São Paulo, sábado, 29 de maio de 2004

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Gil quebra silêncio, ataca médicos e detona nova crise no Corinthians

DA REPORTAGEM LOCAL

Sem marcar gols há 202 dias, o atacante Gil entrou ontem em atrito com os médicos e a diretoria do Corinthians. O jogador disse que atuou com dores neste ano e classificou como meia-boca o tratamento feito no clube para curar uma lesão no púbis.
Ele também se queixou que estria sendo chamado, no Parque São Jorge, de "baladeiro". E reclamou dos dirigentes.
"Existe um boato dentro do clube. Dizem que não estou bem porque estou na balada. Nenhum diretor veio falar comigo sobre isso nem me defendeu", disse ele.
Gil marcou um gol pela última vez em novembro do ano passado e afirma que seu rendimento foi prejudicado por causa de constantes dores no púbis. Segundo ele, não foi respeitado um acordo com o ex-diretor técnico Rivellino, que teria assegurado, em fevereiro, que ele só voltaria a jogar depois que as dores acabassem.
"Fiquei oito dias parado, mas aí o Oswaldo de Oliveira chegou e me colocou para jogar contra o Juventus. Falei que eu não tinha condições, mas tive de jogar."
Segundo o atacante, ele avisou aos médicos que não estava recuperado, mas foi forçado a atuar porque, na ocasião, a equipe perdeu, por contusões mais sérias, outros dois jogadores da posição (Rafael Silva e Marcelo Ramos).
"Recebi dos médicos um recado para voltar a treinar e jogar. Sou funcionário e cumpro ordens aqui no clube", declarou Gil.
O médico Paulo de Faria nega que o atleta tenha atuado com dores. "Ele fez tratamento e não falou sobre dores, não tinha limitação em seus movimentos, por isso foi liberado para jogar", declarou.
Sobre o fato de o atleta ter classificado o tratamento de meia-boca, Faria afirmou ter sido uma colocação "inadequada".
O desabafo de Gil aconteceu após um conselho de seu procurador, o ex-goleiro Gilmar Rinaldi. Segundo ele, os torcedores precisavam saber sobre as dificuldades que o jogador enfrentou.
O jogador disse que ainda sente dores, mas só após os jogos.
A revelação de Gil se transformou na primeira crise a ser administrada pelo técnico Tite.
O novo treinador não quis se envolver na polêmica. Durante o treino, o penúltimo antes do jogo contra o São Paulo, amanhã, conversou várias vezes com Gil.
O jogador afirmou que após o trabalho conversaria com o diretor de futebol do clube, Paulo Angioni. "Vou dizer que não admito mais comentários maldosos."
Angioni e o vice de futebol, Antonio Roque Citadini, não atenderam aos telefonemas da Folha.
Ontem, o STJD decidiu que irá julgar o Corinthians por causa da invasão de seus torcedores ao gramado do Pacaembu na goleada para o Atlético-PR. O clube pode perder até três mandos de jogos.


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