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MOTOR
Blefe
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Muitos acreditam que uma
F-1 sem Schumacher resolveria a parada. Tomando como
exemplo o ocorrido no domingo,
arrisco escrever o contrário. Boa
parte do mundo vibrou com a
imagem do alemão deixando o
túnel aos pedaços. E vibrou ainda
mais quando o replay mostrou o
patético motivo do abandono, a
desastrada manobra de aquecimento de freios, em português
claro, um erro -só para desdizer
a última coluna, desgraçado.
Em termos esportivos, no entanto, seria mais interessante que
Schumacher continuasse na corrida. Líder com um pit a menos,
não iria ganhar. Talvez nem alcançasse o pódio. O desempenho
pífio da Ferrari, após séculos de
dominação, ficaria estampado
não no rosto de Barrichello, mas
no do hexacampeão mundial.
Temos a impressão de que o
campeonato seria melhor sem
aquela Ferrari na frente porque a
ação, quando existe, encontra-se
lá pelo segundo pelotão. Mas, melhor do que só ter ação, é ter todo
mundo na briga, inclusive o líder.
Uma prova de que a coisa pode
ser ainda pior está do outro lado
do Atlântico. Amanhã, em Indianápolis, mais uma edição das 500
Milhas acontece sem um grande
ídolo na pista. Por mais que nos
orgulhemos dos últimos três títulos, o que acontece atualmente na
maior corrida do mundo está
aquém da história do superoval.
Não faltam apenas nomes de
peso. Até pangaré virou artigo de
luxo. O grid de 33 carros foi disputado por 33 carros, sete destes arranjados de última hora, alguns
deles com as médias de classificação mais baixas desde 1997. Algo
parecido aconteceu na última
edição. Nos bons tempos, conseguir entrar no grid de Indianápolis já era meia vitória. E ser expulso do mesmo grid por pilotos mais
rápidos algo não tão incomum. A
verdade é que o Pole Day, o Bump
Day e todo aquele estranho ritual
que sempre cercou a véspera da
prova soam ridículos sem que haja um mínimo de concorrência.
Algum fã mais ardoroso da corrida poderá classificar tudo isso
como exagero. O público americano responde pelo colunista. A
rede ABC, que tradicionalmente
transmite as 500 para os EUA em
TV aberta, viu uma audiência de
14,1 milhões em 1992 encolher para 6,7 milhões no ano passado.
Recentemente, alguns executivos da emissora sugeriram até
transferir a corrida para o horário nobre, ou seja, à noite. Mas,
como escreveu um analista do NY
Times, seria mais ou menos como
adiar o Natal em uma semana. E,
claro, não resolveria o problema.
Tony George, como todos no esporte, está sendo afetado por uma
crise de patrocínio mundial sem
precedentes, a mesma que afeta a
F-1 e as séries de monopostos por
aqui. Seria tentador afirmar que
a falha está na fórmula, no modelo comum a essas categorias. Mas
isso ainda não é uma verdade.
O herdeiro de Indianápolis paga o preço de ter dividido o mercado em uma disputa de poder
com a Cart que acabou mandando recursos, pilotos e principalmente público para a Nascar, para o exterior e para o nada.
Nesse pôquer, apostou nada
menos que as 500. Ganhou uma
mão, mas está perdendo o jogo.
Nurburgring
Ao contrário da última semana, quando era possível bancar a chance
de a Ferrari naufragar, na Alemanha a matemática é bem mais complicada, sem falar que a McLaren resolveu lançar mão de algo que parece um treino-show -aquele sem resultado prático na corrida. Se
Schumacher falhar de novo, prepare-se, outro Mundial começará.
Negativa
A Toyota negou a possibilidade de Ricardo Zonta assumir o carro de
um dos titulares em Hockenheim. De fato, o problema ali é outro.
Renault
Certos fatos explicam o estado atual da F-1. A última "Autosport" revela que Trulli, apesar de tanto esforço, não está garantido em 2005.
E-mail -
mariante@uol.com.br
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