manhã de ontem.
No centro de Johannesburgo está o estádio Ellis Park, onde o Brasil estreia contra a Coreia do Norte, no dia 15 de junho.
No Soweto fica o Soccer City, onde serão jogadas a abertura e a final da Copa sul-africana. Lá, a seleção de Dunga disputará sua segunda partida, contra a Costa do Marfim.
Um porta-voz da companhia de eletricidade da cidade, principal centro econômico da África do Sul, procurou minimizar o problema, dizendo que era resultado de um evento inesperado e não de falta de capacidade de geração de energia.
"Nossas estatísticas mostram que o número de apagões é menor comparado ao de seis anos atrás. Isso ocorreu porque houve um investimento de 6 bilhões de rands [cerca de R$ 1,5 bilhão] na ampliação e reforma do sistema", disse o porta-voz da empresa, Louis Pieterse.
O risco de apagões é uma das maiores ameaças ao sucesso da Copa. Os estádios usados no evento terão geradores, mas trânsito, hotéis e restaurantes seriam prejudicados.
Ontem, ainda havia vários semáforos no centro da cidade com as luzes apagadas, o que atravancava o já difícil trânsito de Johannesburgo.
O problema do suprimento de energia elétrica na África do Sul é crônico. Nos primeiros anos da década, o rápido crescimento da economia não foi acompanhado de investimento em infraestrutura energética.
Há dois anos, lojas em shopping centers chegavam a atrair consumidores anunciando em suas vitrines que tinham geradores e que por isso estavam isentas de qualquer problema.
Desde 2008, com a forte desaceleração da economia, causada pela crise mundial, os apagões diminuíram consideravelmente, mas ainda ocorrem.
A rede elétrica do país é antiga e tem passado por longos períodos sem manutenção.
Outro problema é o roubo de cabos de transmissão, responsável pela maioria dos problemas com semáforos.
As autoridades insistem, no entanto, que a manutenção é feita de maneira adequada. "Nós fazemos os ajustes necessários de acordo com padrões internacionais. Esses apagões não têm nada a ver com a capacidade do sistema. As pessoas não têm nada com o que se preocupar", declarou Pieterse.
Um esquema de emergência para qualquer eventualidade também está previsto pelo setor, cortando parte do suprimento de energia da África do Sul para os países vizinhos, se isso for necessário.
Durante a Copa, está previsto um aumento de até 1% na demanda por energia, em razão da chegada de visitantes estrangeiros e do inverno rigoroso que se anuncia. Isso já seria o suficiente para colocar dúvidas sobre a confiabilidade do sistema. O uso de aquecimento central em hotéis e residências deve atingir níveis recordes.


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