|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Temor de apagão volta a preocupar África do Sul
Falha técnica deixa principal sede da Copa-2010 sem luz
FÁBIO ZANINI
DE JOHANNESBURGO
A pouco mais de 40 dias do
início da Copa do Mundo, o fantasma dos apagões voltou a
rondar Johannesburgo, principal palco da competição.
Um problema técnico numa
linha de transmissão deixou
partes do centro da cidade e do
bairro do Soweto sem luz durante boa parte do dia de anteontem, feriado no país. Em
alguns pontos, o problema perdurou até a manhã de ontem.
No centro de Johannesburgo
está o estádio Ellis Park, onde o
Brasil estreia contra a Coreia
do Norte, no dia 15 de junho.
No Soweto fica o Soccer City,
onde serão jogadas a abertura e
a final da Copa sul-africana. Lá,
a seleção de Dunga disputará
sua segunda partida, contra a
Costa do Marfim.
Um porta-voz da companhia
de eletricidade da cidade, principal centro econômico da África do Sul, procurou minimizar
o problema, dizendo que era resultado de um evento inesperado e não de falta de capacidade
de geração de energia.
"Nossas estatísticas mostram que o número de apagões
é menor comparado ao de seis
anos atrás. Isso ocorreu porque
houve um investimento de 6 bilhões de rands [cerca de R$ 1,5
bilhão] na ampliação e reforma
do sistema", disse o porta-voz
da empresa, Louis Pieterse.
O risco de apagões é uma das
maiores ameaças ao sucesso da
Copa. Os estádios usados no
evento terão geradores, mas
trânsito, hotéis e restaurantes
seriam prejudicados.
Ontem, ainda havia vários semáforos no centro da cidade
com as luzes apagadas, o que
atravancava o já difícil trânsito
de Johannesburgo.
O problema do suprimento
de energia elétrica na África do
Sul é crônico. Nos primeiros
anos da década, o rápido crescimento da economia não foi
acompanhado de investimento
em infraestrutura energética.
Há dois anos, lojas em shopping centers chegavam a atrair
consumidores anunciando em
suas vitrines que tinham geradores e que por isso estavam
isentas de qualquer problema.
Desde 2008, com a forte desaceleração da economia, causada pela crise mundial, os apagões diminuíram consideravelmente, mas ainda ocorrem.
A rede elétrica do país é antiga e tem passado por longos períodos sem manutenção.
Outro problema é o roubo de
cabos de transmissão, responsável pela maioria dos problemas com semáforos.
As autoridades insistem, no
entanto, que a manutenção é
feita de maneira adequada.
"Nós fazemos os ajustes necessários de acordo com padrões
internacionais. Esses apagões
não têm nada a ver com a capacidade do sistema. As pessoas
não têm nada com o que se
preocupar", declarou Pieterse.
Um esquema de emergência
para qualquer eventualidade
também está previsto pelo setor, cortando parte do suprimento de energia da África do
Sul para os países vizinhos, se
isso for necessário.
Durante a Copa, está previsto
um aumento de até 1% na demanda por energia, em razão
da chegada de visitantes estrangeiros e do inverno rigoroso que se anuncia. Isso já seria o
suficiente para colocar dúvidas
sobre a confiabilidade do sistema. O uso de aquecimento central em hotéis e residências deve atingir níveis recordes.
Texto Anterior: Calendário: Ministro pressionará governantes por rapidez nas obras Próximo Texto: Ausência: Mandela não deve ir à abertura Índice
|